No início de fevereiro, cientistas utilizando satélites da NASA e da Europa observarem uma redução significativa de um dos principais poluentes atmosféricos sobre a China depois que o país interrompeu o transporte e parou grande parte de sua economia. Três meses depois, com a maioria das restrições pelo coronavírus (COVID-19) terminando na China e a retomada da atividade econômica, os níveis de dióxido de nitrogênio no país voltaram ao normal para essa época do ano. Os cientistas já esperavam essa recuperação.

O dióxido de nitrogênio (NO2) é um gás nocivo emitido principalmente pela queima de gasolina, carvão e diesel por veículos a motor, usinas de energia e instalações industriais. Perto do solo, o NO2 pode se transformar em ozônio que torna o ar prejudicial à respiração. Em partes altas na atmosfera, pode formar chuva ácida. 

Cientistas do Laboratório de Química e Dinâmica Atmosférica do Centro de Vôos Espaciais Goddard da NASA monitoram dióxido de nitrogênio e outros aspectos da qualidade do ar global há várias décadas.

Os mapas mostram níveis de dióxido de nitrogênio na troposfera (a camada mais baixa da atmosfera) sobre a China. Os mapas acima mostram os níveis de NO2 nas partes central e Leste do país, de 10 a 25 de fevereiro (durante a quarentena), e de 20 de abril a 12 de maio (após o levantamento das restrições).

O gráfico abaixo mostra as mudanças nos níveis de NO 2 entre os dois períodos. As áreas alaranjadas representam aumentos (principalmente na China) desde fevereiro, enquanto as áreas azuis sofreram reduções (como Índia e Bangladesh, que ainda estavam em quarentena). Esses dados foram coletados pelo Tropospheric Monitoring Instrument (TROPOMI) no satélite Copernicus Sentinel-5P da Comissão Europeia , construído pela Agência Espacial Europeia.

O antecessor do TROPOMI, o Ozone Monitoring Instrument (OMI) no satélite Aura da NASA , faz medições comparáveis desde 2004. Embora o OMI forneça uma resolução espacial mais baixa, ele possui um registro de dados mais longo que pode colocar as mudanças de poluição no contexto. O OMI registrou tendências semelhantes em 2020 em relação à China. 

O gráfico abaixo mostra a densidade média da coluna de dióxido de nitrogênio – quanto NO2 seria encontrado em uma coluna de ar que se estende através da troposfera – sobre a China, medida pela OMI em 2020 (linha vermelha) e a partir de 2015-2019 (linhas azuis). O tempo é medido em dias antes e depois do início do Ano Novo Lunar que em 2020, começou em 25 de janeiro. Pesquisas anteriores mostraram que a poluição do ar na China geralmente diminui durante as comemorações do Ano Novo e depois aumenta lentamente no mês seguinte ao término das comemorações.

Entretanto, em 2020, essa recuperação pós-feriado foi adiada por várias semanas devido ao lockdown da COVID-19. Em fevereiro e março de 2020, os níveis de NO2 sobre Wuhan e algumas outras cidades chinesas ficaram bem abaixo das tendências de longo prazo. Em abril, os níveis se aproximaram da norma de longo prazo para a temporada.

É importante observar que os níveis de NO2 na atmosfera diminuem naturalmente a cada ano, do inverno à primavera e ao verão, além do padrão do Ano Novo Lunar. O aumento da luz solar reduz a vida útil do gás perto do solo, e a mudança dos padrões climáticos pode fazer com que o poluente se disperse mais rapidamente do ar.