O bicentenário da Independência do Brasil na quarta-feira terá um corredor de fumaça de queimadas da Amazônia avançando do Norte do Brasil até a Região Sudeste. A fumaça vai ser transportada por correntes de vento de Norte para o Centro-Oeste e depois o Norte do Paraná e São Paulo, estado em que foi declarada a independência do Brasil do colonizador Portugal em 7 de setembro de 1822.

O mapa mostra a projeção do modelo de dispersão de aerossóis CAMS do Sistema Copernicus, da União Europeia. Observa-se a tendência de um corredor de fumaça configurado na metade desta semana entre as regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste do território nacional. A fumaça afeta ainda Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Paraguai.


O domingo foi o pior dia de queimadas neste mês até agora na Amazônia. Conforme dados do programa de queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), apenas o dia 4 de setembro registrou 3.393 focos de calor. O número supera as marcas do dia 1º (2.076), do dia 2 (3.333) e do dia 3 (3.331).

Com isso, 10.057 focos de calor de calor foram captados por satélites em apenas três dias no bioma. Somente nos primeiros quatro dias de setembro, a Amazônia registrou 12.133 focos de calor ou mais de um terço da média histórica (1998-2021) do mês inteiro de 32.110 focos em tão-somente 96 horas.

Quatro dos últimos 15 dias tiveram números diários de focos de calor que superaram a marca de 3 mil, de acordo com os dados de monitoramento de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Dias com mais de 3 mil focos são por demais raros na estatística histórica.


Só no último dia 22 de agosto, o pior deste ano até agora, foram 3.458 focos de calor captados por satélites na Amazônia.  Os 3.458 focos de calor representaram o maior número diário para agosto na Amazônia desde 2002, conforme a estatística do Inpe. Em 23 de agosto de 2002, os satélites captaram 3.548 focos de calor. No dia 25 de agosto de 2002, outras 3.300 queimadas foram identificadas.

Os meses de agosto a outubro marcam o pico das queimadas a cada ano no bioma amazônico. Diferentemente de outros biomas, quase todos os episódios de fogo na região amazônica são iniciados propositalmente pela natureza tropical e úmida da floresta, diferentemente do Cerrado em que o fogo pode se iniciar sem intervenção humana.