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Volumes muito altos de chuva previstos trazem riscos de alagamentos e deslizamentos entre a Baixada Santista e o Litoral Norte de São Paulo assim como no Rio de Janeiro | ADRIANO LIMA/BRAZIL PHOTO PRESS/AFP/METSUL METEOROLOGIA/ARQUIVO

A MetSul Meteorologia reforça o alerta sobre chuva volumosa a excessiva no litoral do estado de São Paulo e no Rio de Janeiro. Os volumes de chuva nas últimas horas já foram elevados em diversos pontos da costa paulista e a tendência é seguir chovendo, o que levará a acumulados ainda mais altos e localmente excessivos e até extremos.

Dados dos pluviômetros do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres (Cemaden) até o final da madrugada deste sábado indicavam chuva acumulada no litoral de São Paulo de 106 ,, em São Sebastião, 91 mm em Ubatuba, 61 mm em Bertioga, 58 mm no Guarujá e 52 mm em Santos.

Por que o cenário preocupa? Já choveu muito em alguns locais, a ponto de a precipitação já ter ultrapassado os 100 mm, e a tendência é seguir chovendo durante todo o fim de semana e ainda na segunda-feira, o que pode levar a acumulados de chuva extremos em algumas localidades.

As condições serão favoráveis à chuva por vezes moderada a forte e localmente torrencial no litoral de São Paulo e no Rio de Janeiro até o começo da semana, mas é a persistência da chuva por vários dias que será determinante para acumulados de precipitação altos que criam várias situações de risco.

Sob este cenário, a MetSul Meteorologia antecipa uma alta probabilidade de chuva volumosa em alguns pontos com risco de alagamentos e inundações, em alguns casos repentinas, além do risco de quedas de encostas e ainda deslizamentos de terra.

Os acumulados de precipitação são condizentes com um risco geológico alto. O cenário vai exigir atenção ainda em rodovias, sobretudo na Rio-Santos, uma vez que a estrada foi muito duramente castigada pelo evento de chuva extrema de fevereiro deste ano, que destruiu completamente partes da estrada.

O que vai acontecer

Com uma área de alta pressão sobre a costa do Sul do Brasil, associada a uma massa de ar frio, espera-se um aporte de umidade do oceano para o continente. O padrão de circulação deve levar vento carregado de umidade do mar e mais frio em direção ao continente no sentido do litoral de São Paulo e o Rio de Janeiro para a Serra do Mar com chuva de natureza orográfica.

Os dados indicam potencial de acumulados de 100 mm a 200 mm em pontos da costa paulista com marcas isoladamente superiores de 200 mm a 300 mm ou mais até a segunda-feira. Estes volumes estão muito abaixo do observado no evento de fevereiro, mas são capazes de gerar riscos geológicos perigosos e transtornos.

O modelo de altíssima resolução da MetSul, o WRF, que pela sua grande resolução tem maior capacidade de identificar volumes extremos localizados por orografia (relevo) aponta mais de 200 mm até o começo da segunda em algumas localidades.

Com o que já choveu antes da inicialização do modelo e o que ainda pode chover após as 72 horas da projeção, marcas de 200 mm a 300 mm em alguns locais da costa e junto à Serra do Mar são possíveis entre o Litoral Norte de São Paulo e a Costa Verde fluminense.

Chuva orográfica traz altos volumes

A chuva orográfica que atingirá a região é a precipitação induzida pelo relevo. Umidade que vem do oceano, trazida por vento, em razão de uma massa de ar frio, ao encontrar a barreira do relevo da Serra do Mar, ascende na atmosfera e encontra temperatura mais baixa à medida que ascende na atmosfera com camadas mais frias.

Isso leva à condensação e à ocorrência de chuva induzida pelo relevo. Em um exemplo bem didático e simples de entender. O que acontece se você chega na frente de um espelho e soltar ar da sua boca? O espelho que tem uma superfície mais fria vai ficar embaçado (úmido) e molhado. Com a chuva orográfica ocorre o mesmo.

O ar mais úmido e quente (analogia com ar que sai da boca) encontra um obstáculo físico que é o relevo (como o espelho) e ao chegar nesta barreira que são os morros sobe na atmosfera e encontra temperatura mais baixa, condensando-se o vapor de água e formando chuva.

Episódios de chuva orográfica são de alto risco porque costumam trazer acumulados de precipitação localmente muito altos e que não raro até acabam superando as projeções dos modelos numéricos. Os litorais de Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro são os de maior risco de eventos de chuva extrema de natureza orográfica no Brasil.