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Dezenas de milhões ficaram no escuro hoje em Portugal e na Espanha durante um enorme blecaute que afetou os dois países. “Um país desorientado e no escuro em busca de caixas-eletrônicos e comida”, estampou de manchete o site do jornal português Público. Trens pararam. Ruas congestionaram. Pessoas ficaram presas em elevadores. Voos foram cancelados.

A causa do blecaute é ainda desconhecida, embora o operador elétrico português tenha sugerido a hipótese de um fenômeno atmosférico raro chamado de “vibração atmosférica induzida”, o que não é consenso entre especialistas. Não havia qualquer condição meteorológica severa ou extrema no momento do apagão.

O grande blecaute na Península Ibérica acabou por desencadear uma série de especulações e teorias de conspiração na internet. Uma das hipóteses científicas sugerida foi a influência do sol pela atividade geomagnética.

A atividade solar, especialmente através de explosões solares e ejeções de massa coronal, representa uma ameaça real à infraestrutura elétrica moderna. Essas manifestações solares liberam partículas altamente energéticas que, ao atingirem a Terra, interagem com seu campo magnético e provocam tempestades geomagnéticas.

O fenômeno gera correntes induzidas no solo — conhecidas como GICs (geomagnetically induced currents) — capazes de infiltrar-se em redes de transmissão elétrica, danificar transformadores e causar apagões em larga escala.

Explosão solar em março deste ano | NASA

O caso mais emblemático dessa ameaça ocorreu em 13 de março de 1989, quando uma forte tempestade geomagnética atingiu a América do Norte. Em poucos minutos, a rede da Hydro-Québec, no Canadá, colapsou.

As correntes induzidas desligaram sistemas de proteção e sobrecarregaram equipamentos, interrompendo o fornecimento de energia para cerca de seis milhões de pessoas. A queda durou até nove horas e afetou hospitais, escolas, transportes públicos e serviços essenciais, além de gerar prejuízos econômicos consideráveis.

O apagão canadense expôs a vulnerabilidade dos sistemas elétricos modernos frente à atividade solar. Desde então, operadoras de energia passaram a investir em mecanismos de monitoramento solar e estratégias de mitigação de danos. No entanto, o risco permanece.

Atividade geomagnética hoje era muito baixa e sem tempestade solar | NOAA

Mas não foi o caso de hoje. Há vários dias, a atividade geomagnética na Terra tem sido baixa. Vários indicadores mostram que não houve nenhuma tempestade solar afetando o planeta nas horas que precederam o blecaute.

No momento em que houve o apagão na Espanha e em Portugal, o chamado índice planetário Kp era muito baixo, variando entre 0 e 1, na cor verde que é a mais baixa na escala da NOAA de tempestades geomagnéticas.

Na tempestade solar enorme de maio do ano passado, que fez as auroras serem vistas até no Caribe e no Norte da África, assim como na fronteira do Uruguai com o Rio Grande do Sul, o índice Kp chegou a 9, no limite de uma tempestade solar severa (G4) e extrema (G5).

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