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O Sul do Brasil foi recém atingido entre a última sexta-feira (7) e o sábado (8) por um ciclone extratropical que trouxe chuva intensa, tempestades severas e, o mais grave, uma linha de instabilidade que gerou vários tornados durante o seu deslocamento por Santa Catarina e o Paraná. O ciclone deixou destruição e um saldo de nove mortes, duas no Rio Grande do Sul e sete no Paraná.

Imagem de satélite de ciclone extratropical em 4 de novembro de 2023 | NOAA/ARQUIVO METSUL

Ciclones extratropicais são fenômenos recorrentes no Atlântico Sul, praticamente toda a semana tem um atuando, especialmente mais ao Sul do continente e perto da Antártida, impactando o tempo mais em Magallanes, no Chile, e na Patagônia da Argentina. A maioria, porém, não impacta diretamente o Brasil.

O período do ano com maior frequência de ciclones que afetam o tempo no Brasil vai de meados do outono até o meio de outubro. Embora este tipo de sistema meteorológico se forme em qualquer época do ano e possa trazer instabilidade para o Sul do Brasil, nos meses mais quentes entre novembro e o começo de abril os ciclones que se formam com reflexos no território brasileiro são muito menos frequentes.

Os ciclones mais intensos e que costumam provocar grandes impactos de chuva e vento na Região Sul normalmente se dão no trimestre de inverno e em alguns casos durante o outono e a primavera. Um exemplo clássico é o ciclone bomba de 2020, entre 30 de junho e 1º de julho daquele ano, que causou grande destruição e deixou vítimas.

Após o desastre do final da semana passada, os meios de comunicação foram tomados por reportagens anunciando novos ciclones em sequência que atingiriam o Brasil a partir de declarações de quem não é meteorologista, mas reiteramos que ciclones se formam semanalmente no Atlântico Sul e há dias em que nas imagens de satélite é possível se observar até dois ciclones simultaneamente.

Tomemos o caso do dia de hoje. Nesta quinta-feira (13), há um ciclone extratropical no Atlântico Sul e intenso. Sua pressão central é de 974 hPa, bastante baixa. Onde ele está? Muito ao Sul do Atlântico, a Leste da Ilhas Malvinas, a uma enorme distância do Brasil.

METSUL

A MetSul Meteorologia enfatiza que não há indicativo algum de modelos de previsão do tempo de uma sequência de ciclones impactando o Brasil em curto período. Frentes frias atingirão o país nos próximos 10 a 15 dias, mas os ciclones dos quais as frentes derivam não passarão pelo território brasileiro.

Para entender, uma frente fria pode estar trazendo chuva em São Paulo e no Rio de Janeiro, mas o ciclone ao qual a frente está associada pode localizar-se naquele instante no meio do Atlântico, a mais de dois mil quilômetros do Brasil. Desta forma, uma alta frequência de frentes frias atingindo o Brasil não significa que haverá alta frequência de ciclones.

Os dados analisado pela MetSul Meteorologia indicam que agora neste fim de semana um centro de baixa pressão vai avançar pelo Centro da Argentina e o Uruguai. Então, na segunda (17) este centro de baixa pressão deve começar a dar origem a ciclone sobre o Atlântico Sul com seu centro longe do Brasil e com rápido afastamento do continente. A frente fria associada a este ciclone, porém, avançará por vários estados com chuva e temporais.

Na sequência, os modelos não indicam nenhum ciclone atingindo o Brasil em uma semana a dez dias. Aliás, em torno do dia 20 projetam um grande centro de alta pressão influenciando o tempo no Sul do Brasil.

Assim, não há indicativo algum entre os melhores modelos de previsão do tempo de uma sequência de ciclones atingindo o Brasil nas próximas semanas. Primeiro, os dados não mostram. Segundo, vários ciclones afetando o território brasileiro um atrás do outro em novembro fugiria ao extremo da climatologia desta época do ano.

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