A ruptura de um dique do sistema de proteção de Porto Alegre contra enchentes, junto ao Rio Gravataí, provocou graves alagamentos na madrugada do sábado no Norte de Capital. As águas invadiram ruas do bairro Sarandi e das vilas Asa Branca, Elizabeth, Nova Brasília e União. Cerca de setecentas casas foram atingidas e 2,8 mil pessoas atingidas. Muitas pessoas tiveram que deixar às pressas suas casas e, por conta disso, houve saques. A inundação atingiu até o estacionamento da FIERGS. Os bombeiros auxiliaram na retirada dos desabrigados, especialmente, de crianças, idosos e pessoas com dificuldades de locomoção. Um grupo de jipeiros – que participaria de um encontro e se reuniu perto do local onde o dique rompeu – e escoteiros também ajudaram nos resgates e nos esforços de distribuição de donativos. Houve uma grande mobilização da Prefeitura e da população com donativos que chegaram em grande quantidade à região já na tarde de sábado.
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O DEP (Departamento de Esgotos Pluviais) vistoriou o dique neste domingo e constatou que não há motivos para preocupação quanto a novos transbordamentos e inundações na região, apesar da volta da chuva. “Queremos tranquilizar a população, garantindo que não existe ameaça de vazamento naquele local ou em outro. A contenção que conseguimos fazer resolveu o problema do vazamento e as casas de bombas números 9 e 10 estão atuando a pleno, puxando a água represada”, afirmou técnico do órgão. As águas estão baixando lentamente em praticamente todas as ruas que foram inundadas Dos 300 desabrigados removidos para a Escola Municipal de Ensino Básico Dr. Liberato Salzano Vieira da Cunha, 170 seguem no local.
A inundação na zona Norte de Porto Alegre ontem foi uma das maiores na Capital no último meio século em quadros de enchentes de rios na região. Pode ter sido a inundação mais grave em consequência de cheia e/ou colapso de sistema de macrodrenagem da cidade desde a enchente em Porto Alegre de 1967. À época, em setembro de 1967, a mesma área afetada neste sábado também foi inundada, mas as águas invadiram também outras partes da cidade como o Centro (foto abaixo do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa). Mais de 100 mil pessoas ficaram sem água e dezenas de bairros sem energia.
O nível do Lago Guaíba em 1967 alcançou 3,13 metros (13 cm acima do nível de transbordamento no Cais Mauá) e na atual cheia atingiu 2,28 metros, logo a cheia na cidade de agora foi muito menor que em 1967. Ocorre que desta vez, o que pode ter contribuído para o colapso do dique, as cheias tanto do Rio dos Sinos como do Gravataí (Arroio Feijó que corta a região atingida integra a bacia do Gravataí) foram enormes. No caso do Sinos, foi a maior desde agosto de 1965 (7,93 m em Campo Bom). Como as nascentes do Gravataí e Sinos estão próximas, é razoável dizer que a cheia do Gravataí também está entre as maiores dos últimos 50 anos. (Arte de Jonathas Costa/O Alvoredense)