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O Rio Grande do Sul enfrenta um fim de semana com enchente em diversas cidades. Segundo o último balanço da Defesa Civil estadual, divulgado na tarde deste sábado (21), o número de municípios com registros de danos subiu para 121. Até o momento, 1.914 pessoas estão acolhidas em abrigos e outras 6.058 estão em casas de parentes ou amigos.

PREFEITURA DE CACHOEIRA DO SUL

A situação se agrava na Fronteira Oeste. O Rio Uruguai segue em elevação há seis dias e permanece acima da cota de inundação em Uruguaiana e Itaqui — com dois pontos de transbordamento — e São Borja. Em Alegrete e Manoel Viana, outros rios também apresentam níveis superiores à cota de cheia, agravando os impactos na região.

No Vale do Sinos, o Rio dos Sinos chegou a 5,07 metros em São Leopoldo no final da tarde deste sábado, superando a cota de inundação em 57 centímetros. No Vale do Caí, o Rio Caí atingiu 6,82 metros em Montenegro, ultrapassando a marca de transbordamento em 82 centímetros.

A Região Central do Estado é a mais afetada. Pelo menos 17 municípios já decretaram situação de emergência. Jaguari concentra o maior número de desalojados, com 700 pessoas fora de casa desde o início da semana. A expectativa da prefeitura é que todos possam retornar ainda no domingo, com o recuo do rio Jaguari e o avanço das ações de limpeza.

Além de Jaguari, a cidade de Mata decretou estado de calamidade pública. Cerca de 80 famílias estão desalojadas e os prejuízos ao comércio local são significativos. Em Santa Maria, 45 famílias seguem ilhadas na região do Balneário Passo do Verde.

Outros municípios que estão em situação de emergência incluem Agudo, Dilermando de Aguiar, Cacequi, Dona Francisca, Faxinal do Soturno, Formigueiro, Nova Palma, Restinga Sêca, São Martinho da Serra, São João do Polêsine, São Vicente do Sul, Ivorá, Tupanciretã, São Pedro do Sul, Unistalda e Rosário do Sul.

Cachoeira do Sul vive uma das maiores enchentes da sua história recente. O Rio Jacuí alcançou 26,51 metros na sexta-feira (20), a terceira maior marca já registrada na cidade, ficando atrás apenas das cheias históricas de 1941 e maio de 2024, quando o nível chegou a 29,55 metros. Na manhã deste sábado, o rio registrou leve recuo, com 26,32 metros, mas ainda se mantém mais de cinco metros acima da cota de inundação.

A cidade tem cerca de 600 pessoas fora de casa. Pelo menos 170 delas estão acolhidas em três abrigos montados pela prefeitura. As áreas mais afetadas incluem os bairros Cristo Rei, Vila Piquiri e Estrada da Ferreira, na zona rural. Duas das três principais vias de acesso ao município seguem bloqueadas: a ponte do Fandango, na BR 153, e a ERS 403, que liga Cachoeira a Rio Pardo. A única saída da cidade é pela RSC 287.

Na vizinha Rio Pardo, a cheia também trouxe prejuízos. A ERS 403 tem diversos pontos com bloqueios e o trânsito na ponte entre Rio Pardo e Pantano Grande opera em sistema de pare e siga.

Em Canoas, na Região Metropolitana, a situação é delicada na Praia de Paquetá. Centenas de famílias permanecem ilhadas. A localidade segue totalmente submersa, com ruas intransitáveis para veículos e pedestres. O acesso só é possível por balsas e motos aquáticas. Equipes da Defesa Civil distribuíram mantimentos e kits de higiene neste sábado. A maioria das 120 famílias optou por permanecer nas suas casas, resistindo à saída.

O secretário de Defesa Civil e Resiliência de Canoas, Vanderlei Marcos, destacou que o suporte humanitário foi antecipado para reduzir os impactos nas famílias que decidiram permanecer. Um plantão permanente foi montado na entrada da Praia de Paquetá para prestar orientação e auxílio aos moradores.

Além de Canoas, Eldorado do Sul também enfrenta sérios problemas. Mais de mil pessoas tiveram que sair de casa. As áreas mais atingidas são os bairros Cidade Verde, Chácara, Itaí e Picada. No bairro Picada, militares do 18º Batalhão de Infantaria Motorizado, de Sapucaia do Sul, seguem utilizando caminhões para percorrer as áreas alagadas e prestar socorro aos moradores.

O tenente-coronel Ivan Werberich, comandante do batalhão, destacou que as operações estão mais organizadas do que nas enchentes de 2024 e que a Defesa Civil também mostra maior capacidade de resposta. Desde o dia 18, abrigos preventivos foram montados pela Secretaria de Desenvolvimento Social, oferecendo acolhimento com equipe multidisciplinar, incluindo assistentes sociais, psicóloga, enfermeira e técnica de enfermagem.

O Estado também contabiliza 29 bloqueios em rodovias estaduais e federais. A maioria é causada por colapsos de pontes, interdições de estruturas e desmoronamentos de pista, o que dificulta o deslocamento de equipes de socorro e de moradores.

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