A MetSul Meteorologia adverte que o Rio Grande do Sul enfrenta enchentes durante os próximos dias. Desde a semana passada já alertávamos para a possibilidade de cheia, mas com os dados de chuva registrados e onde choveu mais se tem um cenário mais claro das regiões de maior risco.

Vários rios devem sair do leito com enchente | NELSON ALMEIDA/AFP/METSUL/ARQUIVO
Rios já começavam a subir rapidamente nesta terça-feira e atingiam em algumas cidades cotas de alerta e inundação. Agora, com mais chuva, uma vez que a previsão é de chover muito até sexta e com altos volumes principalmente nesta quarta, a perspectiva é de piora no quadro com elevação adicional dos níveis.
Somente nesta quarta pode chover entre 75 mm e 150 mm em vários pontos do Centro para o setor Oeste da Lagoa dos Patos e na direção da região metropolitana, trazendo mais água na bacia do Jacuí e em rios que cortam o Vale do Rio Pardo, como o Pardinho.
Na Serra, onde choveu muito hoje mais a Oeste da região com marcas acima de 100 mm, chove menos nesta quarta e a precipitação aumenta na quinta, embora sem previsão de volumes excessivos.
A Serra é importante porque abriga as nascentes dos rios Taquari Caí e Paranhana, mas, felizmente, as nascentes mais a Leste estão fora da zona crítica de chuva excessiva e as precipitações mais intensas se concentram no Oeste da região, o que alcança apenas parte da bacia do Taquari-Antas. A parte mais a Leste da bacia do Taquari não teve e não deve ter volumes excessivos, mas choveu muito hoje (100 mm a 150 mm) no setor Oeste da bacia.
De acordo com a nossa análise, a tendência é o estado enfrentar enchentes nesta segunda metade da semana e no começo da próxima, com os picos variando por rios e localidades eis que alguns cursos são de grande extensão.
Cheias são possíveis em diversos rios, dentre eles Santa Maria, Ibirapuitã, Vacacaí, Vacacaí Mirim, Ibicuí, Taquari, Pardinho, Jacuí, Taquari, Caí, Camaquã e Ijuí. Rios como Gravataí e Sinos têm risco menor.
No Centro do estado, a cheia do Jacuí e afluentes pode ser significativa, afetando Cachoeira do Sul, o Vale do Rio Pardo e a Região Carbonífera, além de Eldorado do Sul. No Oeste, a cheia do Rio Ibirapuitã deve ser maior que a última.

Projeção do modelo hidrológico indica risco médio a alto de cheias na faixa central do estado | ECMWF
A MetSul Meteorologia alerta que o Guaíba em Porto Alegre subirá muito rapidamente no final da semana, especialmente pela vazão Jacuí, o que vai levar a uma cheia. Não será uma repetição de 2024 e o maior risco é para a região das ilhas, que deve ter alagamentos.
O Guaíba alto trará alagamentos na Praia de Paquetá, em Canoas, e ainda represará o Arroio Feijó com risco de alagamentos e inundação em Alvorada e parte da zona Norte de Porto Alegre.
Por que os rios sobem?
Volumes excessivamente altos atingiram no final da segunda e hoje muitas cidades do Rio Grande do Sul, especialmente do Centro, Oeste, Sul do estado e o Oeste da Serra com alagamentos, inundações, deslizamentos de terra, subida de rios e ainda transbordamento de arroios e córregos em cenário que a MetSul alertava com vários dias de antecedência.
Os volumes em 24 horas até o final da tarde de hoje na rede do Instituto Nacional de Meteorologia foram de 159 mm em Encruzilhada do Sul, 155 mm em Santa Maria, 148 mm em São Vicente do Sul, 140 mm em São Borja, 108 mm em Serafina Corrêa, 97 mm em Caçapava do Sul, 96 mm em Alegrete, 84 mm em Camaquã e 83 mm em Uruguaiana.
Do sábado até o fim da tarde desta terça, na rede do Instituto Nacional de Meteorologia, os acumulados somam 234 mm em São Vicente do Sul, 214 mm em São Borja, 207 mm em Santa Maria, 195 mm em Encruzilhada do Sul, 170 mm em Caçapava do Sul, 160 mm em Alegrete, 137 mm em Serafina Corrêa, 134 mm em Tupanciretã, 121 mm em Soledade e 102 mm em Cruz Alta.
Em estações automáticas particulares e da Secretaria Estadual da Agricultura, a chuva tão-somente entre 0h e 18h de hoje, portanto em menos de um dia, somou 180 mm em Tupanciretã, 165 mm em Soledade, 159 mm em Sobradinho, 156 mm em Alegrete e 155 mm em Bossoroca.
Com o que já choveu no fim de semana, com mais até 150 mm no Centro-Oeste do estado, e ainda o que caiu hoje e se espera de hoje até sexta, a precipitação em uma semana deve atingir 150 mm a 300 mm em um grande número de cidades com marcas em algumas de até 300 mm a 500 mm.
Não é uma repetição de 2024
Como temos destacado e reiteradamente enfatizado, o cenário atual não tem qualquer comparação com maio de 2024 em termos de magnitude de cheias de rios. No Centro do estado, a cheia será significativa pelos volumes até parecidos com o do fim de abril de 2024 em alguns municípios, mas nas demais regiões os acumulados são muito menos expressivos.
Particular diferença se observa no caso da Serra, onde no fim de abril e no começo de maio de 2024 choveu até 1000 mm em alguns locais, sendo que agora os totais de chuva não devem chegar sequer a um quinto do observado na enchente do ano passado, o que livra a maior parte dos vales.
Sempre importante recordar ainda que cheias de rios e enchentes ocorrem todos os anos no Rio Grande do Sul, especialmente e não exclusivamente na presença do fenômeno El Niño, mas que 2024 foi o extremo do extremo em inundações e tem recorrência rara.
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