Vento extremamente intenso castigou diversos estados do Oeste e do Centro-Norte dos Estados Unidos na quarta-feira (17), deixando ao menos uma morte, duas crianças gravemente feridas e um rastro de destruição que derrubou árvores, comprometeu a infraestrutura e ampliou os impactos de enchentes históricas no Noroeste do país.

TWIN FALLS COUNTY SHERIFF’S OFFICE
As rajadas ultrapassaram os 160 km/h em quase duas dezenas de registros oficiais ocorridos em ao menos dez estados, como Dakota do Sul, Colorado, Oregon, Idaho, Montana e Washington, segundo autoridades locais e agências meteorológicas.
Rajadas de vento impressionantes varreram o Noroeste dos Estados Unidos nas últimas 24 horas. Coldwater Ridge, em Washington, liderou com 228 km/h, seguida pelo Monte Hood, no Oregon, com 222 km/h. Em Pigtail Peak, também em Washington, o vento alcançou 183 km/h, enquanto Pullman registrou 164 km/h e Alder Ridge chegou a 159 km/h.
No começo da manhã desta quinta-feira, mais de 300 mil residências e estabelecimentos comerciais continuavam sem energia, e equipes enfrentavam dificuldades para restabelecer o serviço devido à queda de postes, fios e milhares de árvores sobre as redes elétricas.
O episódio de vento extremo aconteceu logo após outra tempestade úmida que atravessou o Pacífico Noroeste, agravando uma situação de calamidade já existente em regiões duramente afetadas por uma sequência de rios atmosféricos, enchentes recordes e evacuações em larga escala.
Em Idaho, os ventos deixaram um saldo mortal. Um homem de 55 anos morreu depois que uma árvore caiu sobre sua casa na pequena comunidade de Fernan, no norte do estado, de acordo com o gabinete do xerife do Condado de Kootenai.
A árvore atingiu diretamente a cama onde ele dormia, segundo nota oficial. Outros ocupantes da residência conseguiram escapar sem ferimentos graves, apesar dos danos estruturais provocados pela ventania.
Ainda em Idaho, duas crianças menores de dez anos ficaram em estado crítico na área rural de Twin Falls. As vítimas aguardavam o ônibus escolar quando árvores antigas e apodrecidas tombaram sobre o ponto de ônibus, atingindo também fiações elétricas e provocando curto-circuitos.
Um irmão mais velho que estava no mesmo ponto de ônibus saiu ileso. As duas crianças receberam atendimento imediato e foram levadas ao hospital, enquanto equipes de resgate e familiares organizaram campanhas de apoio e doações.
Os ventos fortes não se limitaram a Idaho. Em Washington, uma rajada de cerca de 180 km/h foi registrada próximo ao complexo de esqui Alpental, na região de North Bend, segundo o Serviço Nacional de Meteorologia. Em Hope, na Colúmbia Britânica, no Canadá, outra rajada, próxima de 110 km/h, foi medida em área já castigada por enchentes ao longo da última semana.
Meteorologistas afirmaram que ventos intensos em dezembro não são incomuns na região, mas classificaram os valores registrados na quarta-feira como “definitivamente atípicos”. Alertas para ventos fortes, nevascas e condições de viagem perigosas estavam vigentes em amplas áreas do Oeste e do Centro-Norte dos Estados Unidos.
No leste de Montana e no oeste de Dakota do Norte, autoridades advertiram que condições de blizzard poderiam tornar rodovias intransitáveis, com trechos sujeitos a visibilidade zero devido ao levantamento de neve impulsionado pelas rajadas.
Em Washington, a tempestade de vento ocorreu enquanto o estado já lidava com graves enchentes provocadas por sucessivas tempestades e volumes históricos de chuva. A situação é tão severa que cerca de 100 mil pessoas estiveram sob ordens de evacuação desde o início do mês em cidades do Vale do Skagit e em áreas próximas a Seattle.
Chuvas que ultrapassaram 400 milímetros em setores da Cordilheira das Cascatas elevaram rios a níveis recordes, destruíram pontes, bloquearam estradas e provocaram múltiplos deslizamentos de terra. Na terça-feira, um homem morreu ao dirigir para dentro de uma área inundada e ignorar placas de interdição, segundo autoridades estaduais.
O Departamento de Transportes de Washington fez um apelo público para que motoristas respeitem os fechamentos, alertando que qualquer acidente desvia equipes de outras emergências críticas. Trechos da rodovia US-2 tiveram erosões profundas e deslizamentos. Outras estradas foram fechadas por árvores caídas e encostas instáveis que oferecem risco de queda.
No Oregon, ventos e chuvas intensas derrubaram postes e troncos ao longo de rodovias como a Highway 126, dificultando o acesso de equipes de resgate e atrasando reparos elétricos. Na cidade litorânea de Seaside, pedras se desprenderam da fachada de um hotel e caíram sobre um caminhão estacionado, sem deixar feridos.
Distritos escolares em Seaside, Astoria e outras comunidades do Oregon cancelaram aulas e suspenderam atividades citando falta de energia, estradas inseguras e queda de árvores.
Governadores e autoridades estaduais afirmaram que os danos totais ainda levarão dias ou semanas para serem calculados. Especialistas acreditam que rios continuarão em níveis muito altos até o fim do mês, mantendo elevado o risco de novas inundações e deslizamentos.
Previsões meteorológicas indicam mais tempestades nos próximos dias, embora sistemas mais frios, com maior incidência de neve, possam reduzir parcialmente o volume de chuva sobre os rios atmosféricos.
Ainda assim, a combinação de solo saturado, encostas frágeis e rios transbordados prolonga o potencial de desastre. Populações de estados como Washington, Oregon, Idaho e Montana permanecem em alerta diante do temor de que a sequência de eventos climáticos extremos seja apenas o prelúdio de mais semanas de instabilidade no Oeste dos Estados Unidos.
