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O furacão Melissa deixou um rastro de destruição sem precedentes na Jamaica, afirmam autoridades locais. A tempestade histórica tocou terra na tarde de ontem (28) próximo a New Hope, no sudoeste da ilha, como um furacão categoria 5, com ventos sustentados de até 298 km/h. Foi um dos ciclones mais potentes já registrados no Atlântico e o mais forte a atingir diretamente o país em toda a sua história.

VANTOR/AFP/METSUL

Durante a noite, rajadas violentas e chuvas torrenciais devastaram comunidades inteiras, arrancaram telhados, derrubaram árvores e transformaram ruas em rios. Na manhã seguinte, com o fim dos ventos extremos, emergiu um cenário de calamidade. Mais de um milhão de pessoas, cerca de um terço da população jamaicana, foram diretamente afetadas.

O governo confirmou quatro mortes até o momento, todas em St. Elizabeth Parish, uma das regiões mais atingidas. As vítimas — três homens e uma mulher — foram arrastadas pelas águas após enchentes repentinas. Há ainda relatos de desaparecidos e dezenas de feridos, segundo autoridades locais.

O ministro de Informação, Dana Morris Dixon, disse que o impacto foi generalizado.
“Sabemos que o oeste do país recebeu o golpe mais duro, mas o centro da Jamaica também sofreu grandes danos e inundações severas”, afirmou em entrevista coletiva.

Na manhã de quarta-feira (29), o governo jamaicano declarou o país em fase de recuperação. A prioridade agora é restabelecer os serviços essenciais. O ministro de Energia e Transportes, Daryl Vaz, informou que 77% do território segue sem energia elétrica. Equipes da companhia Jamaica Public Service começaram os trabalhos de reparo nas áreas menos afetadas, enquanto realizam sobrevoos para avaliar os danos nas zonas mais atingidas do oeste.

Em Black River, capital de St. Elizabeth, a situação foi descrita como “catastrófica”. Autoridades locais relataram destruição generalizada, perdas de estoques e danos inclusive a abrigos e depósitos de suprimentos. Um vídeo divulgado pela polícia mostra moradores se abrigando dentro de uma delegacia enquanto o furacão devastava a cidade.

As imagens aéreas de Montego Bay, no norte, revelam inundações extensas no estádio municipal e em bairros inteiros como Catherine Hall, onde as águas subiram rapidamente durante a passagem do olho do furacão. A força dos ventos lançou destroços por quilômetros e destruiu parte das instalações do Aeroporto Internacional Sangster, onde os portões 1 a 5 sofreram danos significativos.

Apesar da destruição, o ministro Vaz afirmou que o Aeroporto Internacional Norman Manley, em Kingston, sofreu apenas danos leves e deverá reabrir nesta quinta-feira (30). A retomada das operações será fundamental para receber ajuda humanitária e insumos de emergência vindos de Barbados, Panamá e de outros países.

Imagens de satélite em alta resolução divulgadas pela empresa Vantor, captadas hoje, mostram um retrato de devastação em vários pontos do Oeste da Jamaica depois da passagem ontem do furacão Melissa. Veja nas imagens como era  a região antes e como ficou após  a passagem do furacão.

VANTOR/AFP/METSUL

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O coordenador-residente das Nações Unidas na Jamaica, Dennis Zulu, classificou o episódio como “devastação sem precedentes”. Ele afirmou que o impacto do furacão se espalhou por toda a ilha, destruindo infraestrutura, redes elétricas e rodovias. “A malha viária foi cortada em diversos pontos e o fornecimento de energia foi interrompido em grande parte do país”, disse.

Zulu acrescentou que a ONU está mobilizando ajuda imediata em água, alimentos e abrigo, além de utilizar drones e imagens de satélite para mapear as áreas de difícil acesso.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou a liberação de US$ 4 milhões em fundos de emergência para Haiti e Cuba, também atingidos pela passagem do furacão, e prometeu apoio total à Jamaica. “As Nações Unidas estão prontas para auxiliar todos os países afetados pelo furacão Melissa. Em coordenação com os governos locais, avaliaremos novas necessidades humanitárias e possíveis campanhas de financiamento”, disse em nota.

O primeiro-ministro Andrew Holness declarou a Jamaica zona de desastre e pediu calma à população. Na manhã de quarta-feira, após o enfraquecimento do sistema, o governo emitiu o “all clear”, autorizando o início das operações de restabelecimento de energia, abastecimento de água e telecomunicações.

As escolas permanecem fechadas e as autoridades de defesa civil recomendam que moradores evitem áreas inundadas, especialmente no oeste e sudoeste da ilha. Há também alertas sobre o risco de deslizamentos e o aparecimento de crocodilos nas áreas alagadas.

O furacão Melissa segue agora em direção ao Atlântico aberto, depois de ter tocado terra em Cuba na madrugada de quarta-feira como categoria 3, com ventos de 190 km/h. Ao longo do dia, perdeu força e foi rebaixado para categoria 1, com ventos de cerca de 145 km/h, enquanto se afastava da Jamaica e de Cuba em direção às Bahamas.

Mesmo mais fraco, o ciclone ainda representa ameaça de marés de tempestade e fortes ondas nas Bahamas e Turks e Caicos. Os meteorologistas preveem que o sistema poderá se reorganizar e voltar a ganhar intensidade ao se aproximar das Bermudas nos próximos dias.

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