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O intenso ciclone extratropical que atingiu o Sul do Brasil não trouxe apenas ventos de mais de 130 km/h e forte ressaca do mar. As praias do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina tiveram a presença de animais típicos da fauna antártica que, empurrados por correntes marítimas anômalas e pelo mar agitado, acabaram parando em áreas urbanas ou em faixas de areia muito frequentadas por turistas.

Filhote de lobo-marinho nas ruas de São José do Norte (E) e pinguins em Bombinhas (D) | NORTE FM E GIULIANO ZANIOL

O caso mais notável ocorreu em São José do Norte (RS), onde um filhote de lobo-marinho foi visto caminhando pelas ruas do Balneário Mar Grosso. O animal, visivelmente estressado e faminto, reagia com agressividade à aproximação de pessoas.

Especialistas do CRAM-Furg (Centro de Recuperação de Animais Marinhos da Universidade Federal de Rio Grande) confirmaram que a presença do mamífero na área urbana está diretamente ligada aos efeitos do ciclone extratropical que passou próximo da costa gaúcha.

Segundo a bióloga marinha Ana Paula Camargo, do CRAM-Furg, a vinda desses animais para latitudes médias da América do Sul, incluindo o Sul do Brasil, é parte de um comportamento migratório natural, mas o número de avistamentos aumenta em anos com fenômenos extremos.

“Pinguins-de-magalhães, por exemplo, migram todos os anos das colônias da Patagônia e das Ilhas Malvinas em direção ao Norte, buscando alimento em águas mais quentes. Mas ventos intensos e ressaca podem desorientar esses animais, levando-os até a costa”, explica.

Em Santa Catarina, vários pinguins apareceram nas praias, especialmente após a madrugada de hoje (29), quando o mar avançou sobre calçadões e estabelecimentos comerciais.

No bairro Pântano do Sul, em Florianópolis, ondas de mais de 4 metros danificaram decks de restaurantes e destruíram embarcações de pescadores. Em meio ao cenário de destruição, moradores também relataram o aparecimento de pinguins debilitados.

Pinguim nesta terça-feira em Bombinhas (SC) | GIULIANO ZANIOL

Além dos pinguins e lobos-marinhos, aves como albatrozes e petréis também podem ser afetadas por ciclones. Muitas vezes, elas são arrastadas para longe das rotas migratórias, ficando exaustas ou feridas ao chegar à terra firme.

A recomendação das autoridades ambientais é que, ao encontrar um animal marinho debilitado na praia, a população evite tocá-lo ou tentar alimentá-lo, acionando imediatamente órgãos de resgate, como o CRAM-Furg no Rio Grande do Sul ou o PMP-BS (Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos) em Santa Catarina.

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