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Porto Alegre teve chuva com a atmosfera com muita fumaça | FERNANDO OLIVEIRA

A chuva que caiu em Porto Alegre nesta semana teve alterações em sua composição química como consequência da grande quantidade de material particulado em suspensão na atmosfera do Rio Grande do Sul pela fumaça das queimadas no Brasil e na América do Sul.

O Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) coletou amostras da chuva e identificou alterações na composição da chuva, de acordo com uma análise preliminar.

“Encontramos valores de sólidos totais e suspensos, cor e turbidez elevados, até sete vez o esperado para a água da chuva. Os valores são um indicativo da péssima qualidade tanto do ar que estava sob Porto Alegre quanto da água que chegou à superfície”, destacou o IPH.

Conforme o instituto, ensaios estão sendo realizados para identificar a presença de metais tóxicos à saúde humana, animais e a flora. Os resultados devem estar disponíveis aos pesquisadores na próxima semana.

“Estamos avaliando temporalmente também a qualidade da água da chuva para verificar se a poluição atmosférica que é carregada com a água está diminuindo, aumentando ou permanecendo igual”, explicou o IPH.

A MetSul Meteorologia observou precipitação de fuligem junto à chuva em Porto Alegre nos últimos dias. Sobre as latarias dos automóveis, que estavam limpos antes da chuva, era possível perceber pontos com uma poeira marrom, material particulado que veio com a precipitação e permaneceu sobre a superfície quando a lataria dos carros secou.

Soot, ou fuligem, é um material particulado constituído principalmente de carbono, que se forma como resultado da combustão incompleta de materiais orgânicos, como combustíveis fósseis (carvão, petróleo) e biomassa (madeira, resíduos agrícolas).

Quando esses materiais não queimam completamente, em vez de se transformarem inteiramente em dióxido de carbono (CO₂) e vapor de água, eles produzem partículas finas de carbono negro e outros compostos. Essas partículas são extremamente pequenas, com diâmetros na escala de nanômetros a micrômetros, o que lhes permite permanecer suspensas no ar por longos períodos e viajar grandes distâncias.

Fuligem e a chuva preta estão intimamente relacionados. A chuva preta é um fenômeno que ocorre quando a fuligem e outras partículas contaminantes presentes na atmosfera se misturam com a umidade e precipitam sob a forma de chuva.

Esse tipo de chuva, que não necessariamente se precipita com cor preta, é indicativo de altos níveis de poluição, e geralmente é observada em locais próximos a áreas industriais, queimadas ou onde há intensa queima de combustíveis fósseis.

Quando as partículas de fuligem se misturam com a umidade nas nuvens, elas podem agir como núcleos de condensação, em torno dos quais as gotas de água se formam. Isso resulta em uma chuva contaminada com poluentes, que ao cair no solo pode afetar corpos d’água, solos e vegetação.

A chuva preta tem impactos visíveis no ambiente urbano. Ela pode deixar uma camada de sujeira nas superfícies, como prédios, veículos e infraestrutura, o que pode levar à degradação dos materiais e aumentar os custos de manutenção. A relação entre fuligem e chuva preta é um indicador preocupante dos níveis de poluição atmosférica em muitas partes do mundo.

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