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O Mar da Galileia, no Norte de Israel, chamou a atenção nos últimos dias ao apresentar manchas vermelhas em sua superfície. O fenômeno gerou espanto em moradores e turistas, e alimentou comparações com passagens bíblicas descritas no Antigo Testamento.

SHIRAN ULGAR/ISRAEL NATURE AND PARKS AUTHORITY

A coloração incomum, segundo o Ministério da Água de Israel, não representa perigo para os banhistas. Trata-se de uma floração da microalga verde Botryococcus braunii, que em certas condições ambientais adquire tons avermelhados. Os testes confirmaram a segurança para o banho.

Essa espécie de alga já apareceu em outros anos, geralmente nas estações mais quentes, quando a procura pelo lago aumenta. A mudança de cor ocorre pela produção de um pigmento natural em resposta à forte radiação solar.

A pigmentação avermelhada é acentuada por períodos prolongados de sol intenso, temperaturas elevadas e alta disponibilidade de nutrientes na água. Apesar do aspecto dramático, autoridades reforçam que o pigmento é natural e completamente inofensivo ao ser humano.

Não há registros de reações alérgicas associadas a esse fenômeno nas ocorrências anteriores. O Ministério da Água mantém monitoramento constante da qualidade da água e do ecossistema do lago, recurso estratégico para Israel, usado para abastecimento e turismo.

O episódio, no entanto, gerou interpretações simbólicas e religiosas. Muitos visitantes associaram a cena a passagens bíblicas, especialmente às pragas do Egito e à transformação das águas do rio Nilo em sangue, descritas no livro do Êxodo.

Nas redes sociais, imagens da água avermelhada foram amplamente compartilhadas, acompanhadas de comentários que sugeriam um “mau presságio” ou “sinal dos tempos”. Cientistas, porém, explicam que o fenômeno é inteiramente natural e já documentado em outros locais.

A própria narrativa da travessia do Mar Vermelho, em que Moisés teria aberto passagem para o povo hebreu, é revisitada por pesquisadores como exemplo de evento com possível base natural, aliado a um contexto religioso.

Estudos sugerem que ventos fortes, com velocidades de até 100 km/h vindos de um ângulo específico, poderiam criar temporariamente um corredor seco em águas rasas, recuando a água por alguns quilômetros.

Simulações computacionais indicam que, quando o vento diminui, as águas voltam rapidamente, produzindo um efeito semelhante a um tsunami, que poderia surpreender exércitos ou viajantes — cenário compatível com a descrição do afogamento dos egípcios.

O oceanógrafo Carl Drews, do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica dos Estados Unidos, defende que o evento teria sido uma combinação de fatores naturais e timing preciso, algo que na tradição religiosa seria interpretado como intervenção divina.

O ex-cientista-chefe da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA, Bruce Parker, acrescenta que o conhecimento das marés e ventos poderia ter sido usado estrategicamente pelo líder bíblico para conduzir o êxodo com segurança.

Mesmo diante de interpretações científicas, o simbolismo religioso mantém força. Para muitos, a cena no Mar da Galileia reforça a ligação entre fenômenos naturais e narrativas históricas, alimentando debates sobre a interação entre ciência, fé e cultura.

As autoridades israelenses reforçam que, embora visualmente impressionante, a mudança de cor no Mar da Galileia é passageira. O monitoramento ambiental seguirá para garantir que o lago continue seguro para todas as suas funções.

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