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A tragédia na cidade argentina de Bahía Blanca deixou 16 mortos, mais de 100 desaparecidos e milhares de desabrigados, mas não surpreendeu os cientistas. Em 2012, um estudo do órgão de pesquisa argentino Conicet alertou sobre o risco de inundações devido à falta de planejamento urbano. Propôs soluções, mas as autoridades ignoraram os avisos. Hoje, a cidade sofre as consequências.

ARMADA ARGENTINA

Há mais de uma década, pesquisadores do Conicet publicaram um relatório detalhado sobre a hidrografia urbana de Bahía Blanca. O documento explicava que a cidade está situada na bacia inferior do arroio Napostá.

Isso a torna um receptor natural da água que desce das áreas mais altas. Quando chove forte, a água da periferia escoa naturalmente para o centro, aumentando o risco de inundações.

O estudo alertava que, apesar de algumas obras hidráulicas, o crescimento urbano desordenado modificava o escoamento da água. Ruas sem pavimentação nas áreas altas favoreciam a erosão e obstruíam os sistemas de drenagem.

O relatório revelou que a expansão descontrolada aumentava os custos de manutenção dos serviços e reduzia as áreas naturais de absorção da água. Mesmo assim, as recomendações dos pesquisadores foram ignoradas.

Na última sexta-feira, o temporal comprovou os alertas científicos. Em poucas horas, caíram 350 mm de chuva. As ruas viraram rios caudalosos, arrastando carros, árvores e até casas inteiras.

O desastre foi tão grande que as operações de resgate ficaram extremamente difíceis. Centenas de pessoas ficaram presas em casas e telhados, esperando evacuação em meio à enchente.

Os danos materiais são incalculáveis. Bairros inteiros ficaram submersos, famílias perderam tudo e pontes, ruas e redes de energia foram destruídas. O impacto atingiu também Coronel Rosales, onde 240 famílias foram afetadas.

A chuva extrema transbordou o arroio Napostá e alagou bairros, deixando 16 mortos. A resposta do Estado foi insuficiente. Moradores e voluntários organizaram a assistência diante da tragédia anunciada há anos.

O governo nacional decretou três dias de luto e enviou 10 bilhões de pesos em ajuda. O próprio prefeito de Bahía Blanca, Federico Susbielles, afirmou que a quantia é insuficiente.

Segundo ele, a cidade precisará de mais de 400 bilhões de pesos para se reconstruir. O governador da província, Axel Kicillof, ainda não definiu qual será o apoio estadual.

Diante da incerteza e da falta de resposta do Estado, a população se mobilizou. Moradores e organizações civis arrecadam doações, distribuem alimentos e auxiliam nas operações de resgate.

O mesmo ocorreu em outras tragédias recentes, como os incêndios florestais no sul e no norte do país. Mais uma vez, a resposta do governo foi insuficiente.

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