A devastadora enchente que atingiu a região central do Texas se transformou, nesta segunda-feira em uma das piores catástrofes naturais da história recente dos Estados Unidos. Com mais de 100 mortes confirmadas, o desastre superou o número de vítimas fatais provocadas pelas inundações do furacão Helene na Carolina do Norte, tornando-se um dos episódios de inundação mais letais no país em décadas.

JIM VONDRUSKA/GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP/METSUL
Entre os mortos estão pelo menos 27 crianças e funcionários de um único acampamento de verão, onde outras 11 pessoas ainda estão desaparecidas. As equipes de resgate seguem trabalhando intensamente, mas, quatro dias após o início das buscas, as autoridades reconhecem que as chances de encontrar sobreviventes são mínimas. O cenário é de destruição, lama e escombros arrastados pela força brutal das águas.
Autoridades do Condado de Kerr, epicentro da tragédia, revelaram que 32 das vítimas – 22 adultos e 10 crianças – ainda não foram identificadas. Os peritos tentam acelerar o processo de reconhecimento por meio de impressões digitais e análise de DNA. O drama das famílias se intensifica à medida que o tempo passa sem notícias dos desaparecidos.
Em outros condados também há relatos semelhantes. No Condado de Kendall, seis corpos foram encontrados, mas nenhuma vítima foi identificada até o momento, segundo informou Brady Constantine, coordenador de emergências local. As autoridades não têm registro de moradores desaparecidos, o que levanta a hipótese de que as vítimas tenham sido levadas pelas águas desde outros pontos do estado.
A dimensão da tragédia levou o governo federal a reagir. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, anunciou que o presidente Donald Trump deve visitar o Texas na sexta-feira, embora a viagem ainda esteja sendo coordenada para evitar qualquer interferência nas operações de resgate e recuperação.
Enquanto isso, equipes de resgate de todo o país estão chegando ao Texas para reforçar as operações locais, que já enfrentam exaustão física e escassez de recursos. Grupos da Flórida desembarcaram com equipamentos próprios, suprimentos alimentares e estruturas móveis de saneamento, para não sobrecarregar ainda mais a infraestrutura da região atingida.
O vice-governador do Texas, Dan Patrick, declarou que sirenes de alerta poderiam ter salvado vidas se tivessem sido instaladas nas margens do rio Guadalupe. O sistema chegou a ser cogitado anos atrás pelo governo do Condado de Kerr, mas foi rejeitado por conta do custo. O New York Times revelou, em reportagem, que autoridades locais optaram por não investir em sistemas de alerta modernos, mesmo após enchentes anteriores na região.
A falha na prevenção deve ser alvo de investigação. O senador republicano Ted Cruz afirmou que haverá uma “análise cuidadosa” do que aconteceu, enquanto o líder democrata no Senado, Chuck Schumer, solicitou um inquérito para apurar se cortes no orçamento do Serviço Nacional de Meteorologia contribuíram para o número elevado de vítimas.
Além do alto número de mortes, os relatos de resgate evidenciam o desespero vivido por moradores e visitantes. Algumas pessoas foram encontradas agarradas em árvores ou flutuando sobre móveis depois de serem surpreendidas pelas águas. Uma das histórias mais dramáticas envolve uma família acampando às margens do rio Guadalupe: cinco integrantes seguem desaparecidos e um sexto sobreviveu após ser arrastado por mais de 24 quilômetros.
A previsão do tempo preocupa. O Weather Prediction Center da NOAA alertou que novas chuvas são esperadas para o Condado de Kerr e regiões próximas. Diante da saturação do solo e da destruição da infraestrutura, qualquer nova tempestade pode provocar novas inundações-relâmpago.
O prefeito de Kerrville, Joe Herring Jr., alertou a população para uma “semana difícil” pela frente. Segundo ele, os trabalhos de busca vão continuar “sem descanso”, apesar dos riscos e da instabilidade do terreno. Ele também pediu união da comunidade e paciência diante da gravidade da situação.
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