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Equipes de resgate sírias carregam um corpo retirado dos edifícios desmoronados na cidade de Sarmada, na província de Idlib, no Noroeste da Síria | AAREF WATAD/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O terremoto que atingiu Turquia e Síria provocou mais de 5 mil mortes, de acordo com um balanço atualizado divulgado nesta terça-feira, enquanto as equipes de emergência prosseguem com os trabalhos de busca de sobreviventes bloqueados nos escombros. Ao menos 3.419 pessoas morreram na Turquia e 1.602 na Síria – em regiões controladas pelo governo e áreas dominadas pelos rebeldes -, o que eleva o total a 5.021, de acordo com as autoridades locais e fonte médicas.

Equipes de resgate retomaram nesta terça-feira as buscas desesperadas por sobreviventes do devastador terremoto de magnitude 7,8 que abalou o Sudeste da Turquia e o Norte da Síria. “A situação é muito grave, muitas pessoas ainda continuam sob os escombros dos edifícios”, declarou o cirurgião Majid Ibrahim, no hospital Al Rahma da cidade de Darkush, no Norte da Síria.

O frio do inverno dificulta os trabalhos de resgate, segundo as equipes envolvidas. O tremor foi sentido às 04h17, hora local na segunda, e ocorreu a 17,9 quilômetros de profundidade, segundo o Serviço Geológico de Estados Unidos (USGS). O epicentro foi localizado no distrito de Pazarcik, no Sudeste da Turquia, a 60 quilômetros da fronteira síria. Foram registradas dezenas de réplicas, entre elas uma de magnitude 7,5 que impactou a região nove horas depois, quatro quilômetros a Sudeste de Ekinozu.

O balanço das vítimas tem aumentado com o passar das horas, devido ao alto número de prédios que desabaram em cidades como Adana, Gaziantep, Sanliurfa e Diayarbakir. A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu à AFP que o número de vítimas poderia ser até oito vezes maior.


O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, declarou sete dias de luto pelas vítimas. “Nossa bandeira será hasteada a meio mastro até o pôr-do-sol de domingo”, informou em um tuíte. Dezenas de países ofereceram ajuda à Turquia e à Síria, onde o terremoto foi mortal porque ocorreu nas primeiras horas da manhã, quando a maioria das pessoas estava dormindo.

“Achamos que fosse o apocalipse”, disse à AFP a repórter Melisa Salman, que mora em Kahramanmaras, epicentro do tremor. “Estamos do lado de fora desde as quatro horas da madrugada. Está chovendo, mas ninguém se atreve a voltar para casa temendo novas réplicas”, acrescentou esta jovem de 23 anos.

Em Diyarbakir, cerca de 380 quilômetros a Leste, Muhittin Orakci acompanhava as operações de resgate em frente a um prédio em ruínas. “Sete membros da nossa família estão sob os escombros”, disse. Em Sanliurfa, a poucos quilômetros da Síria, Emin Kaçmaz, de 30 anos, explicou que passará a noite ao relento. “O prédio não é seguro”, disse.

Um socorrista aos gritos enquanto carrega um corpo encontrado nos escombros em Adana, no Sudeste da Turquia, depois de dois violentos terem atingido a região com quase três mil edifícios que desabaram com o sismo | CAN EROK/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Este sismo foi o maior na Turquia desde o terremoto de 17 de agosto de 1999, que deixou 17.000 mortos, mil deles em Istambul. Segundo o vice-presidente turco, Fuat Oktay, ao menos três dos aeroportos na região afetada – Hatay, Maras e Gaziantep – foram fechados. A neve e as tempestades que castigam a região impediam o tráfego aéreo em outros, incluindo no de Diyarbakir, constatou a AFP.

No povoado sírio de Azmarin, fronteiriço com a Turquia, Usama Abdelhamid contou ter sentido o tremor enquanto estava dormindo. “Corri com minha mulher e meus filhos para a porta do nosso apartamento no terceiro andar. Quando a abrimos, todo o prédio desmoronou”, declarou.

Foto aérea mostra residentes em busca de vítimas e sobreviventes em meio aos escombros de prédios desabados após um terremoto na vila de Besnia, perto de Harim, na província de Idlib, no Noroeste da Síria, controlada pelos rebeldes, na fronteira com a Turquia | OMAR HAJ KADOUR/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A agência de notícias síria SANA divulgou imagens que mostravam destruição importante em várias cidades, entre elas Lataquia, na costa mediterrânea, onde prédios inteiros ruíram. Edifícios também desabaram em Hama, no centro do país, e em Aleppo, a segunda cidade síria, no norte do país, onde a famosa cidadela foi danificada.

O Ministério da Educação anunciou o fechamento as escolas em todas as regiões controladas pelo governo até o fim de semana. Raed Ahmed, chefe do Centro Nacional de Monitoramento Sísmico da Síria, disse a uma rádio oficial que este foi “historicamente o maior terremoto já registrado”.

O governo sírio pediu socorro à comunidade internacional, que anunciou o envio de ajuda e equipes de resgate. Foi o caso da União Europeia (UE) e de muitos dos países-membros do bloco. Reino Unido, Israel, Índia, Azerbaijão e Ucrânia, assim como a Grécia, adversária histórica da Turquia, fizeram o mesmo.

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