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Um trabalhador espalha palha queimada no chão de um vinhedo para criar uma cortina de fumaça para manter as temperaturas acima de 0°C e evitar que as vinhas congelem devido a uma onda de frio que atingiu a região, perto de Saint-Emilion, no Sudoeste da França, nesta terça. | CRISTOPHE ARCHAMBAULT/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Um episódio de frio intenso tardio, já no meio da primavera, ameaça produtores rurais e deixa a indústria do vinho em alerta na Europa Ocidental. A geada tardia tem potencial de destruir uma colheita inteira de uvas antes mesmo de os frutos emergirem. Na França, produtores correm para salvar a produção.

A proteção das videiras contra danos provocados por baixas temperaturas ocorre há milhares de anos. De acordo com um relatório do Departamento de Agricultura dos EUA, “tudo começou há pelo menos 2.000 anos, quando os produtores romanos espalharam pilhas de podas, vinhas mortas e outros resíduos em chamas para aquecer seus vinhedos durante as geadas da primavera”. O USDA estima que até 15% da produção agrícola mundial total é afetada por danos provocados pelo frio todos os anos.

Os produtores de vinho empregam todos os tipos de técnicas, desde helicópteros até enormes ventiladores e aquecedores, para salvar as colheitas, porque a geada pode devastar os vinhedos em uma única noite. Um congelamento histórico ocorrido há apenas alguns anos está na memória de muitos proprietários de vinhedos.

Em 2017, os vinhedos de Champagne, Bordeaux e Borgonha foram dramaticamente afetados quando as temperaturas caíram a valores entre -5ºC e –10ºC. A geada histórica de 2017 na primavera francesa foi a pior que qualquer um dos produtores de vinho se lembra de ter testemunhado.

“A maior parte das vinhas já brotaram (soltaram os botões), o mesmo acontece com os kiwis, os damasqueiros ou as macieiras: nestes frutos em formação basta uma geada ligeiramente forte e perdemos tudo”, explicou um produtor de maçãs, ameixas e uvas em Tarn-et-Garonne à agência AFP.

Forte onda de frio tardia atinge a Europa Ocidental nesta semana | ECMWF

Do Var à Borgonha, os agricultores enfrentam uma semana de perigos com o risco de geadas que podem destruir futuras colheitas. “Já houve algumas perdas entre os viticultores de Var, Vaucluse e certas áreas de Hérault. Estaremos muito vigilantes nos próximos dias”, disse Jérôme Despey, primeiro vice-presidente de um sindicato.

“Combatemos este risco recorrendo a turbinas eólicas para fazer circular o ar e reduzir a umidade, acendendo fogueiras nas vinhas ou recorrendo à irrigação, praticando a aspersão”, que permite pulverizar as vinhas ou as árvores de fruto para formar gelo protegê-las de temperaturas abaixo de 0°C, lembra o Sr. Despey, ele próprio um viticultor em Hérault.

Perto de Saint-Emilion, no Sudoeste da França, palha queimada no chão de um vinhedo para criar uma cortina de fumaça para manter as temperaturas acima de 0°C e evitar que as videiras congelem pela onda de frio tardia da primavera | CRISTOPHE ARCHAMBAULT/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Onde quer que existam, estes dispositivos são ativados, mas estima-se que menos de 20% das superfícies possam ser protegidas à escala nacional. Portanto, sim, tememos perdas”, explica. Normalmente, os agricultores se consideram fora de perigo depois dos “santos do gelo”, por volta de 10 a 12 de maio.

Com invernos cada vez mais amenos, eles temem especialmente geadas em botões cada vez mais precoces. Em 2021, as temperaturas caíram repentinamente para -5 ou -6°C, e as geadas destruíram 40% da produção de damasco e devastaram vinhas inteiras, custando ao Estado mais de 400 milhões de euros.

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