Uma grande massa de ar seco e quente cobre neste momento o Centro-Norte do Brasil e a MetSul Meteorologia alerta que a tendência é de intensificação e expansão da massa de ar nesta segunda metade da semana com calor na grande maioria dos estados do país e calor excessivo em alguns.
METSUL
Ontem, conforme estações do Instituto Nacional de Meteorologia, as máximas chegaram a 39ºC em Cuiabá (MT); 38,5ºC em Porto Nacional (TO); 38,3ºC em Coxim (MS); 38,2ºC em São Félix do Xingu (PA); 37,3ºC em Castelo do Piauí (PI); 36,6ºC em Codajas (AM) e Cacoal (RO); 36,5ºC em Porangatu (GO); 36,0ºC em Rio Branco (AC); 35,2ºC em Dracena (SP); e 34,6ºC em Ituiutaba e Campina Verde (MG).
O episódio quente será responsável por temperaturas perto e acima de 40ºC em vários estados nos próximos dias com calorão de Norte a Sul do Brasil. Será um evento de calor significativo para o mês de agosto com temperatura elevada em uma extensa área do território brasileiro e marcas muito acima da média climatológica desta época do ano em diversas regiões do país.
As temperaturas muito altas vão afetar todas as regiões do país (Norte, Centro-Oeste, parte do Nordeste, parte do Sudeste e parte do Sul), embora o calor não atinja todos os estados.
O centro da bolha de calor vai estar situado na região Centro-Oeste, em particular entre o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul, onde são esperadas as temperaturas mais altas na segunda metade desta semana.
O calor será extremo ainda em áreas do Norte do país. Rondônia, Pará e parte do estado do Amazonas devem ter amplas áreas com máximas acima de 35ºC e vários pontos em que as temperaturas durante a tarde devem ficar próximas dos 40ºC, mesmo batendo e superando os 40ºC em alguns pontos. O calor se estende ainda ao Piauí e Maranhão com dias por demais quentes nesta parte do Nordeste.
O calor atinge também parte de Minas Gerais. No Oeste do estado, no Triângulo Mineiro, serão várias tardes com máximas ao redor e acima de 35ºC. No Rio de Janeiro, também se projeta uma escala da temperatura nos próximos dias com máximas ao redor e acima de 35ºC na sexta e no sábado.
O calor, como é de costume nesta época do ano, vai estar associado a um padrão de bloqueio atmosférico com uma enorme área de tempo muito seco e quente em que a cada dia o calor e a reduzida umidade se retroalimentam com baixa umidade no solo.
O episódio quente, embora ainda seja inverno, não surpreende porque normalmente nesta época do ano ocorre o auge da estação seca no Centro do Brasil, o que favorece dias de temperatura muito alta e em alguns casos onda de calor, como será o caso dos próximos dias.
Se observada a climatologia da cidade de Goiânia (GO), ocorrem, em média, 4 dias com máximas acima de 35ºC no mês de agosto, 13 em setembro, 9 em outubro e 2 no mês de novembro. Assim, este trimestre de agosto a outubro costuma ser o de maiores extremos de temperatura alta no Centro do Brasil. Por isso, a MetSul Meteorologia não usa a expressão veranico para estas regiões porque calor – e não frio – é a regra na segunda metade de agosto.
Calor mais intenso no Centro-Oeste
O Centro-Oeste deve ser a região que mais vai sofrer os efeitos deste período de calor no Brasil. O Mato Grosso e parte do Mato Grosso do Sul, em particular, terão máximas mais extremas temperaturas máximas perto e acima dos 40ºC, em especial em próximas do Pantanal. Cuiabá será a capital brasileira em que mais deve fazer calor neste período.
Ontem, a capital do Mato Grosso anotou 39,0ºC. Conforme os dados analisados pela MetSul, as máximas em Cuiabá devem ficar perto e ao redor de 40ºC até sábado com alívio no domingo. Em Campo Grande, o pior do calor ocorre na sexta e no sábado com marcas em torno dos 35ºC.
Calor excessivo em São Paulo
Ante a proximidade do centro da bolha de calor, o estado de São Paulo vai sentir os efeitos deste período quente com vários dias de temperatura muito alta. As máximas já têm estado altas no interior e ontem passaram dos 35ºC.
O pior do calor vai ocorrer no interior paulista, sobretudo no Oeste, Centro e o Norte do estado com sequência com máximas ao redor e acima de 35ºC. Em alguns pontos, as máximas podem chegar a 37ºC a 39ºC no final desta semana.
