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O furacão Melissa se fortaleceu e alcançou o máximo da escala de intensidade, a poderosa categoria 5, conforme o mais recente boletim da manhã desta segunda-feira do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos. A tempestade catastrófica segue em direção à Jamaica, onde deve provocar uma maré de tempestade destrutiva, ventos danosos e inundações repentinas com risco de vida.

CIRA/CSU

Melissa é agora o terceiro furacão de categoria 5 da temporada no Atlântico, um feito extremamente raro. Apenas em 2005, o ano mais ativo já registrado, houve mais tempestades desse nível, com quatro sistemas atingindo a intensidade máxima da escala Saffir-Simpson.

De acordo o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC), Melissa apresenta agora ventos sustentados máximos de 260 km/h com rajadas ainda mais fortes. Sua pressão central é de apenas 9178 hPa. Há possibilidade de novo fortalecimento antes do esperado momento em que o olho do furacão toque terra na Jamaica, entre a noite desta segunda e a manhã de terça-feira.

Na semana passada, Melissa já havia causado ao menos três mortes na República Dominicana, ao permanecer quase estacionária sobre o Caribe e castigar a ilha de Hispaniola com chuvas intensas.

A Agência de Proteção Civil do Haiti confirmou um deslizamento de terra em Fontamara, em Porto Príncipe, que matou duas pessoas na quinta-feira. Um homem de cerca de 70 anos também morreu em Marigot, na quarta-feira, após a queda de uma árvore durante uma inundação.

Agora, o furacão — potencialmente histórico — avança em direção à Jamaica. A última previsão do NHC indica um cenário de pior caso possível: uma tempestade que continuará se intensificando antes de atingir a costa Sul da ilha caribenha com deslocamento extremamente lento.

O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC), conhecido por sua linguagem técnica e contida, passou a emitir alertas em tom incomumente duro. O órgão advertiu a população da Jamaica e do sul do Haiti para buscar abrigo imediato, prevendo danos massivos à infraestrutura, longas interrupções no fornecimento de energia e comunicações, e possível isolamento prolongado de comunidades inteiras. O impacto de Melissa promete ser prolongado, severo e de proporções históricas para a região.

Após atravessar a ilha, Melissa deve seguir para Cuba, Bahamas e Turks e Caicos, levando consigo o risco de inundações e marés de tempestade de magnitude raramente vista. A combinação de vento extremo, chuva devastadora e maré ciclônica transforma o furacão em uma ameaça sem precedentes na história moderna jamaicana, possivelmente superando o impacto do lendário furacão Gilbert, de 1988.

Melissa se formou sobre águas excepcionalmente quentes do Caribe central, com temperaturas superiores a 30 °C que se estendem a até 200 metros de profundidade — uma reserva de energia oceânica sem precedentes.

Essa configuração permitiu a intensificação explosiva de tempestade tropical para um furacão categoria 4 em apenas 18 horas. A tempestade exibe estrutura simétrica, compacta e quase perfeita, reunindo todos os ingredientes para uma catástrofe tropical.

O olho do furacão deve cruzar a Jamaica de Sudoeste para Nordeste, expondo quase todo o território ao quadrante mais perigoso da tempestade. Nessa região se concentram os ventos mais fortes e a maré de tempestade mais alta, que pode elevar o nível do mar em vários metros, principalmente entre Savanna-la-Mar e Kingston. Ondas superiores a dez metros poderão empurrar o mar para dentro, varrendo comunidades costeiras e destruindo portos e estradas.

Mas o maior risco não está apenas nos ventos e na maré. A chuva associada a Melissa pode ser devastadora. Modelos meteorológicos apontam para acumulados acima de 1000 mm em menos de 72 horas nas encostas das Blue Mountains e nas montanhas do sul do Haiti.

Simulações com inteligência artificial sugerem até 1500 mm em alguns pontos — valores descritos por meteorologistas como “bíblicos”. O terreno montanhoso da Jamaica agrava o problema, forçando o ar úmido a subir e produzir chuva orográfica extrema.

Em 1988, o furacão Gilbert deixou até 700 mm de chuva em dois dias. Melissa pode dobrar essa marca. Com uma atmosfera mais quente e úmida e deslocamento mais lento, a nova tempestade ameaça soterrar comunidades inteiras e isolar regiões por dias.

No Haiti, a situação é ainda mais crítica: a topografia acidentada e o desmatamento acentuam o risco de deslizamentos e enchentes violentas. Cidades como Les Cayes e Jérémie podem ser severamente atingidas, com rios transbordando e destruindo pontes e estradas.

A vulnerabilidade da infraestrutura jamaicana é outro fator preocupante. O país sofre com erosão costeira, urbanização desordenada e drenagem precária. Bairros de Kingston e Montego Bay cresceram sobre áreas alagadiças, e o sistema de esgoto e energia dificilmente resistirá a ventos superiores a 200 km/h. A principal rodovia que liga o oeste ao leste da ilha corre junto ao mar e pode ser destruída.

A lentidão do deslocamento de Melissa agrava tudo. Ao interagir com sistemas de alta pressão próximos, o furacão deve se mover lentamente sobre a Jamaica, expondo o país a ventos violentos e chuvas torrenciais por até três dias. Essa permanência prolongada potencializa cada impacto: destruição física, erosão, inundações e deslizamentos.

Meteorologistas descrevem a situação como “uma confluência perfeita de fatores destrutivos”. O oceano superaquecido, o ar estável e a ausência de ventos cortantes criam um ambiente onde Melissa pode atingir potência e duração excepcionais. Além disso, a densidade populacional da Jamaica cresceu muito desde 1988. Novos bairros e resorts foram erguidos à beira-mar, ampliando o número de pessoas e estruturas expostas.

Os danos econômicos podem ultrapassar dezenas de bilhões de dólares, comprometendo o turismo — base da economia jamaicana — por anos. No Haiti, os impactos humanos tendem a ser ainda mais trágicos. O país enfrenta crise política e humanitária, com metade da população em insegurança alimentar. Qualquer chuva extrema se transforma rapidamente em tragédia.

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