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Um novo estudo conduzido por cientistas da Universidade de Yale lança luz sobre uma das maiores preocupações ambientais do planeta: o futuro da Amazônia. Diferentemente do que preveem algumas hipóteses sobre o chamado “ponto de não retorno”.

Fogo para desmatamento é uma das ameaças para a Amazônia | MICHAEL DANTAS/AFP/METSUL

A pesquisa mostra que não há sinais de um colapso iminente e uniforme em toda a floresta. O risco maior, segundo os pesquisadores, está no impacto direto da ação humana, como o desmatamento e as queimadas, que atingem a floresta como sucessivos “golpes de martelo”.

O levantamento, publicado na Annual Review of Environment and Resources, reuniu uma equipe internacional de especialistas. O trabalho reforça que, embora as mudanças climáticas sejam uma ameaça de longo prazo, o fator mais preocupante no presente é a intensidade da degradação causada por atividades humanas.

“O maior problema não são os ciclos de retroalimentação que podem ocorrer em 30 ou 50 anos, mas sim a escala da intervenção direta que já vemos hoje”, afirmou Paulo Brando, professor da Escola de Meio Ambiente de Yale e autor principal do estudo.

A Amazônia armazena uma quantidade de carbono equivalente a dez anos de emissões globais de dióxido de carbono. Além disso, florestas tropicais do mundo todo respondem por 55% do estoque global de carbono acima do solo e cerca de 40% de todo o sumidouro terrestre de carbono. Preservar esse equilíbrio é vital não apenas para a biodiversidade, mas também para o clima do planeta.

O conceito de ponto de inflexão parte da ideia de que, ao ultrapassar um limite específico, a floresta não conseguiria mais se regenerar, entrando em colapso irreversível. Em regiões mais secas da Amazônia, por exemplo, incêndios sucessivos reduzem a cobertura arbórea, favorecem vegetação mais inflamável e aumentam o risco de novos incêndios, num ciclo de degradação.

Entretanto, os pesquisadores destacam que a realidade é mais complexa. Os processos ecológicos não atuam da mesma forma em toda a bacia amazônica. Enquanto algumas áreas, como o sudeste da floresta, podem estar mais vulneráveis ao aquecimento global, grande parte do território sofre mais com a pressão do desmatamento, da exploração madeireira e da perda de espécies.

A boa notícia é que a floresta ainda demonstra surpreendente capacidade de resiliência. O estudo conclui que o colapso total apenas devido às mudanças climáticas é improvável. Grandes áreas da Amazônia podem se recuperar, desde que cesse a pressão humana.

Brando faz uma analogia simples: “É como comparar uma casa com um vazamento lento em sua fundação e outra atingida por uma bola de demolição. Sua casa pode ruir nos dois casos, mas se você parar a bola de demolição, ainda tem chance de consertar o vazamento e salvar a estrutura”.

O recado central do estudo é que ações locais e imediatas podem fazer diferença. Reduzir queimadas, restaurar ecossistemas e frear o desmatamento são medidas essenciais para garantir o futuro da Amazônia.

“Se pararmos esses golpes, a floresta ainda pode se recuperar”, disse Brando. “Cada ação — pequena ou grande — pode trazer benefícios.”

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