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Rio Grande do Sul e Santa Catarina vão voltar a enfrentar enchentes nesta semana com volumes extremos de precipitação projetados pela MetSul para os dois estados | MARCO FAVERO/SECOM SANTA CATARINA

A MetSul Meteorologia alerta que a tendência é de a chuva aumentar ainda mais no Sul do Brasil e cair com volumes excessivos em um maior número de localidades ao longo da semana. Os acumulados já são altos em parte do Rio Grande do Sul e se projeta chuva volumosa a extrema em áreas que ainda não tiveram precipitação.

Neste momento, a região Sul do Brasil está sob influência de uma enorme massa de ar excepcionalmente quente que elevou a temperatura no sábado a 46ºC no Norte da Argentina e a mais de 40ºC no Centro do Brasil.

O ar muito quente bloqueia a instabilidade e chove muito na periferia da massa de ar superaquecida. Como o Norte e o Noroeste gaúcho assim como grande parte de Santa Catarina e do Paraná estão com tempo aberto sob o ar muito quente, a chuva intensa se dá em cidades do Oeste, Centro, Sul e o Leste gaúcho.

Os acumulados de chuva em 48 horas até o final da manhã deste domingo alcançavam em estações oficiais 140 mm em Bagé, 114 mm em Dom Pedrito, 110 mm em Porto Alegre, 108 mm em Caçapava do Sul, 107 mm em Canoas, 106 mm em Viamão, 101 mm em Canguçu, 97 mm em Rio Pardo, 96 mm em Gravataí, 90 mm em Encruzilhada do Sul, 87 mm em Alvorada, 86 mm em Cachoeira do Sul, 84 mm em Jaguarão e 83 mm em Eldorado do Sul.

A tendência é de chuva em grande parte desta semana no Sul do Brasil com acumulados excessivos a localmente extremos com marcas entre 100 mm e 200 mm em um grande número de cidades e registros de 200 mm a 300 mm, isoladamente superiores de 300 mm a 400 mm, em pontos entre a Metade Norte gaúcha e Santa Catarina.

Nesta segunda, a chuva mais volumosa ocorre do Centro para o Norte gaúcho, assim será outro dia com risco de precipitações volumosas em Porto Alegre e na região metropolitana. A instabilidade já começa a alcançar mais pontos de Santa Catarina e parte do Paraná.

Na terça, o tempo firma na maior parte da Metade Sul gaúcha e ainda chove na Metade Norte. Os mais altos volumes devem ocorrer sobre o Norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e o Sul-Sudoeste do Paraná. Na quarta, a chuva volta a atingir grande parte do estado gaúcho, mas segue mais intensa no Norte gaúcho e no estado catarinense.

Na quinta, o tempo melhora na maioria das regiões gaúchas, mas ainda pode chover muito no Norte do Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. A precipitação alcança ainda pontos de várias regiões do Paraná. Entre sexta e sábado, segue o risco de chuva muito volumosa entre o Norte gaúcho e o território catarinense.

Assim, o quadro é preocupante porque serão muitos dias seguidos com persistência da chuva e em vários com volumes elevados, o que levará ao final aos acumulados entre excessivos e extremos com impactos para a população.

 Veja as projeções dos volumes de chuva

O pacote de modelagem numérica da MetSul é uníssono em indicar volumes bastante elevados de chuva para esta semana no Sul do Brasil. A chuva volumosa até o momento se concentrou do Centro para o Sul gaúcho, mas no decorrer desta semana os volumes muito altos devem se dar do Centro para o Norte do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, ou seja, a área de chuva volumosa vai migrar para Norte.

O mapa abaixo mostra a chuva indicada para sete dias pelo modelo alemão Icon a partir da saída da 0Z deste domingo. O indicativo é de chuva nesta semana de mais de 100 mm em grande parte do Rio Grande do Sul, em quase todo o estado de Santa Catarina e em parte do Paraná. O modelo indica marcas acima de 200 mm entre a Metade Norte gaúcha e Santa Catarina com registros de 300 mm a 400 mm em setores entre os dois estados.

METSUL

O cenário é parecido pela projeção do modelo europeu para esta semana com volumes de 100 mm a 200 mm em toda a Metade Norte gaúcha e vários pontos da faixa central do Rio Grande do Sul, como Porto Alegre, e marcas de 250 mm a 400 mm em pontos do Norte gaúcho e de Santa Catarina.

METSUL

Há um consenso, assim, entre os modelos que a chuva mais extrema deve se dar sobre a Metade Norte do Rio Grande do Sul e Santa Catarina com acumulados acima de 200 mm em muitas áreas e pontuais até de 300 mm a 400 mm entre o Norte gaúcho e parte do estado catarinense.

Impactos da chuva

Com o que já choveu em parte do Rio Grande do Sul e ainda se prevê de precipitação para esta semana, com volumes muito mais altos do que os já registrados, é inevitável que haja impactos para a população e, alguns municípios, graves. Cidades voltarão a ter inundações e enchentes, repetindo as cenas das últimas semanas e meses.

A persistência da chuva por vários dias trará inundações e muito provavelmente cheias de vários rios com enchentes. As bacias de maior risco são aquelas que cortam o Noroeste, o Norte, o Centro e o Nordeste do estado, o que inclui as bacias que cortam os vales (Taquari, Caí, Sinos e Paranhana) assim como o Jacuí e o Uruguai, além de rios menores. O Guaíba, em Porto Alegre, assim, pode voltar a ter cheia, o que não é comum em novembro. Vários rios em Santa Catarina também podem apresentar cheias.

Chuva com acumulados tão extremos como se prevê traz ainda riscos geológicos. Será muito alto o risco de deslizamentos de terra em áreas de encostas de morros. Devem ocorrer ainda quedas de barreiras que podem gerar bloqueios parciais ou totais de rodovias estaduais e federais.

Algumas estradas, particularmente municipais e rurais, devem se tornar intransitáveis com prováveis trechos e pontilhões cobertos pela água. Com a perspectiva de forte correnteza, trechos alagados devem se terminantemente evitados por motoristas sob perigo de acidentes fatais.

Outra preocupação é que este episódio de chuva excessiva vai ocorrer no momento em que ocorre o plantio da safra de verão, que está em um estágio crítico por estarmos já em novembro. Tantos dias seguidos de chuva e volumes tão altos devem trazer sérios problemas para o campo. Lavouras, inclusive, podem ficar debaixo d´água em diversos municípios.

Como consultar os mapas

Todos os mapas de chuva neste boletim podem ser consultados pelo nosso assinante (assine aqui) na nossa seção de mapas. A plataforma oferece ainda mapas de chuva, geada, temperatura, risco de granizo, vento, umidade, pressão atmosférica, neve, umidade no solo e risco de incêndio e raios, dentre outras variáveis, com atualizações duas a quatro vezes ao dia, de acordo com cada simulação. Na seção de mapas, é possível consultar ainda o nosso modelo WRF de altíssima resolução da MetSul.

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