Brasília enfrenta alguns dos dias mais quentes da sua história (Marcelo Casal/Agência Brasil/EBC)

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta de calor com nível de muito perigo para o Brasil Central, especialmente o Centro-Oeste, em que destaca até o risco de morte por hipetermia devido à temperatura extremamente elevada na região. A meteorologista Estael Sias, da MetSul, comenta que o alerta do órgão federal é “muito correto” diante dos graves riscos trazidos pelo calor excessivo para a saúde, em especial na população mais vulnerável como idosos.

A onda de calor volta a se intensificar no Brasil Central nesta semana com máximas em patamares jamais vistos em muitas áreas da região com recordes absolutos de máximas. A temperatura na tarde da segunda-feira chegou a 44,6ºC no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul, a apenas 0,1ºC do recorde oficial de temperatura máxima do Brasil. Ao calor se soma a baixíssima umidade com níveis de deserto.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), em sua página na internet, enfatiza que “as ondas de calor estão entre as maiores ameaças naturais, mas raramente merecem a atenção adequada porque os seus saldos de mortes e destruição não são sempre imediatamente óbvios”. Entre 1998 e 2017, mais de 166 mil pessoas morreram no mundo em razão de temperatura extrema, sendo 70 mil pessoas somente na onda de calor de 2003 na Europa, que atingiu principalmente a França com dezenas de milhares de vítimas.

“A exposição da população ao calor está aumentando com as mudanças climáticas e em escala global os eventos de calor estão aumentando em frequência, duração e magnitude”, alerta a agência da Organização das Nações Unidas. Entre 2000 e 2016, o número de pessoas expostas a ondas de calor no planeta aumentou em 125 milhões.

“Estamos diante de uma onda de calor extraordinária com marcas que representam um grave risco para a saúde da população em um país em que a maioria das pessoas não tem acesso a um ar-condicionado”, diz Estael Sias. A meteorologista da MetSul lembra que nos Estados Unidos, em eventos de calor extremo, são montado os chamados “cooling centers”, locais com ar refrigerado para onde as pessoas de maior risco podem se abrigar durante os dias mais quentes. “Infelizmente, no Brasil, não temos nem estrutura nem planejamento para esse tipo de iniciativa e é sabido que muitos buscam até o shopping center em dias de calor extremo para se refrescar”, afirmou.

Riscos à saúde

Calor em nível excepcional pode causar prejuízos à saúde e, em alguns casos, até levar à morte. Segundo o Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), o calor extremo causa mais mortes relacionadas ao clima no país do que qualquer outro evento meteorológico combinado.

O risco de emergências relacionadas ao calor é especialmente alto para idosos, animais de estimação e pessoas com doenças crônicas, mas a exposição ao tempo excessivamente quente de forma prolongada pode aumentar a temperatura de qualquer pessoa, levando à desidratação, exaustão pelo calor ou até mesmo insolação, que pode levar à insuficiência cerebral, cardíaca ou renal, e danos aos tecidos.

Sob calor extremo, em caso de necessidade de passar um tempo prolongado ao ar livre, o o ideal é o amanhecer e com a recomendação de muitas pausas, buscando uma área sombreada quando começar a se sentir superaquecido.

Como regra geral, deve ser evitado o consumo de cafeína e álcool em excesso, ambos diuréticos que desidratam ainda mais o corpo, e deve se buscar a hidratação periódica com muitos líquidos como água e sucos naturais.

O mais importante é procurar atendimento médico se estiver apresentando sintomas relacionados ao calor. Se começar a sentir náuseas, vertigens, confusão mental ou fraqueza, vá para dentro de casa imediatamente e hidrate-se. Busque um médico ou o serviço de emergência de saúde local imediatamente se os sintomas não desaparecerem depois que você voltar para dentro de casa ou se você tiver febre de 40°C ou mais depois de sair de casa.