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O Oceano Pacífico Equatorial segue mais frio que média e sem a presença ainda da La Niña neste começo de primavera, mostram dados divulgados pela agência de tempo e clima do governo dos Estados Unidos.

NOAA

Conforme o mais recente boletim da NOAA, que foi divulgado nesta semana, o Pacífico Equatorial Centro-Leste (região Niño 3.4) apresenta anomalias negativas, mas não em nível de La Niña.

Atualmente, a anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Centro-Leste – região do oceano usada oficialmente para designar se há El Niño ou La Niña conhecida como Niño 3.4 – está em -0,4ºC, ou seja, no limite da neutralidade com o valor mínimo de La Niña.

Na semana anterior, a anomalia era de -0,5ºC. O valor semanal de -0,5ºC foi a anomalia de temperatura do mar mais negativa nesta parte do Pacífico e a única semanal em patamar de La Niña desde o boletim semanal de 5 de fevereiro.

Já perto da costa da América do Sul, as águas superficiais no Pacífico Equatorial junto aos litorais do Peru e do Equador, região que é denominada de Niño 1+2, estão com anomalia de 0,0ºC, neutralidade absoluta.

Sem declaração de La Niña no curto prazo

Não há um evento de La Niña em andamento ainda. Uma semana apenas com as anomalias do mar em patamar do fenômeno, como na semana anterior, não permitem dizer que já está instalado no Oceano Pacífico.

São necessárias várias semanas seguidas em que o Pacífico Equatorial Centro-Leste (região Niño 3.4) apresente condições de La Niña com anomalias negativas de temperatura da superfície do mar de ao menos -0,5ºC.

Assim, considerado que a NOAA não declara condições de La Niña sem ao menos quatro a seis semanas seguidas com anomalias de temperatura do mar consistentes com uma fase fria, entendemos que a agência não deve declarar, se declarar, condições de Niña antes da metade de outubro ou quiçá novembro.

Uma vez que os sinais de La Niña ainda são incipientes, a atmosfera ainda não vai se comportar nas próximas semanas como se o fenômeno já estivesse instalado, o que significa que muitas áreas do Sul do Brasil terão chuva perto e localmente acima da média.

O que é o fenômeno La Niña e como impacta o Brasil

O fenômeno La Niña tem impactos relevantes no sistema climático global, sendo caracterizado por temperaturas abaixo do normal na superfície do Oceano Pacífico equatorial central e oriental. Essa condição contrasta com o El Niño, sua contraparte quente, e faz parte do fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS), que influencia os padrões climáticos em todo o mundo.

Durante um evento La Niña, as águas do oceano Pacífico equatorial central e oriental ficam mais frias do que o normal. Isso tem efeitos significativos nos padrões de vento, precipitação e temperatura ao redor do globo. A última vez em que a fase fria esteve presente foi entre 2020 e 2023 com um longo evento do fenômeno que trouxe sucessivas estiagens no Sul do Brasil e uma crise hídrica no Uruguai, Argentina e Paraguai.

No Brasil, os efeitos variam de acordo com a região. O Sul do país geralmente experimenta menos chuva enquanto o Norte e o Nordeste registram um aumento das precipitações. Cresce o risco de estiagem no Sul do Brasil e no Mato Grosso do Sul, embora mesmo com a La Niña possam ocorrer eventos de chuva excessiva a extrema com enchentes e inundações.

Infográfico de La Niña e El Niño

Além da chuva, o fenômeno também influencia as temperaturas em diferentes partes do mundo. No Sul do Brasil, o fenômeno favorece maior ingresso de massas de ar frio, não raro tardias no primeiro ano do evento e precoces no outono no segundo ano do episódio. Por outro lado, com estiagens, aumenta a probabilidade de ondas de calor e marcas extremas de temperatura alta nos meses de verão no Sul.

Em escala global, quando o fenômeno está presente há uma tendência de diminuição da temperatura planetária, o que nos tempos atuais significa menos aquecimento da Terra. O aquecimento do planeta, entretanto, foi tamanho recentemente que a temperatura média do planeta hoje em um evento de La Niña forte tende a ser mais alta que em um evento de forte El Niño décadas atrás.

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