O Japão enfrentou neste ano o verão mais quente já registrado desde o início das medições em 1898, segundo a Agência Meteorológica do Japão (JMA). A temperatura média nacional ficou 2,36°C acima da normal histórica. A temperatura ficou muito acima do normal e dá sequência a uma série de anos com verões atipicamente quentes desde 2020. A JMA classificou a situação como “fora do normal”.
KUNIHIKO MIURA/YOMIURI SHIMBIN/AFP/METSUL
Esse valor superou com folga os recordes de 2022 e 2023, quando o desvio em relação à média foi de 1,76 °C. Pela terceira temporada consecutiva, o país viveu um verão de calor recorde.
O calor intenso começou em junho, quando Tóquio registrou 13 dias com máximas acima de 30 °C, um recorde para o mês. De lá em diante, as temperaturas permaneceram persistentemente elevadas em praticamente todas as regiões.
Em julho, até a ilha de Hokkaido, tradicionalmente fria por estar no extremo norte, viu os termômetros próximos de 40 °C. O fenômeno expôs a abrangência da onda de calor, atingindo áreas pouco habituadas a extremos tão severos.
O auge ocorreu em agosto, quando a cidade de Isesaki, na província de Gunma, marcou 41,8 °C no dia 5, estabelecendo o novo recorde absoluto de temperatura já observado no Japão em qualquer época do ano.
Nos dias 30 e 31 de agosto, o país voltou a ter temperaturas acima de 40 °C. No total, foram nove dias com registros nesse patamar, o maior número desde o início dos levantamentos meteorológicos.
Regionalmente, o norte do Japão apresentou o maior desvio, com temperatura média 3,4 °C superior à normal. No leste, a anomalia foi de 2,3 °C e, no oeste, de 1,7 °C, todos recordes históricos.
A persistência do calor extremo trouxe consequências diretas para a saúde pública. Entre 1º de maio e 24 de agosto, 84.521 pessoas foram hospitalizadas por insolação e doenças relacionadas ao calor, segundo a Agência de Gestão de Incêndios e Desastres.
O número ficou acima das 83.414 internações no mesmo período de 2024, refletindo o agravamento do problema. O calor intenso também afetou trabalhadores, idosos e crianças, além de impactar a rotina de milhões de japoneses.
Os efeitos do aquecimento também são visíveis na natureza. Especialistas afirmam que cerejeiras, símbolo do país, florescem antes do habitual ou não desabrocham plenamente porque os invernos já não são suficientemente frios para induzir o processo.
O Monte Fuji, cartão-postal do Japão, teve sua cobertura de neve tardia em 2024. O pico branco apareceu apenas em novembro, mais de um mês depois da média histórica, sinalizando os impactos do clima mais quente.
Gráfico de anomalia de temperatura no verão no Japão entre 1989 e 2025 | WXNB
A JMA classificou o verão de 2025 como de “calor anormal”, destacando riscos crescentes de desastres climáticos. O alerta reforça a tendência global de aumento da frequência e intensidade das ondas de calor, apontada por cientistas.
Estudos indicam que a mudança climática induzida pelo homem está por trás da elevação das temperaturas, tornando os verões mais longos e severos. O Japão, junto com a Europa, aparece entre as regiões que mais aqueceram desde 1990.
A Organização das Nações Unidas advertiu recentemente que a elevação global das temperaturas já afeta a saúde e a produtividade. Estima-se queda de dois a três por cento na eficiência laboral para cada grau acima de 20 °C.
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