Máximas previstas pelo modelo WRF para a tarde de sexta no Sudeste do Brasil | METSUL
Também a cidade de São Paulo enfrentará muito calor. Haverá escalada da temperatura nos próximos dias. Esquenta muito nesta segunda metade da semana na capital e os piores dias de calor são previstos para sexta e sábado antes de um grande alívio no domingo por uma frente fria.
As máximas na sexta e no sábado na cidade de São Paulo podem atingir entre 32ºC e 33ºC, ou seja, marcas que ficarão perto dos valores mais altos já observado até hoje em agosto na capital paulista.
Em agosto, a cidade de São Paulo já enfrentou episódios notáveis de calor, com destaque para os anos de 1952 e 1955, quando os termômetros marcaram 33,1°C, e também para 1963, que registrou 33,0°C no último dia do mês.
Outras marcas expressivas incluem os 32,8°C anotados em 1961 e repetidos seis décadas depois, em 2021. Também merecem menção os 32,7°C de 2011, além das máximas de 32,6°C em 1994, 2011 e novamente em 2021. Nesse mesmo ano, a cidade viveu uma sequência de calor atípico, com 32,4°C no dia 25 de agosto,
Sul será menos afetado pelo calor
A influência da bolha de calor vai se estender ao Sul do Brasil, mas com menos força do que no Centro do Brasil. Mesmo assim, a semana deve terminar com tardes quentes em várias cidades da Região Sul. A temperatura passará dos 30ºC nos três estados da região.
O calor será maior no Paraná com maior número de cidades com alta temperatura. As máximas mais elevadas se darão no Oeste, Noroeste e o Norte do Paraná com valores acima de 35ºC em algumas localidades. Fará calor ainda em pontos de Santa Catarina, mas não excessivo no final da semana.
Máximas previstas pelo modelo WRF para a tarde de sexta no Sul do Brasil | METSUL
O Rio Grande do Sul será um caso à parte. Prevê-se instabilidade na primeira metade da sexta-feira seguida de melhora do tempo com o avanço de ar quente e no sábado haverá a chegada de uma frente fria. Isso fará com que não haja uma sequência de dias muito quentes e o periodo de alta temperatura seja breve.
Onde se espera calor no território gaúcho é no Oeste, Noroeste, Centro e Metade Norte na sexta à tarde com máximas acima de 30ºC em muitas cidades e temperaturas perto e ao redor dos 35ºC em alguns pontos.
No Oeste e no Noroeste do estado, em particular, as máximas podem atingir valores de 32ºC a 35ºC. Pelo vento Norte forte, os vales igualmente podem ter uma tarde quente na sexta. Até cidades de maior altitude do Planalto e da Serra devem ter calor na sexta-feira. Alguns dados indicam potencial para uma tarde quente também na Grande Porto Alegre depois da instabilidade no começo do dia.
O que é uma bolha de calor
Uma bolha de calor, que se denomina também de domo ou cúpula de calor (em Inglês é chamada de heat dome) ocorre com áreas de alta pressão que atuam como cúpulas de calor, e têm ar descendente (subsidência). Isso comprime o ar no solo e através da compressão aquece a coluna de ar.
Em suma, uma cúpula de calor é criada quando uma área de alta pressão permanece sobre a mesma área por dias ou até semanas, prendendo ar muito quente por baixo assim como uma tampa em uma panela. Esta bolha de calor de agora vai estar com seu centro entre o Paraguai e o Centro-Oeste do Brasil.
É, assim, um processo físico na atmosfera. As massas de ar quente se expandem verticalmente na atmosfera, criando uma cúpula de alta pressão que desvia os sistemas meteorológicos – como frentes frias – ao seu redor. À medida que o sistema de alta pressão se instala em determinada região, o ar abaixo aquece a atmosfera e dissipa a cobertura de nuvens. O alto ângulo do sol de verão combinado com o céu claro ou de poucas nuvens aquece ainda mais o solo.
Evidências de estudos sugerem que a mudança climática está aumentando a frequência de cúpulas de calor intensas, bombeando-as para mais alto na atmosfera, algo não muito diferente de adicionar mais ar quente a um balão de ar já aquecido. Por isso, vários estudos apontam aumento da intensidade, duração e frequência de ondas de calor no Brasil e ao redor do mundo.
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