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São Paulo enfrenta um mês de junho extremamente seco e com temperatura muito acima do normal com calor recorde | NELSON ALMEIDA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A cidade de São Paulo, assim como grande parte do Centro-Sul do Brasil, experimenta um junho de condições climáticas muito atípicas com temperatura muito acima da média e escassez de precipitação. Os desvios da climatologia histórica são enormes na capital paulista.

A razão é um bloqueio atmosférico persistente que não é rompido por frentes frias, o que mantém a chuva concentrada no Rio Grande do Sul enquanto o Centro-Oeste tem calor intenso e tempo extremamente seco que contribui para as queimadas em números sem precedentes no Pantanal.

No Sudeste do Brasil, em pleno mês de junho, tarde após tarde a temperatura fica acima a muito acima da média com muitos dias de calor que em nada recordam um dos meses mais frios do ano.

Nos primeiros vinte dias de junho, a temperatura mínima média na estação oficial da cidade de São Paulo ficou em 15,5ºC. O valor está 2,0ºC acima da média mínima histórica 1991-2020 de 13,5ºC.

Já a média máxima nos primeiros vinte dias de junho na estação do Mirante ficou em 26,8ºC. O valor está 3,9ºC acima da média máxima histórica de junho de 22,9ºC. Para se ter ideia, 26,8ºC está perto da normal das máximas de abril de 26,6ºC.

Não bastasse, no dia 16 a cidade de São Paulo igualou o seu recorde histórico de máxima para o mês de junho ao atingir 28,8ºC na estação meteorológica do Mirante de Santana, pertencente ao Instituto Nacional de Meteorologia.

A umidade extremamente baixa tem contribuído para o calor. Ontem, a menor umidade relativa do ar na cidade de São Paulo atingiu 15% no Mirante de Santana, índice perto de marcas de umidade de deserto e que agrava o problema da poluição.

O ar muito seco seguirá trazendo noites frias e tardes quentes, como em deserto, no fim de semana. No domingo e na segunda, inclusive, não se pode descartar que caia o recorde de máxima de junho de 28,8ºC na capital paulista. Mesmo máxima perto ou ao redor de 30ºC não pode ser afastada.

Na terça, uma massa de ar frio que vai tangenciar o Sul do Brasil, deve trazer aumento de nuvens e chance de precipitação leve, mas não há consenso dos dados que chova. Como o ar frio passará “raspando”, o ar quente rapidamente retornará no meio da semana que vem com calor à tarde.

A nossa avaliação na MetSul Meteorologia é que o junho absolutamente atípico não pode ser explicado por variabilidade natural do clima apenas. Há nitidamente impacto de mudanças climáticas com o aquecimento acelerado do planeta.

São Paulo quebrou sucessivamente recordes mensais de temperatura desde o segundo semestre do ano passado, seja em valores diários ou mensais, o que não se explica só pelo El Niño recém terminado e acompanha extremos de temperatura em outras partes do mundo.

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