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A cidade balneária de Miramar, localizada a 450 quilômetros de Buenos Aires, ficou coberta de neve, em um cenário raro e surpreendente que não se via há mais de três décadas. A nevada começou ainda na tarde de domingo, ganhou força durante a noite e atingiu seu auge na madrugada de ontem.

SEBASTIAN LOSADA/AFP/METSUL

Quando os moradores despertaram na segunda-feira, se depararam com uma paisagem absolutamente transformada. A última vez que algo semelhante ocorreu foi em 1º de agosto de 1991.

Com a cidade sob o efeito direto de uma intensa massa de ar polar, o frio extremo atingiu em cheio a região. O Serviço Meteorológico Nacional (SMN) indicava a possibilidade de “chuvas e neve”.

A previsão se confirmou, com os primeiros flocos caindo já na tarde de domingo em localidades vizinhas como San Eduardo del Mar, Nicanor Otamendi e El Marquesado. Na manhã de segunda-feira, por volta das 9h, novas pancadas de neve foram registradas.

A imagem da tradicional costaneira de Miramar, normalmente tomada por turistas em trajes de verão, foi substituída por carros e ruas cobertos de branco, e um extenso tapete de neve na faixa de areia.

As famílias da cidade e visitantes lotaram as praias para brincar na neve e registrar o momento inédito com fotos diante do letreiro de concreto com o nome da cidade, que também amanheceu nevado.

A formação da neve se deu por conta do ingresso de ar muito frio e úmido na região, combinado a ventos persistentes do setor Sul e Sudoeste com um ciclone na costa. Camadas de mais de dois centímetros se acumularam sobre os veículos e no solo.

As comparações com a histórica nevada de 1991 surgiram rapidamente nas redes sociais e nas conversas entre moradores, que também lembraram episódios posteriores, mais fracos, em 1993 e 2013. Desta vez, no entanto, o fenômeno assumiu maior magnitude, com cobertura branca homogênea em grande parte da cidade.

SEBASTIAN LOSADA/AFP/METSUL

SEBASTIAN LOSADA/AFP/METSUL

SEBASTIAN LOSADA/AFP/METSUL

A cidade vizinha de Mar del Plata, que em 1991 também havia presenciado uma nevada marcante, ficou fora do espetáculo neste ano. Apenas alguns poucos bairros no sul da cidade, mais próximos de Miramar, chegaram a registrar breves flocos de neve durante a madrugada, logo dissolvidos por uma chuva que caiu por volta das 10h da manhã de ontem.

A nevada em Miramar foi parte de uma onda de frio que atinge grande parte da Argentina e que levou o SMN a emitir alertas meteorológicos em quase todo o território nacional.

Às 8h da manhã de segunda-feira, quando nevava em Miramar, 15 províncias apresentavam temperaturas negativas. Esquel, na província de Chubut, registrou -17,2°C e chegou a -18,2°C em seu valor mínimo mais extremo, com sensação térmica abaixo de -20°C. Maquinchao, na Patagônia, teve -18,4°C, a menor temperatura do país no dia.

As baixas temperaturas provocaram o congelamento de canos, a interrupção de energia elétrica — como em Gan Gan, em Chubut — e a suspensão das aulas em províncias como San Luis, Mendoza e Catamarca. Em outras, como Córdoba, as faltas não foram contabilizadas para alunos que ficaram em casa por causa do frio.

Na província de Buenos Aires, além de Miramar, houve registros de neve e aguanieve em Sierra de la Ventana, San Miguel, Monte Hermoso, Coronel Dorrego, Bahía Blanca, Tandil e até em partes de Mar del Plata. Foi a segunda semana consecutiva com neve em Sierra de la Ventana, embora com menor intensidade desta vez.

O frio também chegou com neve ao Centro e Norte do país, com relatos de queda de flocos em cidades como Mendoza, Córdoba, San Rafael e Godoy Cruz. No Sul, nevou em cidades da Patagônia como Puerto Deseado (Santa Cruz) e Trelew (Chubut) — esta última viu neve pela primeira vez em mais de 10 anos, o que provocou inclusive a suspensão de um jogo de futebol em Puerto Madryn.

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