Sempre que chega o fim de agosto, os vizinhos do Uruguai e da Argentina comentam se virá ou não a chamada Tormenta de Santa Rosa. A crença popular é que ao redor do dia 30 de agosto, às vezes alguns dias antes, outras vezes alguns dias depois, a região sofre com temporais. O nome da tempestade está associado à Santa Rosa de Lima. Mas não é sempre que ocorre. Neste ano, os uruguaios e argentinos dizem que a tormenta veio com o ciclone do começo da semana passada que trouxe vento de até 125 km/h para o Rio da Prata com danos na província de Buenos Aires e na costa uruguaia. Pois as últimas horas foram de temporais no Rio Grande do Sul. A nossa ‘Santa Rosa’ de 2014. As condições de tempo severo deixaram estragos.


Final do sábado e madrugada deste domingo tiveram muitos raios na região de Santa Cruz do Sul – Letícia Nogara

Chuva forte e temporais de vento forte e granizo atingiram diversas gaúchas nas últimas horas do sábado e na madrugada deste domingo. Os acumulados de chuva foram elevados em curto período em diversas cidades. Porto Alegre teve apenas na madrugada 41 mm no Centro. No Vale do Sinos choveu também bastante no período com 46 mm em Campo Bom, 50 mm em Novo Hamburgo e Parobé, e 55 mm em São Leopoldo. A chuva na região do Sinos veio acompanhada de grande incidência de raios. Em outros pontos da região metropolitana, os acumulados foram de 40 mm em Eldorado do Sul, 43 mm em São Jerônimo e 51 mm em Nova Santa Rita. Choveu muito ainda em parte da Serra com 57 mm até 9h em Canela e no Vale do Rio Pardo com 49 mm. A região com os maiores volumes até o começo da manhã deste domingo foi a área do Paranhana e da Região das Hortênsias com chuva de 47 mm em Gramado, 57 mm em Canela, 58 mm em Igrejinha e 71 mm em Três Coroas.


Impressionante foto mostra raio atingindo a área urbana de Novo Hamburgo durante o temporal – Rafael Cabral


Raios cortaram o céu da cidade de Ivoti durante grande parte da madrugada deste domingo – Márcio Blume


Área de Candelária, no Vale do Rio Pardo, foi outra a registrar grande incidência de raios – Misael Bandeira Silveira


Em Porto Alegre, as trovoadas iniciaram ainda no fim do sábado e seguiram madrugada adentro – Caio de Santi

São Gabriel teve cerca de cem casas destelhadas pelo vento e granizo no temporal do final da noite de sábado. Restinga Seca, também na região central, registrou diversos estragos devido ao temporal. Na localidade de Rincão dos Martimianos, dezenas de casas foram destruídas, árvores arrancadas e postes caídos devido ao temporal. Servidores da prefeitura e da Nova Palma Energia trabalham para auxiliar as famílias atingidas e restabelecer o fornecimento de energia no município. Em Lomba Alta, também em Restinga, houve queda de postes. Chuva, vento e granizo trouxeram danos ainda para a localidade de Porto Alves, interior de Agudo. Estufa foi destruída com o temporal (foto abaixo de Márcia Muller da Rádio Integração). Em Cerro Chato, interior de Agudo, parte do telhado de uma escola foi arrancado e as folhas de zinco ficaram presas até nas árvores.


O fim de agosto e o começo de setembro tendem a ter aumento do ingresso de ar quente de Norte, o que se torna muito mais frequente ao longo de setembro e outubro, mas como ar frio ainda nos alcança nesta época do ano o resultado do encontro de massas de ar é tempo severo. Setembro, historicamente, marca um aumento relevante na ocorrência de temporais no Rio Grande do Sul. Apesar de ocorrências de granizo, o histórico mostra incidência maior de vendavais no nono mês do ano. Até mesmo alguns tornados. Dias frios ainda são anotados e há precedentes de episódios gelados e até com neve, mas são as jornadas de calor que aumentarão nas próximas semanas, o que favorecerá eventos de temporais aqui no Rio Grande do Sul.