
Cidade de São Paulo teve tempo muito aberto e a menor temperatura do mês no último dia de julho sob influência de uma massa de ar seco e frio que alcançou o Sudeste do Brasil | ADRIANO BATTAGLIA
Os dados confirmam. A cidade de São Paulo teve um julho muito seco e excepcionalmente quente para a época do ano, padrão que se repetiu em grande parte do Centro-Sul do Brasil que experimentou um julho de temperatura acima a muito acima da média, fora dos padrões do mês que costuma ser o mais frio do ano.
A temperatura máxima média na capital paulista em julho de 2022 foi de 25,5°C na estação automática de Mirante de Santana. Trata-se da maior já observada em julho desde que se iniciaram as medições no local em 1943. Bate o recorde anterior de maior máxima média em julho de 1977 que foi de 25,3°C. A normal das máximas mês é de 22,9 °C, ou seja, neste ano as máximas ficaram 2,6°C acima da média climatológica, o que é muito expressivo.
O ranking das maiores médias máximas de temperatura em julho a partir de agora passa a ser julho de 2022 com 25,5ºC; julho de 1977 com 25,3ºC; julho de 2018 com 25,1ºC; julho de 1987 com 24,8ºC; julho de 1959 com 24,6ºC; julho de 1999 com 24,5ºC; e julho de 2006 com 24,4ºC.
Embora a média máxima recorde para o mês, a maior temperatura de julho na estação do Mirante foi de 28,1°C, registrada na tarde do dia 16, valor longe do recorde. Na série histórica, o recorde de temperatura máxima em um mês de julho é de 30,2°C em 2006.
A média das temperaturas mínimas também foi elevada, fechando o mês em 14,5°C, portanto 1,7 °C acima da média mínima histórica de julho na capital paulista de 12,8 °C. A menor marca no mês foi de 10,8 °C, no último dia de julho.
Por que o julho tão quente?
O movimento do ar frio de origem polar foi predominantemente zonal no Cone Sul da América do Sul por semanas em julho, ou seja, com as massas de ar frio se movimentando de Oeste para Leste no Sul do continente e sem progredir para o Norte de forma recorrente. Isso explica o julho de temperatura muito acima da média no Centro-Sul do Brasil.
No Sul do continente, fez muito frio e nevou em grande quantidade. A Oscilação Antártica foi predominantemente positiva durante julho, desfavorecendo incursões de ar frio no Brasil, e o comportamento da Oscilação de Madden-Jullian não proporcionou ciclones mais intensos que pudessem levar o ar mais gelado do extremo Sul da América para latitudes médias.
Meses de pouca chuva
A chuva acumulada na capital paulista em julho somou apenas 9,2 mm na estação automática do Instituto Nacional de Meteorologia, de Mirante de Santana. O valor representa somente 19% da climatologia do mês de 48,4 mm. Assim, a precipitação ficou 39,2 mm abaixo da média histórica mensal 1991-2020.
O maior volume de chuva em 24 horas na cidade em julho foi de 9,0 mm, totalizado na manhã do dia 30, quando uma frente fria enfim chegou ao Sudeste do Brasil e encerrou um persistente bloqueio atmosférico. Houve somente um dia com registro de precipitação significativa (acima ou igual a 1 mm), três a menos do que a climatologia mensal.
O desvio de precipitação na cidade de São Paulo neste ano até agora está negativo em 200 mm, ou seja, um déficit de 19 % em relação à climatologia parcial dos sete primeiros meses. A capital paulista costuma ter pouca chuva nesta época do ano por julho ser parte da estação seca no Sudeste do Brasil, mas são vários meses de chuva abaixo da média.
Janeiro anotou 378,6 mm e superou a média mensal histórica de 292,1 mm em 86,5 mm. O mês de fevereiro somou somente 69,2 mm, enorme desvio de 188,5 mm em relação à média de 257 mm. Já março teve chuva de 233,8 mm, apenas 4,7 mm superior à normal climatológica de 229,1 mm.
Durante o outono, a estação quase inteira teve pouca chuva na capital paulista. Em abril, apenas 61 mm se precipitaram no Mirante de Santana, 26 mm abaixo da normal mensal de 87 mm. Em maio, 52 mm ou 14,3 mm abaixo da média de 66,3 mm. Em junho, 34,6 mm ou 25,1 mm da média mensal histórica de precipitação de 59,7 mm.
No inverno climatológico, em junho a chuva somou somente 34,6 mm na estação do Mirante de Santana. O valor ficou 25,1 mm abaixo da normal climatológica 1991-2020 que é de 59,7 mm, o que significa um desvio de -42 %. O maior volume de chuva em 24 horas foi de 21,8 mm. Ao todo foram três dias com registro de precipitação acima ou igual a 1 mm, ou dois dias a menos do que a climatologia.