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Uma aeronave ATR-72 da empresa aérea Voepass (antiga Passaredo) caiu no começo da tarde desta sexta-feira no município de Vinhedo, no estado de São Paulo. Conforme as autoridades, não houve sobreviventes na queda do aparelho que transportava 62 pessoas, sendo 58 passageiros e 4 tripulantes.

O voo 2283 deixou Cascavel (Paraná) às 11h58 com destino a Guarulhos (São Paulo). A aeronave de matrícula PS-VPB, fabricada em 2010, caiu em Vinhedo por volta das 13h25, quando já tinha iniciado a descida para o pouso no aeroporto paulista.

Em nota, a ANAC informou que ” está monitorando a prestação do atendimento às vítimas e seus familiares pela empresa, bem como adotando as providências necessárias para averiguação da situação da aeronave e dos tripulantes”.

A Agência Nacional de Aviação Civil ressaltou ainda na nota que as investigações sobre o acidente são de responsabilidade do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão da Força Aérea Brasileira (FAB), mas que acompanhará os trabalhos.

Vídeos gravados por moradores da cidade de Vinhedo mostram que o avião não tinha sustentação no momento da queda em um quintal de residência de condomínio, sem deixar vítimas no solo.

Em uma live na internet, o especialista em avião Lito Souza destacou que os vídeos mostram que o avião de Voepass parece ter feito um flat-spin ou ‘parafuso chato’, caindo na horizontal e em parafuso. “Esse movimento provoca uma situação de voo perigosa, que dificilmente é recuperada se não tiver altitude”, afirmou.

Uma das linhas da investigação passará pelas condições meteorológicas no momento do desastre aéreo. “Alguns fatores podem ser Meteorologia, questões operacionais, perda de motor, dentre outras coisas. Mas até o momento nada se sabe”, disse o especialista em aviação Lito Souza.

E quais eram as condições meteorológicas no momento do acidente. Os vídeos gravados por moradores mostram que o céu estava encoberto na hora do desastre. Uma frente fria atuava no estado de São Paulo com nebulosidade e chuva, ingressando pelo Oeste e o Sul do estado.

Imagem de satélite do momento do acidente mostrava frente fria ingressando pelo Oeste e o Sul do estado de São Paulo | METSUL

Os boletins meteorológicos dos aeroportos mostram que no momento da decolagem em Cascavel a temperatura era de apenas 8ºC ao meio-dia. Já na região do acidente e no destino a temperatura não era tão baixa porque a frente recém ingressava pelo Sul e o Oeste paulista com 17ºC e chuva leve em Campinas, 17ºC em Campinas e 18ºC em Guarulhos.

SBCA METAR 09/08/2024 METAR SBCA091500Z 21009G19KT 9999 SCT006 BKN100 08/04 Q1023=
SBKP 091632Z 36007KT 4000 -RA BR NSC 17/15 Q1019
SBGR 091600Z 36006KT 8000 NSC 17/13 Q1019
SBSP 091600Z 33010KT 270V360 9999 FEW015 OVC080 18/13 Q1020

A frente fria era impulsionada por uma forte massa de ar frio de trajetória continental, que avança pelo interior do continente, que trazia temperatura muito baixa na Região Sul e no Mato Grosso do Sul na hora do acidente aéreo. Uma baixa segregada, uma bolha de ar frio em níveis médios da atmosfera, atuava sobre o Sul do Brasil.

Mapa de anomalia de temperatura em 850 hPa da hora do acidente mostrava uma forte massa de ar frio ingressando pelo interior do continente | METSUL

Massa de ar frio está associada a uma baixa segregada com ar gelado em altitude no Sul do Brasil | METSUL

Como destacado pelo especialista Lito Souza, um dos elementos da investigação do Cenipa será a Meteorologia e para tanto os investigadores farão uso das mensagens SIGMET do momento da queda.

O que é uma mensagem SIGMET? A sigla SIGMET diz com Significant Meteorological Information e se trata de um aviso de condição meteorológica de risco ou de tempo severo que possam afetar a segurança de voo, como turbulência e tempestades.

Embora não se possa afirmar que foi a causa, o que somente as investigações vão poder comprovar, existia uma mensagem SIGMET da Meteorologia da Força Aérea (FAB) válido para o estado de São Paulo de gelo severo, condição que pode afetar a segurança aérea e já foi responsável por acidentes catastróficos no passado com perda de sustentação.

Região do acidente tinha mensagem SIGMET por gelo | DECEA/FAB

Reitera-se que as causas do acidente são desconhecidas e somente as investigações oficiais do órgão especializados poderão indicar. A Meteorologia, que sempre é avaliada em desastres aéreos, terá ainda maior atenção na investigação do voo 2282 devido às condições atmosféricas presentes no momento do desastre.

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