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O Pacífico Equatorial apresentou resfriamento na primeira quinzena de agosto e o mapa de anomalias de temperatura da superfície do mar (abaixo) já esboça uma “língua” com águas mais frias do que a média na faixa equatorial. As anomalias, apesar de negativas, permanecem no terreno da neutralidade (-0,4ºC a +0,4ºC) com -0,2ºC no Pacífico Central Equatorial, a região Niño 3.4, usada pra classificar a existência dos fenômenos de grande escala como El Niño e La Niña. Não há, assim, anomalias de La Niña e o quadro segue como de neutralidade.

 


Começam a circular no mercado alertas de possibilidade de La Niña nos próximos meses. O modelo climático CFS indica a possibilidade um período de resfriamento do Pacífico com anomalias de temperatura da superfície do mar condizentes com La Niña agora já na primavera e permanecendo até o verão. Observa no gráfico abaixo como a projeção deste modelo aponta anomalias abaixo de -0,5ºC. A grande questão é que é por um período não muito longo e são necessários ao menos três a quatro meses seguidos com anomalias em patamar de La Niña para configurar minimamente um evento do fenômeno. Logo, se vier a ocorrer na forma projetada hoje pelo modelo CFS, seria um episódio curto, entretanto coincidindo com a safra de verão.


Agora há uma questão maior. Esse é apenas um de muitos modelos climáticos. Hoje, uma parte substancial deles não projeta um episódio de La Niña. Observe a tabela abaixo que leva em conta duas dezenas de modelos climáticos e atente que, apesar do crescimento da probabilidade em relação a parcial de julho de evento de La Niña nos próximos meses, a probabilidade maior ainda pela média dos modelos é de neutralidade.

Apesar disso, a MetSul faz um alerta. A denominada região Niño 1+2, junto às costas do Peru e do Equador, no Pacífico Leste Equatorial, costuma ter impacto no clima do Sul do Brasil e rapidamente. Na última semana essa região, que costuma ter variações bastante bruscas, tinha uma anomalia de -0,3ºC contra -0,1ºC na semana anterior. Quando essa parte do Pacífico esfria há uma maior propensão para chuva irregular no Sul do Brasil. Foi o resfriamento do Pacífico Leste, apesar de El Niño no Pacifico Central, que levou à grande seca do verão de 2005. Foi o aquecimento enorme dessa região que trouxe chuva muito acima do normal no período janeiro a abril no Sul do Brasil nesse ano de 2017.

Com o Pacífico Leste resfriado se observa ainda um aumento na frequência de ar frio. Como estamos quase no final do inverno, uma mudança oceânica agora não impactaria significativamente a estação. Mesmo assim o seu resfriamento aumenta o risco de geada tardia e que pode ter efeitos na agricultura. Se o resfriamento desta região se mantiver ou aumentar, nos meses de primavera e já a partir de setembro cresce o risco de tempestades fortes (não em número e sim em severidade) por conta da chegada de ar frio em período de transição para o verão em que ar quente passa a atuar com maior frequência na parte meridional do Brasil.

 

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