O tornado que devastou a cidade paranaense de Rio Bonito do Iguaçu no fim da tarde de sexta-feira (7) esteve associado a um mesociclone, fenômeno que proporciona as mais perigosas condições de tempo severo e as piores tempestades conhecidas na natureza.
Imagens de câmeras de segurança da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) flagraram o instante em que o tornado atingiu Rio Bonito do Iguaçu. Por volta das 18h, as gravações mostraram uma supercélula de tempestade com grande rotação, o que caracteriza um mesociclone.
Um mesociclone é uma coluna de ar em rotação, geralmente com diâmetro entre 2 e 10 quilômetros, que se forma dentro de uma supercélula, o tipo mais perigoso e organizado de tempestade convectiva.
É essência dinâmica de uma supercélula e o principal responsável pela geração de tornados fortes e destrutivos. O desenvolvimento de um mesociclone ocorre quando há cisalhamento do vento — ou seja, uma variação significativa na direção e na velocidade do vento com a altura.
O chamado cisalhamento cria um tubo de rotação horizontal na atmosfera, que pode ser inclinado para a vertical pela corrente ascendente quente e úmida que alimenta a tempestade. Uma vez verticalizado, esse tubo giratório torna-se um mesociclone, que passa a girar de forma organizada e sustentada dentro da nuvem.
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Dentro do mesociclone, o ar ascende rapidamente, atingindo altitudes superiores a 10 ou 15 quilômetros. Esse movimento gera intensa rotação e uma separação entre as correntes ascendentes e descendentes da tempestade, o que permite que a supercélula se mantenha ativa por várias horas.
O ar quente e úmido é continuamente sugado para dentro da corrente ascendente, enquanto o ar mais frio desce nas bordas do sistema. Essa estrutura bem organizada cria o ambiente ideal para a formação de um tornado, embora nem todo mesociclone produza um.
A formação de um tornado ocorre quando a rotação do mesociclone se intensifica e se concentra em uma área menor próxima à base da nuvem. Nesse ponto, surge uma região de forte descida de ar frio e seco, chamada corrente descendente traseira (rear-flank downdraft), que ajuda a estreitar e intensificar o vórtice.
Se as condições forem favoráveis, esse vórtice começa a se alongar em direção ao solo, formando um funil de condensação — o embrião visível do tornado. Quando o funil toca o chão, o tornado está formado, conectando a nuvem à superfície em um violento turbilhão de vento.
A intensidade do tornado depende da energia da tempestade, do contraste térmico e do cisalhamento do vento. Alguns duram apenas segundos e causam danos leves; outros persistem por dezenas de minutos, com ventos que ultrapassam 300 km/h e destruição catastrófica, como se viu em Rio Bonito do Iguaçu.
