A semana que começa é de alto risco sob um complexo cenário meteorológico até sexta-feira que incluirá condições em alguns pontos mesmo severas com chuva por vezes forte, tempestades, um ciclone extratropical e uma massa de ar polar que trará onda de frio com temperaturas ainda não experimentadas neste ano.

Semana deve ter ciclone na costa com ingresso de massa de ar frio que será precedida por chuva forte e tempestades em vários dados. Na imagem, registro de arquivo de satélite mostrando ciclone a Leste do Rio Grande do Sul e do Uruguai com advecção de ar frio no Sul do Brasil, como se projeta para esta semana. | ARQUIVO/NOAA/METSUL
Sul, Centro-Oeste e o Sudeste do Brasil serão afetados pelas mudanças do tempo desta semana com o avanço de uma frente fria e posteriormente o ingresso da massa de ar frio de maior intensidade até agora neste ano, mas que, ao contrário do que vem sendo divulgado, não deve ser poderosa e apenas de forte intensidade e dentro do que pode se esperar no fim de maio e começo de junho.
A instabilidade já afeta o Rio Grande do Sul deste ontem com o avanço de ar mais quente e úmido em altitude, o que trouxe volumes altos de chuva durante o sábado no Oeste gaúcho com acumulados de precipitação de 75 mm a 125 mm em apenas 24 horas em algumas cidades. O tempo segue instável neste domingo, mas com chuva forte apenas localizada e intervalos de melhoria em algumas regiões gaúchas.
Nesta segunda-feira, o tempo continua instável no Rio Grande do Sul. Muitas nuvens vão seguir sobre o estado e chove no decorrer do dia na maioria das regiões gaúchas. Chove principalmente em pontos do Oeste, Centro e o Sul gaúcho. Mais ao Noroeste e ao Norte do estado, a instabilidade é mais isolada.
Na terça-feira, o sol aparece com nuvens, vento Norte e elevação da temperatura em parte do Rio Grande do Sul, especialmente durante a manhã e o começo da tarde. No Oeste e no Sul, no entanto, uma frente fria traz chuva já de manhã para o Oeste e o Sul gaúcho. No decorrer da terça, o sistema frontal avança e leva chuva até o fim do dia para todas as regiões gaúchas. O sistema frontal instabiliza o tempo ainda em parte de Santa Catarina e do Paraná, a partir do Oeste, e ainda no Sul e Oeste do Mato Grosso do Sul.
Na quarta-feira, a frente fria provoca chuva nos três estados do Sul, no Mato Grosso do Sul, no Mato Grosso, Sul de Goiás e ainda em diferentes pontos do estado de São Paulo. Impulsionada por uma massa de ar frio pelo interior do continente, o sistema frontal leva instabilidade até o Sul da região amazônica com chuva em Rondônia, Acre e o Sul do Amazonas. Até o fim do dia, com o ingresso do ar frio, o tempo melhora em parte do Sul do Brasil e em diversas áreas do Centro-Oeste, embora o tempo não firme no estado gaúcho e parte de Santa Catarina pela circulação de umidade de uma área de baixa pressão.
Na quinta-feira, a área de baixa pressão pode dar origem a um ciclone extratropical sobre o Atlântico a Leste ou Sudeste do Rio Grande do Sul. Com o aprofundamento da baixa pressão e a ciclogênese (formação do ciclone), ar mais frio e seco é impulsionado e o tempo firma com sol na maior parte do Sul, Centro-Oeste e o Sudeste do Brasil. Apenas pontos perto da costa no Rio Grande do Sul e do Sudeste ainda teriam instabilidade passageira.
Na sexta-feira, a tempestades no oceano se afastaria com o domínio de um centro de alta pressão no Centro-Sul do Brasil, garantindo a presença do sol com períodos de céu claro ou parcial nebulosidade em estados do Centro-Oeste, Sudeste e o Sul do território nacional. A instabilidade frontal pode afetar ainda áreas do Espírito Santo e talvez até do Sul do estado da Bahia.
Risco de chuva forte
Há risco de chuva localmente forte a intensa neste começo de semana no Rio Grande do Sul e durante o avanço da frente fria no Sul e no Centro-Oeste do Brasil. Os maiores volumes são esperados em parte do território gaúcho, especialmente no Oeste, onde já choveu muito neste fim de semana.
Os mapas a seguir mostram a projeção de chuva acumulada em 24 horas para hoje, amanhã, terça, quarta, quinta e sexta-feira no Centro-Sul do Brasil, de acordo com os dados da última saída do modelo do Centro Meteorológico Europeu (ECMWF).

