O frio foi excepcional na Argentina nesta segunda-feira. A mínima no país foi de 12,2ºC negativos em Maquinchao, localidade da província de Rio Negro que com frequência tem as menores marcas do território argentino. O dado mais impressionante, entretanto, foi anotado na província de Buenos Aires. O Aeroporto da cidade de Tandil acusou uma mínima de 10,6ºC abaixo de zero, mais frio que os 10ºC negativos de Bariloche. Apesar do valor excepcional, não se trata de um recorde para Tandil. A cidade registrou 11,6ºC no inverno de 1995. Também na província de Buenos Aires, a localidade de Azul anotou 8,6ºC negativos. Mar del Plata, na beira da praia, teve 4,6ºC negativos.


Mapa com mínimas registradas em estações convencionais e informadas na rede mundial por boletins Synop

Na região metropolitana da capital argentina, os termômetros marcaram mínima de 4,8ºC abaixo de zero no Aeroporto Internacional de Ezeiza. No observatório central da cidade de Buenos Aires a mínima foi de 0,1ºC. Apesar do inverno bastante rigoroso e de mínimas extremas em cidades próximas, a temperatura oficialmente não caiu ainda abaixo de zero neste ano na capital argentina. Outro dado impressionante desta segunda foi a mínima observada no aeroporto da cidade de Rosário, província de Santa Fé, com 5,3ºC negativos, a terceira na casa de 5ºC abaixo de zero neste ano na localidade.

O frio foi excepcional hoje também no Uruguai. A mínima no país foi de 6,0ºC abaixo de zero em Florida. Quase todo o território uruguaio teve marcas negativas no começo do dia. Em Mercedes, os termômetros acusaram 5,2ºC negativos. Salto e Durazno caíram a 5,0ºC abaixo de zero. A marca em Salto ficou perto da mínima absoluta de julho da série histórica 1961-1990 de 5,3ºC negativos. Rocha, que dá nome ao departamento que faz fronteira com o Chuí, anotou 2,4ºC abaixo de zero. Melo, cidade uruguaia próxima da nossa fronteira, registrou mínima de 3,3ºC negativos. Paso de Los Toros, com 3,5ºC abaixo de zero hoje, observou mínima mais baixa que a absoluta de julho da série 1961-1990 de 3,2C negativos. No limite da cidade de Montevidéu com o departamento de Canelones, a mínima no Aeroporto Internacional de Carrasco desceu a 1,6ºC negativo. Para se ter uma idéia, a mínima absoluta em Carrasco de toda série 1961-1990 informada pela Dirección Nacional de Meteorologia foi de 0,5ºC negativo. Na cidade de Montevidéu, o Aeroporto de Melilla anotou 0,7ºC negativo.


Todas estações meteorológicas na fronteira ou junto à fronteira com o Uruguai aqui no Rio Grande do Sul tiveram nesta segunda-feira mínima ou negativa ou na casa de 0ºC, o que é pouco comum. Fez -0,5ºC em Quaraí (menor marca no Estado), -0,3ºC em Bagé, 0,1ºC em Dom Pedrito, 0,2ºC em Livramento, 0,3ºC em Jaguarão e Santa Vitória do Palmar, e 0,9ºC no Chuí. Porto Alegre teve 2,9ºC no Lami. Hoje foi, assim, o 16º dia, mais da metade dos dias do mês, com registro de temperatura abaixo de zero neste gélido julho no Rio Grande do Sul.

Não consideramos que haja climatologia histórica média fidedigna à realidade nos dias de hoje que permita informar com razoável precisão o número médio de dias com mínimas negativas em julho aqui no Estado, afinal grande parte das estações que agora são usadas, como a mantida pelo Instituto Nacional de Meteorologia em Quaraí, foi instalada só nos últimos anos, o que se aplica também às estações de monitoramento do setor privado e as particulares que tiveram um importante incremento nos últimos cinco anos. Agora, mesmo inexistindo média histórica, pode se dizer com tranqüilidade que o número de dias com marcas negativas neste julho está muito acima do comumente observado, tanto que as médias das mínimas estão abaixo a muito abaixo das normais históricas no território gaúcho, sobretudo na Metade Sul e fronteira com o Uruguai.

Este padrão de frio intenso e mais regular de julho, após um começo de mês quente, porém, não deve se sustentar a partir de agora. O mês de agosto no Rio Grande do Sul, e como de resto no Sul do Brasil, terá temperatura média bem mais alta, apesar de alguns dias frios. Demonstração clara já se terá logo no início do mês, quando deve fazer até calor. Marcas altas são projetadas para a segunda metade desta semana, sobretudo na Metade Norte do Estado. Temperatura mais elevada em agosto pode acentuar o risco de tempo severo, especialmente quando se der a presença de correntes de jato de baixos níveis. Como calor nesta época do ano, em regra, está associado a bloqueio atmosférico, o posicionamento deste determinará importantes extremos de chuva. É provável que haja um aumento substancial da precipitação no Centro da Argentina e Uruguai com ar mais quente sobre o Sul do Brasil, de acordo com a análise da equipe de meteorologistas da MetSul.