O mar rugia com força incomum no litoral de Santa Catarina quando Lucas Chumbo remou rumo a uma das maiores ondas já surfadas no Brasil. O fenômeno foi registrado na Laje da Jagua, em Jaguaruna, e já é considerado por especialistas como uma das maiores ondas surfadas no país. O swell violento foi impulsionado por um ciclone extratropical que provocou ventos extremos na região.

GABRIEL GOMES
O surfista fluminense, referência mundial em ondas grandes, não hesitou em estar no lugar certo e na hora exata. Ao chegar à costa catarinense, encontrou um cenário perfeito para surfistas de ondas grandes: paredões de água com cerca de 10 metros de altura quebrando com violência sobre a formação rochosa da Laje da Jagua.
Chumbo, que coleciona conquistas em competições internacionais como o Nazaré Challenge, em Portugal, descreveu a experiência em Jaguaruna como “estratosférica”. Para ele, o dia foi um dos mais intensos de sua carreira no Brasil. Vídeos da sessão impressionaram pelo tamanho das ondas e pela coragem do surfista ao dropá-las com precisão.
O ciclone que trouxe as ondas também deixou marcas no continente com mais de um milhão de pessoas sem luz no Rio Grande do Sul e estragos em dezenas de municípios gaúchos e catarinenses.
Em Cambará do Sul, rajadas chegaram a 127,1 km/h. Na Serra do Rio do Rastro, em Santa Catarina, o vento bateu 132 km/h. Em Porto Alegre, a estação do Clube dos Jangadeiros registrou 106 km/h. Em Canguçu, o vento chegou a 102 km/h. No Litoral Norte do Rio Grande do Sul, os danos apontam rajadas superiores a 100 km/h, apesar da falta de dados em estações oficiais.
Lucas Chumbo, nascido em Saquarema, no Rio de Janeiro, começou a surfar ainda criança. Desde cedo demonstrava habilidade em mares agitados. Aos 14 anos já competia no circuito Pro Junior, e aos 20 surfou sua primeira grande onda no temido pico de Jaws, no Havaí. Foi o início de uma trajetória marcada por coragem e técnica.
Em 2018, venceu o Nazaré Challenge com a maior nota já registrada no evento e ganhou o prêmio de melhor performance masculina no Billabong XXL Awards. Desde então, consolidou-se como um dos principais nomes do big surf mundial. Também venceu etapas importantes no Brasil, México e Europa, sempre se destacando em ondas monstruosas.
Além da habilidade técnica, Chumbo também é conhecido pelo preparo físico e mental. Ele treina mergulho livre para suportar longos períodos submerso e mantém uma rotina rigorosa de treinos. O autocontrole diante do perigo é uma das marcas de sua performance em mares extremos.
Na Laje da Jagua, a força das ondas exige preparo e precisão. O local, reconhecido oficialmente como Capital Nacional da Maior Onda do Brasil, já havia ganhado fama entre os surfistas de tow-in. O que se viu agora foi a consagração desse pico como um dos mais desafiadores do Atlântico Sul.

GABRIEL GOMES

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Especialistas discutem se foi a maior onda já surfada no Brasil. O registro visual reforça a magnitude do swell e do momento histórico. A façanha confirma o Brasil no mapa global do big surf e coloca a Laje da Jagua entre os destinos mais cobiçados por quem desafia os limites do oceano.
Para Lucas Chumbo, foi mais do que um desafio vencido. Foi uma afirmação de que o surfe de ondas gigantes tem espaço e futuro também nas águas brasileiras. Um feito que entrou para a história do esporte no país.
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