Um forte temporal de granizo com pedras de gelo de tamanho médio a grande atingiu no começo da manhã desta sexta-feira (28) o município de Morro Redondo, a Noroeste de Pelotas, no Sul do Rio Grande do Sul.

Granizo que caiu nesta manhã em Morro Redondo (RS) | CLEITON BENDER
As localidades de Afonso Pena, parte da Reserva e Valdez estiveram entre as mais atingidas com queda de pedras de gelo de variados tamanhos. Produtores rurais descrevem o episódio como um dos mais fortes em anos.
Com base na análise das imagens de radar, é provável que outros pontos da região tenham tido granizo nesta manhã com altos valores de refletividades captados pelo radar meteorológico em pontos mais ao Sul da Lagoa dos Patos e seu entorno.
O Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos (NWS) possui quatro categorias para definir o tamanho de granizo: pequeno (menos de 2 centímetros), grande (2 cm a 4,5 cm), muito grande (4,5 cm a 7 cm) e gigante (maior que 7 cm).
Dentro de uma nuvem Cumulunimbus de tempestade, partículas de gelo se desenvolvem a partir de água superresfriada. As partículas caem em direção à parte inferior da nuvem devido à força da gravidade, mas são forçadas a subir por poderosas correntes ascendentes de ar dentro das nuvens (updrafts).
Na parte superior da nuvem, eles encontram mais água superresfriada, que congela sobre as partículas de gelo, adicionando outra camada de gelo, o que se dá de forma repetida.
Assim, os pequenos pedaços de gelo ficam cada vez maiores, tornando-se bolas de gelo, as pedras de granizo. As pedras de granizo finalmente se tornam pesadas demais para serem elevadas de volta ao topo da nuvem e caem em terra. Devido à forma como se formam, o granizo tem uma estrutura em camadas, como uma cebola.
Pedras de granizo realmente grandes, como as de hoje no Sul do estado, se formam em nuvens de tempestade com correntes ascendentes excepcionalmente fortes, como era o caso nas nuvens de tempestade que cresceram sobre o Sul gaúcho.
A MetSul reitera o seu alerta que vendavais e granizo em pontos isolados representam um risco elevado nesta sexta-feira (28) no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, em meio a um cenário de intensa instabilidade atmosférica, adverte a MetSul Meteorologia.
A combinação de ar muito quente atuando no Sul do Brasil com a passagem de uma frente fria pela costa favorece a formação de áreas de instabilidade capazes de gerar temporais fortes a severos.
O calor extremo registrado ontem — 43°C no Norte da Argentina e 38°C no Rio Grande do Sul — intensifica o processo convectivo e deixa a atmosfera altamente propícia para tempestades.
Com máximas previstas entre 35°C e 38°C no Rio Grande do Sul — com marcas ainda maiores na Metade Oeste — o encontro entre o ar muito quente e a frente fria deve gerar múltiplas células de temporais ao longo do dia, especialmente da tarde para a noite.
Modelos de alta resolução indicam rajadas entre 70 km/h e 100 km/h e, localmente, acima de 100 km/h, o que aumenta a preocupação com vendavais intensos e isolados.
O Nordeste gaúcho, em especial a Serra Gaúcha, é o setor de maior risco no estado. Em Santa Catarina, o Sul do estado e o Planalto Sul também devem ficar atentos para temporais com vento forte e granizo.
