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Um marco espetacular na era espacial. A sonda europeia Rosetta entrou nesta quarta-feira na órbita de um cometa, depois de ter passado quase uma década no seu encalço. A nave se aproximou do 67P/ Churyumov-Gerasimenko para investigar a estrutura e composição do astro. “Depois de 10 anos, 5 meses e 4 dias viajando até nosso destino, após cinco voltas ao Sol numa viagem de 6,4 bilhões de quilômetros, estamos felizes em anunciar que finalmente chegamos”, disse o diretor-geral da Agência Espacial Européia (ESA)  Jean-Jacque Dordain. Os onze instrumentos da Rosetta devem observar o cometa por mais de um ano, buscando indícios da presença de água, carbono e outros elementos fundamentais para a vida. Uma das teorias entre pesquisadores é que a vida aqui na Terra possa ter surgido a partir de elementos orgânicos trazidos por corpos celestes.


Até hoje, cientistas foram capazes apenas de fazer sondas cruzarem o caminho de cometas, possibilitando apenas observações fugazes. Agora uma nave montada pelo homem está viajando lado a lado de um. As dificuldades técnicas de seguir na órbita ao redor do 67P são consideráveis. O cometa viaja a 55 mil km/h. Para entrar na sua órbita, a nave precisa estar em frente a uma velocidade diferente apenas 3,6 km/h menor, permitindo a aproximação até ficarem lado a lado. O feito é inédito e dificultado pelo fato de os sinais de rádio enviados da Terra para comandar a sonda levarem mais de 22 minutos para serem recebidos devido à distância de 550 milhões de quilômetros da Terra. No primeiro dia da sua órbita, Rosetta começou a enviar imagens fantásticas em alta resolução da superfície do cometa, mostrando crateras e desfiladeiros.


A missão Rosetta, batizada em homenagem à pedra que possibilitou a tradução dos hieróglifos egípcios, foi planejada na década de 90. A sonda foi lançada em março de 2004 e utilizou a gravidade da Terra e de Marte para ganhar impulso. A sonda foi desligada (modo de hibernação) por 31 meses a partir de 2012 e somente foi reativada em 1º de janeiro deste ano a fim de economizar energia. A missão vai ficar ainda mais incrível em novembro, quando Rosetta se aproximar ainda mais do cometa. O controle da missão vai tentar pousar o módulo Philae da sonda na superfície do cometa. Para isso serão usados “arpões” como âncoras. Uma vez na superfície, Philae realizará uma série de experimentos, inclusive perfurações nas rochas.