A natureza é complexa e poucos fenômenos são tão difíceis de prever com exatidão como a neve pela quantidade de fatores que estão envolvidos. Basta ter em conta que, dependendo da temperatura, um milímetro líquido pode se converter em um centímetro de neve no solo ou quatro. Por isso, não raro nos Estados Unidos os meteorologistas “quebram cabeça” para dizer o quanto vai nevar e onde vai nevar. Dito isso, vai nevar no Sul do Brasil. A nossa crença é que sim e durante a segunda-feira. Onde e quanto? Aí está a complexidade do prognóstico.

Quando? Quase todos os modelos numéricos analisados coincidem em indicar a ocorrência de neve na segunda-feira no Sul do Brasil, mas divergem acerca da abrangência do fenômeno, a intensidade e o período favorável do dia. Já não se descarta que neve durante a manhã em alguns pontos, mas, em geral, as simulações retardaram o período mais favorável à neve para a tarde e noite. Ainda na madrugada da terça-feira há chance de neve em pontos altos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Onde? As condições, conforme os dados, tendem a ser muito propícias com alta possibilidade de nevar nas áreas em que o fenômeno tradicionalmente costuma se dar como os Aparados da Serra (Bom Jesus, São Francisco de Paula, Vacaria, Jaquirana, Ausentes, etc.) e o Planalto Sul Catarinense, onde as cotas estão acima de mil metros. Há possibilidade de nevar em municípios da Serra Gaúcha com altitudes entre 600 e 800 metros, mas é menor e com grau de probabilidade inferior ao que os modelos indicavam na quinta e na sexta-feira. Permanece ainda chance de ocorrência de neve em pontos acima de 400/500 metros da Serra do Sudeste, Centro do Estado, Alto Jacuí, Planalto Médio e Alto Uruguai, mas com chance pequena a média. Ocorre que, ao chegar o ar mais gelado em altitude que é propício à neve, deverá secar rapidamente em alguns lugares. Nenhum dado aponta qualquer margem para neve em áreas perto do nível do mar na Grande Porto Alegre. Na Metade Norte, pelas maiores altitudes, a cobertura de nebulosidade deve permanecer por mais tempo com a influência do vento que determina levantamento vertical e estimula nuvens, além da presença de um cavado polar (área de menor pressão atmosférica). Persiste a possibilidade de neve ainda em áreas mais altas do Meio-Oeste Catarinense, Planalto Norte de Santa Catarina e do Sul/Sudoeste do Paraná, a despeito da probabilidade já ter sido maior.

Como? Primeiro, não se antecipa um evento com a magnitude dos registrados em julho e agosto de 2013. É muito possível, porém, que haja acumulação, mas em áreas de maior altitude entre os Aparados e o Planalto Sul. Nestas regiões é factível que ocorram períodos de neve forte, logo é recomendável ter muita atenção ao dirigir. Nas demais regiões, em que a cota é inferior a mil metros, mesmo que não seja possível se descartar acumulação, se nevar os acumulados seriam inferiores a muito inferiores.

Enfatizamos novamente que projeções de neve apresentam uma enorme complexidade para o prognosticador, especialmente quanto aos volumes, e que existem divergências entre os dados que não habilitam uma previsão com alta confiabilidade quanto à extensão e intensidade do fenômeno neste evento.