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CHANDAN KHANNAAFP

A temporada de furacões do Atlântico Norte de 2024 que se iniciou oficialmente no dia 1 de junho chega ao fim neste sábado, dia 30 de novembro, e deixa para trás uma série de perguntas e incógnitas a serem estudadas pelos especialistas em ciclones tropicais devido ao comportamento atípico dos ciclones tropicais neste ano.

Embora os números tenham sido altos com 11 furacões no total, cinco deles de grande intensidade (categoria 3 ou superior), acima da média anual e dentro do que projetava a NOAA, o comportamento atípico foi o que mais chamou atenção nesta temporada.

As tempestades causaram prejuízos econômicos estimados em cerca de US$ 500 bilhões, mas, para os pesquisadores, o foco está nas características climáticas incomuns e suas possíveis implicações futuras.

Um dos aspectos mais surpreendentes da temporada foi o longo período de inatividade durante o período que é conhecido como o pico da temporada de furacões. Entre 13 de agosto e 8 de setembro, tradicionalmente uma época de alta atividade com pelo menos quatro tempestades nomeadas, nenhuma se formou, algo que não ocorria há mais de 50 anos.

Essa calmaria foi muito inesperada e foi seguida por uma sequência de furacões intensos, como Francine, Helene e Milton, que causaram destruição significativa por onde passaram no Caribe e nos Estados Unidos.

O furacão Helene atingiu categoria 4 e devastou a região Sudeste dos Estados Unidos, resultando em pelo menos 214 mortes, enquanto Milton se tornou um dos furacões mais fortes já registrados no Atlântico, com águas próximas a 32°C fornecendo energia que intensificou sua força antes de atingir a região de Tampa.

As temperaturas anormalmente altas do Atlântico foram um dos principais fatores por trás da intensidade das tempestades. A superfície do oceano registrou marcas entre 1°C e 3°C acima da média durante os últimos 18 meses. Como as águas quentes fornecem energia para a formação e intensificação de furacões, esses níveis recordes contribuíram para o comportamento incomum da temporada.

Pesquisadores também destacam que, sem o impacto das mudanças climáticas, algumas das tempestades mais intensas, como Helene e Milton, poderiam ter sido menos destrutivas, com ventos mais fracos e danos reduzidos. Estudos recentes apontam que as mudanças climáticas estão contribuindo para um aumento geral na frequência de furacões de maior intensidade no Atlântico, e isso tem sido motivo de preocupação crescente entre especialistas.

Ainda que o aquecimento global desempenhe um papel significativo, outras variáveis naturais também foram mencionadas. A interação entre padrões climáticos como El Niño e La Niña influencia diretamente a formação e intensidade das tempestades no Atlântico.

Este ano, a La Niña, conhecida por favorecer condições propícias a furacões mais fortes, esteve próxima de se manifestar, o que pode ter contribuído para o aumento da intensidade das tempestades. A permanência de águas excepcionalmente quentes no Atlântico pode preparar o terreno para outra temporada intensa no próximo ano. Por outro lado, há a possibilidade de aquecimento das águas do Pacífico – com ou sem El Niño – inibir a formação de mais furacões no Atlântico em 2025.

A interação entre esses padrões climáticos será um fator crucial para determinar a intensidade da próxima temporada. Cientistas também destacam que eventos climáticos recentes têm sido marcados por comportamentos inesperados, o que reforça a necessidade de cautela ao prever as condições futuras.

Outro aspecto notável desta temporada de 2024 foi o uso crescente de modelos de previsão do tempo baseados em inteligência artificial para prever a formação e trajetória dos furacões. Esses modelos estão sendo analisados para determinar sua eficácia e confiabilidade, e o objetivo é usá-los para aprimorar ainda mais as previsões em futuras temporadas.

A combinação de mudanças climáticas, variações naturais e eventos únicos gerou uma temporada “estranha”, conforme descrito pelos pesquisadores. Essa situação ressalta a importância de continuar investigando as causas e as consequências desses fenômenos, especialmente em um momento em que os impactos socioeconômicos das tempestades estão aumentando.

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