São várias reportagens na imprensa com previsões de um ciclone que vai se formar nesta semana na costa brasileira e que poderia provocar chuva excessiva e tempestades em diversos estados, mas contexto é fundamental para entender os fenômenos e os seus impactos.
Toda a área de baixa pressão é de natureza ciclônica pelo seu giro no sentido horário no Hemisfério Sul, mas nem todo a área de baixa pressão é um ciclone extratropical, um sistema que requer maior organização, estrutura de altos a baixos níveis da atmosfera e ainda uma pressão atmosférica mais baixa em seu centro.
O que os dados que analisamos indica é que na terça-feira (2) uma área de baixa pressão vai começar a se aprofundar na altura do Rio da Prata. Pode provocar vento de 50 km/h a 70 km/h no Leste do Uruguai e no litoral de Santa Vitória do Palmar, no extremo Sul do Rio Grande do Sul.
Na sequência, o centro de baixa pressão deve afastar rapidamente do continente entre quarta (3) e quinta-feira (4) no sentido Leste-Nordeste e sem se aprofundar muito, mas com tendência de se organizar.
Quando o sistema se estruturar como um ciclone por volta da quinta (4), e adquirir nas imagens de satélite a configuração clássica de uma espiral de nuvens, vai estar no meio do Atlântico a uma enorme distância do continente e sem qualquer possibilidade de provocar vento forte ou intenso em terra firme.
O mapa a seguir mostra a projeção de nebulosidade do modelo do Centro Meteorológico Europeu para o meio-dia de quinta-feira (4) em que se observa a espiral clássica de nuvens de um ciclone bastante longe do continente sobre o oceano e uma frente fria associada ao ciclone se estendendo até o Espírito Santo e o Sul da Bahia.

ECMWF
O que será relevante do ponto de vista meteorológico será justamente esta frente fria associada ao sistema e que vai impactar diversos estados com chuva, que pode ser volumosa, e ainda temporais isolados.
Na quarta (3), a frente fria se organiza mais entre o Centro-Oeste e o Sudeste do Brasil, ativando convecção com chuva que será localmente forte e temporais isolados que podem trazer rajadas de vento e granizo
Entre quinta (5) o próximo domingo (7), a frente semi-estacionária na costa, na altura do Espírito Santo e do Sul da Bahia, forma um canal de umidade com chuva frequente e localmente forte a intensa com altos volumes, e ainda com risco de temporais isolados, numa faixa que compreenderá o Mato Grosso, Goiás, Tocantins, o Centro-Norte de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia.
No Sul do Brasil, o centro de baixa pressão no oceano vai impulsionar ar mais seco na segunda metade da semana com a presença do sol no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e o Paraná.
