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O primeiro de uma sequência longa de dias de instabilidade no Rio Grande do Sul por um persistente rio atmosférico sobre o estado já trouxe chuva perto e acima de 100 mm em parte do território gaúcho, mostram dados de estações meteorológicas consultadas pela MetSul Meteorologia.

IARA PUNTEL

Os dados das estações de monitoramento indicaram até o final da tarde deste domingo acumulados de precipitação de 114 mm em Campina das Missões, 99 mm em Itaqui, 93 mm em Giruá, 89 mm em São Paulo das Missões e Porto Xavier, 80 mm em Porto Lucena, 79 mm em São Francisco de Assis, 75 mm em Alegrete, 72 mm em São Gabriel e em Palmeira das Missões, e 70 mm em Santa Rosa.

Este domingo com chuva marca o começo de um longo período de instabilidade no Rio Grande do Sul nestes últimos dez dias de dezembro, que serão marcados pela atuação de um rio atmosférico combinado à influência de um Vórtice Ciclônico em Altos Níveis (VCAN).

O cenário atmosférico fará com que a umidade da Amazônia seja canalizada diretamente para o território gaúcho, resultando em chuva persistente, volumosa e acima dos padrões esperados para esta época do ano. A situação é incomum, já que episódios de precipitação excessiva tendem a ocorrer no outono, inverno e primavera, e não no encerramento de dezembro — ainda mais sob condições de La Niña.

O VCAN, posicionado sobre o Centro do Brasil, cria um bloqueio atmosférico que redireciona o canal primário de umidade do continente para o Rio Grande do Sul. Enquanto seu centro costuma gerar ar mais seco e tempo firme, as bordas do sistema concentram instabilidade e favorecem intensa instabilidade.

Em vários municípios gaúchos, a chuva será frequente por muitos dias, em alguns momentos forte a torrencial. Acumulados de 100 mm a 150 mm em 24 horas são previstos para determinadas áreas em alguns dias, como já ocorreu neste domingo, totalizando em horas o equivalente a praticamente toda a média de dezembro.

A análise da MetSul Meteorologia aponta maior risco para regiões do Centro para o Oeste e o Noroeste do estado, onde a precipitação pode alcançar o dobro ou o triplo da média mensal apenas nesta reta final do ano.

Modelos numéricos indicam que o rio atmosférico se estabelece no início da semana natalina e pode persistir além do Natal, estendendo-se até o final do mês. O transporte de vapor a partir dos trópicos, junto a ventos intensos, sustenta a condição de chuva extrema.

Segundo critérios internacionais para rios atmosféricos, o episódio deste rio voador projetado se enquadra entre AR-3 e AR-4, graus que configuram eventos significativos.

Os acumulados projetados para os próximos sete a dez dias no Rio Grande do Sul são muito elevados: entre 100 mm e 200 mm em grande parte do estado, e de 200 mm a 300 mm ou mais em cidades do Centro para o Oeste e o Noroeste do estado.

A MetSul enfatiza que o excesso de chuva traz elevado risco de alagamentos, enxurradas, inundações repentinas e enchentes por transbordamentos de rios. As bacias do Uruguai, Ibicuí, Vacacaí, Jaguari e Quaraí são as mais expostas. A Região Metropolitana de Porto Alegre deve registrar elevação do Guaíba, hoje muito baixo, mas não há indicação de cenário grave.

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