O Rio Grande do Sul volta a viver o drama das enchentes e na Grande Porto Alegre os rios e o Guaíba seguem subindo. Há dias, reiteradamente, temos destacado com ênfase de que não se trata de uma repetição de 2024. Não se trata de reduzir a gravidade do que ocorre hoje, mas de colocar em contexto a situação atual dentro de uma perspectiva histórica.

Centro de Porto Alegre inundado em maio de 2024 | NELSON ALMEIDA/AFP/METSUL
Onde mais choveu nos últimos dias no Rio Grande do Sul. Os volumes foram parecidos e em alguns casos até iguais ao que choveu na região no final de abril de 2024, quando caíram mais de 500 mm em poucos dias na região.
No restante do Rio Grande do Sul, porém, os volumes são muito inferiores aos do fim de abril e o começo de maio de 2024. Na Serra, por exemplo, onde nascem vários rios que cortam os vales e a Grande Porto Alegre, choveu desta vez até 200 mm. No ano passado, alguns pontos anotaram 1000 (mil) mm em dias.
O que nos permite afirmar já faz vários dias de que não estamos vivendo uma repetição é justamente o que os modelos indicavam antes de começar a chover e que os dados mostraram depois da chuva. Exceção do Centro do estado, onde os modelos indicavam volumes excepcionais e parecidos com os do ano passado, no resto do estado não choveria sequer perto do que choveu no episódio de 2024.
Quando dizemos que em Porto Alegre e a Grande Porto Alegre a enchente atual não irá escalar para os níveis de 2024, e sequer chegará perto, não estamos nos amparando só em volumes de chuva, mas também nos níveis dos rios.
Quais bacias desembocam no Guaíba? Jacuí, Taquari, Sinos, Gravataí e Caí. Então, vamos analisar a situação de cada um deles, com destaque para o Jacuí e o Taquari são os principais contribuintes do Guaíba.
Dos rios que desembocam no Guaíba, o único que enfrenta uma grande enchente é o Jacuí, justamente o maior contribuinte. O nível chegou ontem em Cachoeira a 26,5 metros, no mesmo patamar da enchente de 1941 (a segunda pior da história), mas abaixo dos mais de 29 metros do ano passado. Ou seja, como o Jacuí recém hoje começa a se estabilizar em Cachoeira, tem muita água por chegar.
Só que existem outros quatro rios que desaguam no Guaíba. No caso do Taquari, o segundo maior contribuinte, o rio chegou a 33,66 metros em maio de 2024 em Lajeado. Agora, ficou ao redor dos 23 metros, ou mais de dez metros a menos.
O Cai, que passa a Oeste de Canoas, atingiu 17,60 metros na enchente de 2024 em São Sebastião do Caí. Nesta enchente, o pico foi de 12,9 metros. O Gravataí sequer está em cota de inundação no momento em Gravataí e a cheia é pequena, afinal não choveu excessivamente nas nascentes no litoral. O Sinos, em Campo Bom, estava hoje de manhã em 7,33 metros, estabilizando. Em 2024, chegou a 8,58 na mesma régua.
Então, o que temos. O Jacuí com uma cheia enorme, a segunda pior da história no Centro do estado, mas inferior a 2024. Os demais rios todos com cheias muito inferiores ao que se viu no ano passado.
Justamente o fato destes outros rios não estarem com cheias de muito grande porte impede situação de elevada gravidade para a Grande Porto Alegre. Se estes outros rios estivessem com cheias muito grandes, tipo as de setembro ou novembro de 2023, Porto Alegre e região não enfrentariam algo igual a 2024 (pico de 5,13 no Guaíba), mas parecido com 1941 (4,76 metros no Guaíba), que foi catastrófico. Felizmente, não é o cenário.
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