A MetSul Meteorologia alerta para o alto risco de novas ocorrências de chuva localmente forte a muito intensa no Rio Grande do Sul no decorrer desta terça-feira (23) com muito altos acumulados de chuva em curto período, o que poderá novamente causar danos e transtornos como já observados no começo da semana no Noroeste e no Norte gaúcho.

Inundações e enxurradas como as vistas na segunda-feira em Campina das Missões (foto) e outras cidades podem se repetir nesta terça e nos próximos dias | PREFEITURA DE CAMPINA DAS MISSÕES
Estações meteorológicas registraram na soma do domingo (20) e da segunda-feira (21) volumes de chuva de 238 mm em Giruá, 237 mm em Porto Lucena, 234 mm em São Paulo das Missões, 224 mm em Santo Cristo, 220 mm em Porto Xavier, 219 mm em Campina das Missões e 218 mm em Santa Rosa.
O monitoramento nos dois dias apontou ainda 192 mm em Porto Vera Cruz, 158 mm em Ijuí, 155 mm em Santo Ângelo, 151 mm em Garruchos, 143 mm em Não-Me-Toque, 142 mm em Ajuricaba, 123 mm em Saldanha Marinho, 119 mm em Pejuçara, 116 mm em Chapada, 113 mm em Carazinho, 109 mm em Tio Hugo, 107 mm em Victor Graeff, 105 mm em São Gabriel e Porto Mauá, 103 mm em Itaqui e São Martinho e 102 mm em Colorado.
A chuva excessiva, que foi reiteradamente alertada pela MetSul Meteorologia aqui em metsul.com e em nosso canal no Youtube, decorre de um rio atmosférico que transporta ar tropical quente e carregado de muita umidade diretamente da região amazônica para o Rio Grande do Sul por conta de um bloqueio atmosférico associado a um Vórtice Ciclônico em Altos Níveis da Atmosfera (VCAN) sobre o Centro do Brasil.
Um rio atmosférico é uma extensa e estreita faixa de ar extremamente úmido que se desloca na atmosfera transportando enormes volumes de vapor d’água, muitas vezes equivalentes ao fluxo de grandes rios na superfície. Por isso são conhecidos também como rios voadores e costuma trazer chuva volumosa.
Nesta terça-feira, conforme os dados analisados pela MetSul Meteorologia, a tendência é de o rio atmosférico não apenas persistir sobre o Rio Grande do Sul como, pior, deve se intensificar sobre o estado com aporte ainda maior de umidade vinda da Amazônia para o território gaúcho.
A massa de ar que cobre atualmente o território gaúcho é por demais instável, de natureza puramente tropical, e traz chuva para todas as regiões gaúchas no decorrer desta terça. A chuva será mais generalizada e a MetSul alerta que em vários pontos pode ser por vezes forte a muito intensa.
São possíveis em alguns pontos acumulados em apenas uma a três horas da ordem de 50 mm a 100 mm ou até mais, o que traz o risco de novas ocorrências de alagamentos, inundações repentinas, transbordamento de cursos d´água e enxurradas, assim como já se viu durante a segunda-feira.
Já chove de manhã em parte do estado, entretanto a instabilidade aumentará com o aquecimento diurno, o que fará com que chova em maior número de localidades e com mais intensidade na segunda metade do dia, principalmente em horas da tarde e do começo da noite.
Os dados que analisamos apontam que o rio atmosférico vai permanecer sobre o Rio Grande do Sul ainda por muitos dias, ao menos até o próximo domingo (28), trazendo instabilidade persistente com chuva frequente no estado e com altos volumes com mais transtornos como alagamentos, inundações, enxurradas, transbordamento de arroios e córregos, e ainda o risco de cheias de rios (enchentes).
Considerando o que já choveu com marcas de até 200 mm a 250 mm e ainda o que se espera chova até o sábado à noite no estado, é muito possível que algumas cidades gaúchas somem apenas nesta semana acumulados tão extremos quanto 300 mm a 500 mm, ou seja, quase toda a média de chuva do verão inteiro em apenas uma semana.
