Uma ruptura no padrão atmosférico que prevaleceu nas últimas três semanas vai trazer chuva frequente e localmente volumosa neste final de julho, de acordo com a previsão da MetSul Meteorologia. Os três estados do Sul do Brasil terão os maiores acumulados de precipitação, mas a chuva alcançará o Centro-Oeste e o Sudeste.
Desde o episódio de chuva do fim de junho, que chegou a ter acumulados acima de 150 mm na Metade Norte gaúcha e provocou repique de cheias de rios, o Sul do Brasil tem enfrentado um período de precipitação abaixo a muito abaixo da média em uma época que costuma ser chuvosa.
A cidade de Porto Alegre, por exemplo, tem média histórica de precipitação em julho, de acordo com a série 1991-2020, de 163,5 mm. Trata-se da maior média mensal de chuva na climatologia anual da capital gaúcha.
A despeito de ser um mês comumente chuvoso, as primeiras três semanas do mês neste ano foram de precipitação muito abaixo da média em Porto Alegre, muito em razão da poderosa massa de ar frio de alta pressão que atuou no começo deste mês. Tanto que até a manhã deste dia 24 a precipitação na capital gaúcha soma tão-somente 36,6 mm na estação do bairro Jardim Botânico.
Essa condição se repete ainda no interior gaúcho e nos estados de Santa Catarina e do Paraná agora em julho. Em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, a precipitação até agora em julho é de apenas 18,5 mm. A média histórica mensal é de 184,3 mm, ou seja, choveu só 10% da média mensal até agora.
No Centro do Brasil, no Sudeste e no Centro-Oeste, julho está no auge da temporada seca e as precipitações são muitos escassas. Isso se reflete em parte do Paraná devido à proximidade geográfica. Porém, mais ao Sul do Brasil, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, não existem temporadas seca e chuvosa e julho costuma ter precipitação mais frequente e não raro volumosa.
A condição de tempo seco e chuva muito abaixo da média das últimas semanas, porém, começa a mudar no Sul do Brasil sob um novo padrão atmosférico que favorecerá chuva mais frequente e com maiores volumes neste fim de julho e no começo de agosto.
Essa mudança já se faz sentir a partir de hoje com chuva nesta quinta-feira nos três estados da Região Sul, especialmente entre a Metade Norte gaúcha e o Centro-Sul do Paraná. Amanhã, sexta-feira, a instabilidade atua mais no estado catarinense e no Centro-Sul do Paraná enquanto no Rio Grande do Sul será mais isolado.
A instabilidade, entretanto, deve voltar a aumentar no fim de semana. No sábado, chove no decorrer do dia na maior parte do Rio Grande do Sul e de forma muito isolada em Santa Catarina e no Sul do Paraná. No domingo, a chuva se intensifica e atinge grande parte do Sul do Brasil com volumes altos em parte do território gaúcho. A chuva alcança ainda parte do Mato Grosso do Sul.
A chuva segue no começo da semana que vem. Chove na segunda em quase todo o Sul do Brasil e ainda em vários pontos do Mato Grosso do Sul e de São Paulo. No estado gaúcho, os maiores volumes devem se dar na Metade Leste. Na terça, a instabilidade prossegue com precipitações mais irregulares na Região Sul e chove ainda em pontos do Mato Grosso do Sul e de São Paulo. A chuva alcança ainda o Sul de Minas Gerais e o Rio de Janeiro.
Por que muda o padrão atmosférico?
Sem nenhuma massa de ar polar continental recente, como no começo do mês, que pudesse garantir tempo seco prolongado, já era de se esperar que a chuva voltaria a ter maior frequência mais ao Sul do Brasil. Mas entram em cena também o que se denomina em Meteorologia de teleconexões.

NOAA
Mesmo com sinal fraco (gráfico acima) nas longitudes do Brasil, a chamada Oscilação de Madden-Julian (OMJ) favorece neste final de julho um padrão de maior instabilidade com formação de áreas de baixa pressão atmosférica que trazem chuva e conseguem levar as precipitações mais ao Norte até parte do Centro do Brasil.
A Oscilação de Madden-Julian (OMJ) é um padrão de variabilidade climática tropical que atua como uma onda atmosférica de grande escala, propagando-se de Oeste para Leste entre o Oceano Índico e o Pacífico tropical. Ela se manifesta por meio de áreas alternadas de maior e menor convecção (formação de nuvens e chuvas), influenciando o clima em várias partes do mundo, inclusive na América do Sul. O ciclo completo da OMJ pode durar de 30 a 60 dias.
Quanto pode cair de chuva?
Os mapas abaixo trazem a projeção de chuva acumulada em sete dias, até o final do mês de julho, conforme os dados dos modelo UKMET do Met Office do Reino Unido, Icon da Alemanha, e o modelo do Centro Meteorológico Europeu.

METSUL

METSUL

METSUL
Como se observa, nesta última semana de julho a chuva pode somar 50 mm a 100 mm em vários pontos do Sul do Brasil com marcas isoladas até acima de 100 mm. Os mais altos volumes devem ser registrados no Rio Grande do Sul, embora possa chover com acumulados localmente elevados ainda em Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul.
Obviamente, com a chuva, haverá elevação de níveis de rios, mas não é um cenário pelos dados de hoje que traga preocupação maior do ponto de vista hidrológico, ou seja, o risco de enchentes é baixo. Chuva isoladamente forte, entretanto, especialmente durante o domingo, podem trazer alguns alagamentos pontuais em áreas urbanas.
Como consultar os mapas
Todos os mapas deste boletim e de vários outros modelos, os principais em operação na Meteorologia mundial e os mais recentes de inteligência artificial, podem ser consultados pelo nosso assinante (assine aqui) na nossa seção de mapas a qualquer hora. A plataforma oferece mapas de chuva, geada, temperatura, risco de granizo, vento, umidade, pressão atmosférica, neve, umidade no solo e risco de incêndio e raios, dentre outras variáveis, com atualizações duas a quatro vezes ao dia, de acordo com cada simulação. Na seção de mapas, é possível consultar ainda o nosso modelo WRF de altíssima resolução da MetSul.
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