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O inverno está prestes a “entrar em férias” no Rio Grande do Sul. E não apenas aqui. Em uma extensa área da América do Sul, tanto no Brasil como em países vizinhos. Uma grande massa de ar quente com temperatura acima a muito acima da média vai tomar conta de uma extensa área da América do Sul ao menos até a metade do mês, trazendo condições radicalmente distintas do normal para o clima de junho.

Mapa de anomalia (desvio da média) de temperatura no nível de 850 hPa (1500 metros de altitude) entre 5 e 10 de junho pelo modelo climático norte-americano CFS | METSUL

Ontem, o Rio Grande do Sul registrou temperatura mínima de 0,9ºC abaixo de zero em estação automática particular de Cambará do Sul e Porto Alegre amanheceu com 5ºC em bairros do extremo Sul da cidade.

Hoje, as mínimas no estado já estiveram muito mais elevadas e cidades que ontem cedo anotaram marcas ao redor de 0ºC ou negativas hoje não baixaram de 10ºC durante a madrugada. No Sul de Porto Alegre, a temperatura não desceu de 10,6ºC.

O frio não será a tônica de agora em diante. Muito pelo contrário. Ao menos no curto e no médio prazos, dias de temperatura muito baixa não devem ocorrer no estado gaúcho e as marcas estarão mais próximas do que se registra em meados de abril do que em junho, no auge do período frio do ano.

Ar mais quente começa a ingressar a partir de hoje no Rio Grande do Sul a partir do Noroeste e induz formação de nebulosidade nesta quarta no estado, especialmente no Sul e no Leste gaúcho, apesar de o sol aparecer com nuvens na maior parte do território gaúcho. Chove no Sul gaúcho e de forma mais isolada no Leste do estado.

A massa de ar quente que ingressa vai tomar conta do estado ao menos até a metade do mês com temperatura acima a muito acima desta época do ano. Até faz um pouco de frio na madrugada, afinal as noites em junho são longas, mas as tardes terão marcas muito acima da média.

Porto Alegre, por exemplo, tem máxima média histórica em junho pela série 1991-2020 de 20,3ºC, mas marcas de 25ºC a 29ºC serão rotina no final desta semana e durante a semana que vem na capital.

No interior, igualmente muitos dias com tardes quentes para os padrões de junho pela frente. No Oeste, Noroeste e nos vales, em alguns dias, especialmente da semana que vem, as tardes terá máximas ao redor ou acima de 30ºC.

Os mapas abaixo mostram as anomalias de temperatura (desvio em relação à média), no período da tarde, ao nível de 850 hPa (1.500 metros de altitude), entre hoje e o dia 14 deste mês, de acordo com dados do modelo do Centro Meteorológico Europeu.

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Como se observa pelos mapa dos dez dias, a tendência é de a atmosfera sobre o Sul do Brasil estar com temperatura acima a muito acima da média desta época do ano todos os dias entre hoje e a metade do mês com aquecimento mais acentuado na semana que vem e perto do final da primeira quinzena de junho.

A temperatura muito elevada para os padrões de junho atingirá uma grande área do continente. Quase toda a América do Sul estará nos próximos dias com temperatura acima dos padrões históricos, com o frio mais intenso limitado ao extremo Sul da região patagônica.

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Em pleno auge do clima de inverno haverá cidades do Norte da Argentina e do Paraguai com máximas em torno ou acima dos 35ºC. No Centro-Oeste do Brasil, temperaturas tão altas quanto 36ºC a 38ºC devem ser esperadas em alguns pontos entre o Mato Grosso do Sul e o Mato Grosso.

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Por outro lado, a persistência do ar quente, que bloqueia a instabilidade, provocará uma supressão da instabilidade no Sul do Brasil. Por isso, depois do fim de abril e o maio trágico das águas, a tendência é de chuva escassa no estado por um longo período no Rio Grande do Sul.

O mapa abaixo mostra a projeção de chuva acumulada no Sul do Brasil prevista pelo modelo meteorológico canadense até o dia 14 deste mês em que se observa como as precipitações devem ser escassas nos próximos dez dias na região.

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É muito provável para não dizer quase certo que sequer chova em diversas cidades gaúchas, catarinenses e paranaenses nos próximos sete a dez dias, o que foge muito ao normal desta época do ano.

Junho é um mês habitualmente chuvoso no clima do Rio Grande do Sul com frentes frias, frentes quentes (mês do ano que mais tem esse tipo de sistema meteorológico) e baixas pressões que costumam provocar chuva em ao menos um dois dias por semana.

Porto Alegre, por exemplo, no mês de junho costuma registrar pela série 1991-2020 de dados do clima uma média de 9 dias com precipitação igual ou superior a 1 mm. O número é idêntico em Passo Fundo, Cruz Alta e Bom Jesus. Em Caxias do Sul são, em média, 10 dias com precipitação acima de 1 mm em junho. Em Bagé, Santa Maria, Santa Vitória do Palmar, São Luiz Gonzaga são 8 dias.

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