Uma intensa e prolongada onda de calor vai atingir todas as regiões do Brasil durante a primeira semana de outubro com máximas ao redor e acima de 40ºC em um grande número de cidades de vários estados, consequência de uma bolha de calor na porção central do território brasileiro.
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Os dados analisados pela MetSul Meteorologia indicam que a onda de calor vai afetar grande parte do Centro-Oeste e do Sudeste do Brasil e ainda parte do Nordeste, do Norte e até do Sul do Brasil nos próximos dias.
Será uma onda de calor intensa com máximas ao redor e acima de 40ºC em um grande número de locais de doze estados, atingindo Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Rondônia, Amazonas, Tocantins, Pará, Maranhão e Piauí.
Mas não apenas intensa. A onda de calor deve ser prolongada. O calor será excessivo na maioria das áreas destes estados até o começo da semana que vem, antes de uma frente fria levar chuva e queda de temperatura ao Sul, Centro-Oeste e o Sudeste entre os dias 7 e 9 de outubro.
Esta onda de calor no Brasil, como é de costume, vai estar associada a um padrão de bloqueio atmosférico com uma enorme área de tempo muito seco e quente em que a cada dia o calor e a reduzida umidade se retroalimentam com baixa umidade no solo.
O episódio quente, embora seja começo de primavera e não verão, não surpreende porque normalmente nesta época do ano ainda é a estação seca no Centro do Brasil, o que favorece dias de temperatura muito alta e em alguns casos onda de calor, como será o caso dos próximos dias.
No Brasil Central e no Centro-Oeste do país, aliás, justamente os meses de setembro a novembro e não os de verão costumam ter a maior incidência de dias de calor excessivo a extremo. No verão, chuva frequente costuma impedir ondas de calor mais intensas e prolongadas no Centro do país.
Se observada a climatologia da cidade de Goiânia (GO), por exemplo, ocorrem, em média, 4 dias com máximas acima de 35ºC no mês de agosto, 13 em setembro, 9 em outubro e 2 no mês de novembro. Assim, este trimestre de agosto a outubro costuma ser o de maiores extremos de temperatura alta no Centro do Brasil.
Pior do calor será entre o Centro-Oeste
A região que mais afetada pelo calor hoje e nos próximos dias será o Centro-Oeste com marcas em torno e acima de 40ºC em várias cidades. Os locais mais quentes na região serão o Centro e o Norte do Mato Grosso do Sul, o Mato Grosso e Goiás, em particular a Oeste do estado na divisa com Mato Grosso.
Parte da Região Sudeste também sofrerá com muitos dias seguidos de calor excessivo. Os locais mais quentes no Sudeste serão o Centro e o Norte do estado de São Paulo e o Triângulo Mineiro com dias consecutivos de máximas entre 37ºC e 40ºC, mas em alguns pontos até acima de 40ºC. Mesmo menos intenso, vai fazer muito calor em outras áreas do interior paulista.
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Nas duas maiores cidades do Sudeste e do Brasil, o calor igualmente se fará presente, mas sem dias seguidos de marcas excessivamente altas. Na cidade de São Paulo, esta terça tem mais de 30ºC à tarde, mas depois a temperatura baixa no restante da semana. No fim de semana próximo, ar muito quente toma conta da capital paulista com marcas de 33ºC a 35ºC no domingo e na próxima segunda. Na cidade do Rio, marcas de 33ºC a 34ºC nos próximos dias, mas no domingo e na segunda próxima se aproximam de 40ºC.
Onde de calor chega ao Norte e ao Nordeste
O Norte e o Nordeste do Brasil devem sofrer também com a onda de calor, embora não em toda a região. Marcas muito elevadas perto e ao redor de 40ºC devem ser esperadas em Rondônia, pontos do Amazonas e do Pará e no Tocantins, no Norte do país. Tocantins, principalmente, deve ter calor excessivo a extremo com máximas acima de 40ºC.
Na Região Nordeste, embora faça muito calor no Ceará e áreas do Agreste, dois estados devem especialmente ser afetados pela onda de calor: Maranhão e Piauí. Em ambos, as máximas nos próximos dias devem rondar e bater a marca dos 40ºC.
No Sul, Paraná terá calor intenso a excessivo
Quase todo o Sul do Brasil não deve experimentar onda de calor, ou seja, não haverá uma sequência de dias de temperatura muito acima da média na grande maioria das localidades da Região Sul. A exceção será o Norte do Paraná, perto do Mato Grosso do Sul e de São Paulo, onde serão vários dias seguidos muito quentes e alguns com marcas perto e ao redor dos 40ºC.
No Rio Grande do Sul e Santa Catarina, com instabilidade frequente, os próximos dias terão chuva em vários momentos, impedindo um maior aquecimento. O ar quente do Centro do país, ademais, não irá avançar para os dois estados no momento inicial. No fim da semana, começa a aquecer mais no Noroeste gaúcho e Oeste catarinense, mas sem extremos. No próximo domingo, por uma condição pré-frontal, o ar muito quente do Centro-Oeste invade os dois estados horas antes da chegada de uma frente fria, o que vai provocar calor mais intenso por um dia.
O que é uma bolha de calor
Uma bolha de calor, que se denomina também de domo ou cúpula de calor (em Inglês é chamada de heat dome) ocorre com áreas de alta pressão que atuam como cúpulas de calor, e têm ar descendente (subsidência). Isso comprime o ar no solo e através da compressão aquece a coluna de ar.
Em suma, uma cúpula de calor é criada quando uma área de alta pressão permanece sobre a mesma área por dias ou até semanas, prendendo ar muito quente por baixo assim como uma tampa em uma panela. Esta bolha de calor de agora vai estar com seu centro entre o Paraguai e o Centro-Oeste do Brasil.
É, assim, um processo físico na atmosfera. As massas de ar quente se expandem verticalmente na atmosfera, criando uma cúpula de alta pressão que desvia os sistemas meteorológicos – como frentes frias – ao seu redor. À medida que o sistema de alta pressão se instala em determinada região, o ar abaixo aquece a atmosfera e dissipa a cobertura de nuvens. O alto ângulo do sol de verão combinado com o céu claro ou de poucas nuvens aquece ainda mais o solo.
Evidências de estudos sugerem que a mudança climática está aumentando a frequência de cúpulas de calor intensas, bombeando-as para mais alto na atmosfera, algo não muito diferente de adicionar mais ar quente a um balão de ar já aquecido. Por isso, vários estudos apontam aumento da intensidade, duração e frequência de ondas de calor no Brasil e ao redor do mundo.
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