Porto Alegre teve um dos menores valores de pressão atmosférica em décadas, muito possivelmente o menor ou o segundo menor desde o furacão Catarina de março de 2004, durante a passagem do ciclone extratropical pelo Rio Grande do Sul entre terça (9) e ontem (10).
Ciclone na manhã de 10 de dezembro e que trouxe a pressão atmosférica excepcionalmente baixa em Porto Alegre | METSUL
A pressão atmosférica reduzida ao nível do mar chegou a 992 hPa no Aeroporto Salgado Filho durante a madrugada da quarta-feira (10), abaixo de valores mínimas históricos que observamos nas últimas décadas, em regra, ao redor de 995 hPa ou 996 hPa.
A pressão atmosférica em Porto Alegre caiu abaixo de 1000 hPa às 14h da terça-feira (9) e somente voltou a ficar na casa de 1000 hPa ou superior às 21h de quarta-feira (10). Ou seja, foram mais de 30 horas abaixo de 1000 hPa.
No Vale do Sinos, a pressão atmosférica (não ajustada ao nível do mar) caiu a 989,9 hPa em Campo Bom. No ciclone bomba de 2020, a pressão mínima na estação do Vale tinha sido de 996,1 hPa.
A MetSul havia antecipado que a pressão seria excepcionalmente baixa e com valores históricos. Isso porque o ciclone apresentava pressão muito baixa, inferior a 990 hPa, ainda sobre terra no Rio Grande do Sul.
Boletins do Aeroporto Salgado Filho no periodo em que a pressão atmosférica esteve abaixo de 1000 hPa | DECEA/FAB
A pressão atmosférica é o peso do ar que está acima de um ponto na superfície terrestre. Ela varia conforme a temperatura, os movimentos verticais da atmosfera e a altitude. Quando o ar está mais frio ou mais denso, a pressão tende a subir; quando está mais quente ou úmido, ou quando há grande ascensão de ar, a pressão cai.
A média global ao nível do mar é de cerca de 1013 hPa, valor usado como referência Meteorologia. Por isso, níveis próximos de 1040 hPa em grandes massas de ar frio são considerados muito altos enquanto abaixo de 1000 hPa são muito baixos.
Quando a pressão em superfície reduzida ao nível do mar cai abaixo de 1000 hPa, o cenário muda significativamente: esse patamar é classificado como muito baixa pressão e costuma estar associado à formação de áreas de instabilidade, ciclones, aumento da umidade e intensificação dos ventos.
Isso ocorre porque a descida da pressão aumenta o gradiente entre áreas de alta e baixa pressão, acelerando o vento, além de favorecer a subida de ar úmido, que contribui para nuvens mais carregadas e chuva.
Assim, a marca de 1000 hPa se tornou um limite prático na Meteorologia para indicar que a atmosfera está com pressão suficientemente baixa para favorecer tempo instável e, em muitos casos, condições severas.
