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Uma baixa pressão que vai dar origem a um ciclone extratropical vai trazer chuva, vento e tempestades severas para seis países da América do Sul nesta primeira metade da semana. Serão afetados Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai e Peru.

Ciclone deve provocar quedas de árvores e falta de luz | PMPA/ARQUIVO

O processo de formação do ciclone, denominado de ciclogênese, vai se iniciar a partir de uma área de baixa pressão em médios e níveis altos da atmosfera atualmente na costa do Chile.

Este sistema, denominado DANA (depressão atmosférica em altos níveis) nos países hispânicos, trará instabilidade no Chile e vento forte no Peru, onde este sistema é batizado localmente de “Oriana”, conforme lista da Meteorologia peruana.

Ao cruzar os Andes e entrar em fase com um centro de baixa pressão em superfície, a baixa pressão em altura vai começar a formar um ciclone extratropical entre a Argentina, o Uruguai e o Rio Grande do Sul entre amanhã e quarta-feira.

Baixa pressão em altitude (DANA) sobre o Pacífico na costa do Chile na imagem de satéite da manhã desta segunda-feira. Sistema vai cruzar o Andes e dar origem a um ciclone extratropical entre a Argentina e o Uruguai. | METSUL

Com isso, a atmosfera vai se instabilizar muito com chuva e temporais, alguns fortes a severos, nas latitudes médias da América do Sul com a instabilidade mais forte prevista para amanhã e quarta-feira.

Na quinta-feira, o ciclone estará na costa da Argentina e se afastando do continente, o que propiciará a melhora do tempo na maioria das áreas, inclusive no Sul do Brasil com o retorno do sol com nuvens.

Quais áreas têm maior risco de temporais

Nuvens muitos carregadas vão se formar durante o processos de formação do ciclone, a chamada ciclogênese, o que provocará chuva localmente forte e temporais, alguns de intensidade forte e severa.

Estes temporais podem ocorrer no Uruguai, Argentina, Paraguai, Sul do Brasil e no Mato Grosso do Sul. Podem provocar chuva forte a intensa, na maioria dos pontos com curta duração, e ainda vendavais e queda localizada de granizo.

Alguns vendavais localizados têm potencial para rajadas perto e acima de 100 km/h. Há risco de desenvolvimento de supercélulas isoladas de tempestade com potencial de fenômenos severos isolados de vento.

O período de maior risco de temporais será entre a tarde e a noite da terça-feira (19) e o começo da quarta (20), quando uma linha de instabilidade associada à formação de uma frente fria derivada do ciclone avançar de Oeste para Leste.

Elevada vorticidade na atmosfera com intrusão de ar quente favorecerá tempestades severas isoladas com vento | METSUL

Uma vez que haverá uma corrente de jato em baixos níveis com ar quente interagindo com a baixa fria em altitude sob um ambiente de acentuada vorticidade na atmosfera, há risco de formação de tornados na ciclogênese.

Como serão episódios isolados de tempestade, é difícil listar um ou dois dias antes cidades específicas que podem ter tempo severo, mas consideramos as áreas de maior risco de tempo severo o Nordeste da Argentina, Centro-Sul do Paraguai, Noroeste do Rio Grande do Sul e o Oeste de Santa Catarina, apesar de tempo severo ser possível em outras áreas.

Onde deve ter mais vento pelo ciclone

A ciclogênese e depois o ciclone devem trazer vento forte a muito forte com rajadas localmente intensas no Rio Grande do Sul. Haverá duas situações de vento distintas relacionadas ao ciclone e sua formação, além de vendavais isolados por tempestades.

Na primeira, durante esta terça-feira podem ocorrer fortes rajadas de vento do quadrante Norte, por conta de uma corrente de jato em baixos níveis, em distintas regiões do Rio Grande do Sul, Oeste de Santa Catarina, Oeste do Paraná e parte do Mato Grosso do Sul. As rajadas devem ficar, em média, entre 50 km/ e 80 km/h, mas isoladamente superiores por topografia. Em São Paulo, no interior e em parte do litoral, vento Norte seco e quente também pode soprar moderado a forte.

Já a segunda situação de vento será consequência direta do ciclone. O final da terça e a quarta-feira vai ser um dia bastante ventoso no Rio Grande do Sul com rajadas de 50 km/h a 70 km/h na maioria das regiões gaúchas, mas que podem ser superiores (70 km/h a 90 km/h) de forma localizada.

No litoral e sobre a Lagoa dos Patos, o vento deve ser mais forte. As rajadas no final da terça e durante a quarta-feira devem ficar entre 70 km/h e 90 km/h em vários pontos da faixa costeira, mas isoladamente podem ocorrer rajadas próximas, ao redor e até acima de 100 km/h.

O vento pode soprar com rajadas fortes a muito fortes em Capão da Canoa, Xangri-lá, Tramandaí, Imbé, Cidreira, Osório, Balneário Pinhal, Palmares do Sul, Capivari do Sul, Mostardas, Tavares, São José do Norte, Rio Grande, Pelotas, Santa Vitória do Palmar e Chuí.

Também são áreas com potencial para vento forte a intenso São José dos Ausentes, Cambará do Sul, São Francisco de Paula, Rolante, Riozinho, Camaquã, Santo Antônio da Patrulha, Barra do Ribeiro, Arambaré, Cristal, Tapes, Turuçu e São Lourenço do Sul.

Projeção de vento máximo do modelo WRF-GFS até 21h de quarta | METSUL

Projeção de vento máximo do modelo WRF-ECMWF até 21h de quarta | METSUL

Chamamos atenção que o ciclone de 28 de julho teve vento mais forte em Porto Alegre e no litoral que se projeta agora, mas a ventania se concentrou mais no Leste gaúcho. Neste ciclone, pode ventar muito forte também em cidades mais afastadas da costa, no interior, com rajadas fortes a intensas na Campanha, Serra do Sudeste, Centro gaúcho, Vales, Serra, Alto Jacuí, Campos de Cima da Serra, Planalto Médio e Alto Uruguai.

Em Santa Catarina, o vento pode soprar forte a muito forte no Oeste, Meio-Oeste, Sul e Planalto Sul Catarinense. No Planalto Sul, junto ao paredão da Serra, em Bom Jardim da Serra e áreas próximas, as rajadas podem ficar entre 120 km/h e 140 km/h.

O vento terá potencial de derrubar árvores, causar destelhamentos, colapso de estruturas, derrubar postes e gerar e cortes de energia, embora com menor número de clientes afetados que no ciclone do fim de julho que chegou a ter 400 mil desligamentos simultâneos na área da CEEE Equatorial.

Por outro lado, cidades mais afastadas da costa, mais a Oeste, na área de concessão da RGE no Rio Grande do Sul, que escaparam do vento forte a intenso do ciclone do fim de julho, desta vez podem ter cortes de luz em consequência da ventania.

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