A MetSul Meteorologia adverte que uma linha de instabilidade gerada pelo ciclone extratropical avançará nas próximas horas pelo Sul do Brasil com alto risco de tempestades severas que podem trazer vento muito forte a intenso e granizo de variado tamanho.
A linha de instabilidade começa a se organizar na tarde desta sexta-feira, formando um agrupamento de células de tempestades entre o Noroeste e o Norte do Rio Grande do Sul, devendo avançar entre a tarde e a noite por Santa Catarina e o Paraná.
Com isso, há elevado risco de tempo severo nesta segunda metade do dia no Noroeste e o Norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina (principalmente o Oeste e o Meio-Oeste), o Paraná e ainda áreas do Oeste e do Sul do estado de São Paulo entre a tarde e a noite desta sexta e o começo do sábado.
Uma linha de instabilidade nada mais é que faixa alongada de nuvens de tempestade que se forma na atmosfera em resposta a um forte contraste entre massas de ar — geralmente, ar quente e úmido à frente e ar mais frio e seco atrás, que pode se estender por centenas de quilômetros.
É justamente o que se espera na tarde e noite desta sexta-feira com uma massa de ar frio pelo Nordeste da Argentina, impulsionado pela baixa pressão, enquanto na dianteira da linha haverá o ingresso de ar quente no Sul do Brasil, especialmente entre o Norte gaúcho e o Paraná.
O deslocamento rápido e a organização linear tornam as linhas de instabilidade um dos sistemas convectivos de maior risco de tempo severo. O principal perigo associado a uma linha de instabilidade são os ventos horizontais violentos, conhecidos como straight-line winds em Inglês.
Esses ventos são resultado do ar frio e denso que desce das nuvens de tempestade — o chamado downdraft — e se espalha rapidamente ao atingir o solo, produzindo rajadas destrutivas em larga escala. Em eventos intensos, as rajadas podem superar 100 km/h, derrubando árvores, postes e estruturas frágeis, muitas vezes com danos semelhantes aos de um tornado.
Este é um risco elevado no deslocamento desta linha de instabilidade pelo Sul do país até São Paulo. Como os mapas a seguir do modelo WRF-ECMWF mostram, a linha deve ser intensa e com múltiplas células de tempestade, o que eleva o risco de vendavais com vento horizontal linear intenso.

METSUL
Conforme mostram os mapas do modelo, existe um elevado risco de um episódio de Sistema Convectivo Quasi-Linear (QLCS na sigla em Inglês). Os QLCS (Quasi-Linear Convective Systems), ou sistemas convectivos quase lineares, são extensas linhas de tempestades que costumam se formar sob grande instabilidade atmosférica e forte cisalhamento do vento, normalmente no Sul do Brasil em ciclogênese.
Além dos ventos lineares, as linhas de instabilidade ou QLCS também podem gerar microexplosões (downbursts), fenômenos localizados em que o ar desce de forma com violência, atingindo o solo com enorme força e se espalhando radialmente. As microexplosões são especialmente perigosas por seu caráter súbito e concentrado, podendo causar danos severos. Em alguns casos, o cisalhamento do vento em baixos níveis pode induzir rotação nas células embutidas dentro da linha, resultando na formação de tornados embebidos.
Destacamos que microexplosões e tornados são fenômenos muito localizados e de difícil previsão pontual pela natureza caótica atmosfera. Há casos em que atingem apenas um bairro ou uma rua somente. O que os meteorologistas, incluindo a nossa equipe da MetSul, pode fazer é indicar áreas de risco (determinar regiões mais amplas em que as condições são favoráveis) e alertar para a possibilidade dos fenômenos.