METSUL
Inicialmente, a chuva entre hoje e amanhã deve ficar mais concentrada no Rio Grande do Sul. Nesta segunda-feira, a instabilidade volta a se reforçar sobre o território gaúcho com risco de chuva localmente forte em especial em localidades situadas entre o Oeste e o Centro do estado.
Na terça-feira, com o avanço de uma frente fria, episódios de chuva forte são esperados no Rio Grande do Sul e em parte de Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. Já na quarta, o sistema frontal pode provocar pancadas fortes e isoladamente torrenciais nos três estados do Sul, no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e interior de São Paulo. Ao se deslocar pelo Sudeste, a frente perde atividade e organização, assim não se projeta chuva forte na grande maioria dos locais.
Na quinta-feira, pela circulação de umidade do vórtice de um ciclone extratropical, há dados indicando a possibilidade de chuva localmente forte acompanhada de muito vento no Sul e no Leste do Rio Grande do Sul, mas, especialmente, no Sul gaúcho.
Semana de risco deve ter tempestades
Consideramos alta a possibilidade de temporais no avanço da frente fria pelo Centro-Sul do Brasil entre terça-feira e quarta, mas serão ocorrências localizadas com risco de queda de granizo e rajadas de vento fortes a intensas. Alguns temporais, localmente, podem ser severos e com danos.

Terça-feira terá correntes de vento com ar gelado avançando de Sul para Norte pelo interior do continente e correntes de vento de Noroeste para Sudeste com ar quente antes da chegada de uma frente fria | METSUL
Em nosso entendimento, o risco maior de temporais entre terça e quarta se dará no chamado setor quente, ou seja, onde ar mais quente estiver atuando antes da chegada do sistema frontal. Isso inclui o Noroeste e o Norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e o interior de São Paulo.
No Centro-Oeste, sobretudo, algumas tempestades podem ter maior intensidade. Já no Sul, o contraste de vento pelo ingresso da advecção de ar frio de Sul para Norte pelo interior do continente com o avanço de ar quente pré-frontal por uma corrente de jato em baixos níveis pode gerar episódios isolados de vento intenso.
Ciclone, vento forte e ressaca do mar
Uma área de baixa pressão deve atuar no Rio Grande do Sul na quarta-feira, levando à oclusão da frente fria com o começo de um processo de ciclogênese (formação de um ciclone extratropical). Isso deve deixar o tempo por vezes ventoso no Rio Grande do Sul na quarta, condição que será potencializada pelo ingresso do ar frio. Rajadas de 50 km/h a 80 km/h podem ocorrer em diversas cidades. Isoladamente, o vento pode ser mais forte.

Modelo europeu em sua saída do começo deste domingo indicou um ciclone na costa gaúcha na quinta-feira | METSUL
Os modelos de previsão do tempo, então, indicam que na quinta esta área de baixa pressão deve dar origem a um ciclone extratropical sobre o Atlântico, a Leste do estado gaúcho. Como consequência, a quinta deve ser ventosa a muito ventoso com rajadas mais fortes no Sul e no Leste do Rio Grande do Sul em média de 60 km/h a 80 km/h, mas em alguns pontos até de 80 km/h a 100 km/h, o que pode causar transtornos como falta de luz e quedas de árvores. O ciclone se afasta na sexta e o vento diminui bastante.
As rajadas muito intensas sobre o oceano, onde podem atingir até 150 km/h em mar aberto longe da costa, devem gerar swell com mar muito grosso e de tempestade. Com isso, no final da semana há risco de ressaca do mar nos litorais do Sul e do Sudeste do Brasil que pode ser forte em algumas praias.
Fazemos questão de alertar que não há ainda um consenso entre os modelos quanto ao posicionamento e intensidade deste ciclone, assim recomendamos expressamente que se acompanhe muito atentamente as nossas publicações em metsul.com nos próximos dias com dados mais novos sobre os riscos deste sistema.
Massa de ar polar trará frio intenso
Uma forte massa de ar frio, de trajetória continental, começa a ingressar na quarta-feira pelo Norte da Argentina e o Oeste do Sul do Brasil, derrubando a temperatura. Trata-se da incursão de ar frio de maior intensidade até agora em 2025 nas latitudes médias da América do Sul e com características do auge do inverno.

Núcleo da massa de ar frio estará sobre o Sul do Brasil na segunda metade da semana | METSUL
A influência do ar frio será abrangente com queda acentuada da temperatura e muito frio no Sul e resfriamento pronunciado também em parte do Centro-Oeste, como no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul. No Sudeste, a influência da massa de ar frio de origem polar será maior em São Paulo. Como o ar frio avança pelo interior da América do Sul, conseguirá chegar à região amazônica com friagem em estados do Norte, como no Acre, Rondônia e o Sul do Amazonas.
A massa de ar frio trará temperatura abaixo de zero para pontos dos três estados do Sul e dos locais de maior altitude do Sudeste, na Mantiqueira. No final da semana, os locais mais altos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina devem ter até -3ºC a -5ºC. Centenas de municípios do Sul devem ter mínimas abaixo de 5ºC, logo deve gear em grande número de cidades. Porto Alegre pode ter mínimas de 6ºC a 8ºC e São Paulo deve cair abaixo de 10ºC em vários bairros na sexta e no sábado.
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