Há 76 anos, em 20 de junho de 1944, temporal derrubava um avião da VARIG em Porto Alegre. Às 11h30 daquele dia, o Electra PP-VAQ acabou nas águas do Guaíba.
A capa do Correio do Povo (foto) do dia seguinte mostrava a aeronave quase submersa e apenas a cauda visível. O avião saiu de Pelotas às 10h com nove passageiros e dois tripulantes. O tempo ainda era bom entre o Sul e a Capital, mas na aproximação o cenário mudou.
No livro de acidentes aéreos “O Rastro da Bruxa”, o comandante Carlos Ari Germano da Silva relata que o Electra estava a minutos do então Aeroporto Federal São João, na Capital, quando veio o temporal. O piloto Ricardo Lau seguiu voando, sobrevoando o Guaíba, tentando achar o aeroporto, porém a tempestade era forte com chuva intensa e raios.
Voando a baixa altitude, com visibilidade descrita pelo telegrafista do avião à estação de rádio-telégrafo da VARIG como “quase nula” pela chuva, vento e turbulência, o Electra caiu no Guaíba, destroçou-se e afundou.
Houve esforço de resgate na Ponta Grossa, mas todos morreram. A tripulação estava alertada de mau tempo, mas a tempestade quase que coincidiu com a chegada. O avião pode ter sido derrubado por corrente descendente de vento ou a baixa visibilidade fez o piloto confundir a chuva com o lago.
Após 76 anos, a MetSul reconstitui o tempo naquele dia, quando inexistiam radares meteorológicos, satélite e modelos.
Às 9h fazia 12,9ºC em Porto Alegre. Às 15h, 14,4ºC. E às 21h, 15ºC. A máxima do dia foi 15,5ºC. A chuva entre 20 e 21 de junho somou 89,3 mm, volume muito alto para um período de apenas 24h.
Os dados sugerem, pela chuva forte, tempo bom em rota desde a saída do Sul e elevação da temperatura depois da tempestade que foi uma frente quente vinda de Noroeste, fenômeno comum em junho e que não raro traz chuva intensa com raios, vento e granizo.