Modelos numéricos seguem indicando a formação de um intenso ciclone extratropical no final desta semana sobre o Sul do Brasil com o centro de baixa pressão posicionado sobre o Rio Grande do Sul na sexta antes de avançar para o Oceano Atlântico durante o sábado.
As mudanças nas projeções dos modelos matemáticos de previsão do tempo em relação às rodadas de ontem foram muito sutis e o cenário praticamente segue o mesmo com o indicativo de chuva volumosa, tempestades e vento muito forte a intenso com alto risco de danos e transtornos, especialmente alagamentos por chuva e cortes de energia por vento.
Os modelos numéricos apontam valores de pressão atmosférica reduzidos ao nível do mar abaixo de 1000 hPa no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e o Paraná com os menores valores indicados para os territórios gaúchos e catarinense durante a sexta-feira e nas primeiras horas do sábado.
Valores de pressão abaixo de 1000 hPa não são comuns e costumam acompanhar forte a intensa instabilidade com risco acentuado principalmente de tempestades severas e vento. Há modelos indicado a possibilidade de a pressão em alguns pontos do Sul do Brasil cair a marcas entre 990 hPa e 993 hPa, o que são valores extremamente baixos na climatologia regional e ainda mais incomuns.
Para se ter uma ideia de quão baixa é uma pressão atmosférica de 990 hPa a 995 hPa, no Atlântico Norte já foram observados furacões e tempestade tropicais com pressões centrais nestes patamares, embora o sistema que atuará no final desta semana seja um ciclone extratropical e, portanto, muito distinto.
O ciclone indicado pelos modelos para a sexta e o sábado no Sul do país vai se originar a partir de uma área de baixa pressão em médios e altos níveis da atmosfera (baixa segregada ou fria) que cruzará os Andes e avançará para a Argentina, onde vai gerar temporais fortes a severos em várias províncias no país vizinho entre o fim da tarde e noite da quinta e a madrugada e a manhã da sexta.
Na sequência, a baixa pressão vai se aprofundar e começar a formar um ciclone em um processo que se denomina de ciclogênese. A ciclogênese se configura na sexta-feira com a baixa pressão se intensificando muito sobre o Rio Grande do Sul no decorrer do dia, gerando chuva intensa e volumosa, temporais fortes a severos e muito vento no Sul do Brasil.
Os dados indicam hoje que a baixa ingressaria no Rio Grande do Sul na manhã de sexta pelo Oeste e o Noroeste do estado, na região de São Borja, cruzando a Metade Norte gaúcha no decorrer do dia com o centro do sistema na altura de Porto Alegre e da Serra à tarde e na costa do Litoral Norte e do Sul de Santa Catarina à noite.
Sexta-feira seria o dia mais crítico da instabilidade
A grande maioria das simulações computadorizadas processadas pela MetSul, tanto dos modelos tradicionais como dos novos com machine learning (inteligência artificial) estão indicando cenário muito semelhante com a baixa pressão sobre o Rio Grande do Sul na sexta.

Projeção do modelo do Centro Europeu (ECMWF) para sexta à tarde | METSUL

Projeção do modelo britânico (UKMET) para sexta à tarde | METSUL

Projeção do modelo norte-americano (GFS) para sexta à tarde | METSUL

Projeção do modelo de inteligência artificial ECMWF AIFS para sexta à noite | METSUL
É o que faz a MetSul Meteorologia indicar que a sexta-feira será o dia mais crítico para instabilidade forte a severa no Sul do Brasil com chuva localmente forte a intensa com altos volumes em curto período, temporais com granizo de variado tamanho, vendavais e ainda grande incidência de descargas atmosféricas.
É muito elevado o risco de chuva volumosa do Centro para o Norte gaúcho, sobretudo entre o Centro gaúcho, os vales, Grande Porto Alegre, Serra e Litoral Norte. São possíveis acumulados de 75 mm a 150 mm em apenas 24 horas, o que vai trazer alagamentos e inundações.
Chuva localmente forte a intensa com temporais de variada intensidade, alguns severos e com vendavais, devem acompanhar uma linha de instabilidade que vai se organizar com o ciclone e avançar na sexta por Santa Catarina, Paraná e pontos do Mato Grosso do Sul e de São Paulo.
Modelos seguem projetando vento muito intenso pelo ciclone
O ciclone estará no começo do sábado rente à costa do Litoral Norte do Rio Grande do Sul e do Litoral Sul de Santa Catarina, antes de começar a se afastar do continente ao longo do dia. Como o sistema estará sobre o oceano e muito perto da costa, vai trazer vento forte a intenso tanto na sexta quanto no sábado. As mais recentes saídas dos modelos, inclusive, intensificaram o vento para áreas do Leste de Santa Catarina e de São Paulo.
As rajadas podem atingir de 50 km/h a 80 km/h em grande número de municípios do Rio Grande do Sul na sexta, mas o pior está previsto entre o Norte da Lagoa dos Patos, Porto Alegre e os Litorais Médio e Norte, para onde os modelos indicam rajadas perto e acima de 100 km/h com marcas localmente superiores e significativamente intensas com alto potencial de danos e falta de luz em grande escala.

Projeção de vento do modelo europeu (ECMFWF) para sexta à tarde | METSUL

Projeção de vento do modelo europeu (ECMFWF) para sábado de manhã | METSUL

Projeção de vento do modelo europeu (ECMFWF) para sábado à tarde | METSUL
Os dados dos modelos rodados no começo desta segunda-feira indicam que o campo de vento intenso do ciclone com rajadas acima próximas e acima de 100 km/h afetaria ainda durante o sábado o Sul e o Leste de Santa Catarina, chegando até o litoral de São Paulo com vento igualmente muito forte.
Recordamos o informado ontem que projeções de trajetória e intensidade de centros de baixa pressão ou ciclones tendem a sofrer mudanças à medida que se aproxima a data do evento, o que vai ocorrer só no final da semana. Isso tem implicações em volumes de chuva e intensidade do vento assim como onde chover e ventar mais. Por isso, o prognóstico está sujeito a mudanças e ajustes. Assim, permaneça atento aos nossos boletins e, se assinante (assine aqui), consulte os mapas dos modelos a qualquer hora em nossa plataforma de dados.
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